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Bovespa abre em queda, pressionada por exterior

As preocupações quanto ao intuito na China de esfriar os preços de residências e a falta de progresso em relação aos cortes de gastos nos EUA embutem viés de baixa entre os mercados


	Bovespa: por volta das 10 horas, o Ibovespa caía 0,33%, aos 56.696,86 pontos, na mínima
 (BM&FBovespa/Divulgação)

Bovespa: por volta das 10 horas, o Ibovespa caía 0,33%, aos 56.696,86 pontos, na mínima (BM&FBovespa/Divulgação)

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Da Redação

Publicado em 4 de março de 2013 às 10h58.

São Paulo - O exterior não oferece uma trégua para a Bovespa. As preocupações quanto ao intuito na China de esfriar os preços de residências e a falta de qualquer progresso em relação aos cortes automáticos de gastos nos Estados Unidos embutem um viés de baixa entre os mercados financeiros globais.

Ao mesmo tempo, as atenções seguem voltadas para a situação política na Itália, que deve ser tema de discussão na reunião desta segunda-feira dos ministros de Finanças da zona do euro (Eurogrupo). Por volta das 10 horas, o Ibovespa caía 0,33%, aos 56.696,86 pontos, na mínima.

"Mudanças nas regras do setor imobiliário na China e queda do PMI de serviços do país mantêm os mercados pressionados nesse início de semana", diz, em comentário, o analista Rodolfo Oliveira, da Tendências Consultoria.

Ele se refere à decisão de Pequim de elevar a parcela de entrada e as tarifas dos empréstimos de hipoteca para compradores de um segundo imóvel em cidades onde os preços subiram muito rápido e também à queda do índice dos gerentes de compras do setor de serviços na China, para 54,5 em fevereiro de 56,2 em janeiro, interrompendo quatro meses de alta.

Em reação a essas notícias, o índice Xangai Composto registrou a maior queda desde agosto de 2011, de -3,65%. No exterior, as ações de mineradoras são afetadas pelos indícios de desaceleração da segunda maior economia do mundo, que é a maior consumidora de insumos naturais.

Com isso, os papéis da Vale podem sofrer pressão vendedora, mas a melhora na recomendação das ações da companhia pelo Espírito Santo Equity Research pode servir de contraponto.

Além disso, acrescenta Oliveira, o impasse fiscal nos EUA e a situação política ainda turbulenta na Itália devem continuar alimentando incertezas entre os negócios. "Assim, deve prevalecer certa volatilidade no mercado financeiro doméstico, que ainda deve seguir pressionado pelo ambiente de maior aversão ao risco no exterior", completa.


Próximo às 10h (Horário de Brasília), em Wall Street, o futuro do S&P 500 caía 0,15%, enquanto a Bolsa de Milão tinha perdas mais aceleradas ante os demais pares europeus, de -0,54%. A situação política na Itália deve ser discutida em Bruxelas pelo Eurogrupo, com o cenário no país podendo contaminar o processo de "cura" da crise das dívidas na região. A Bolsa de Frankfurt, por sua vez, cedia 0,34%.

Já nos EUA, o próximo grande passo do Congresso em relação ao orçamento começa a ser dado neste semana, com republicanos e democratas prometendo evitar um fechamento do governo no fim deste mês.

O calendário norte-americano de eventos econômicos também é intenso e tem como auge o relatório oficial do mercado de trabalho (payroll), na sexta-feira. Também será revelado o Livro Bege (quarta-feira, 06), entre outros indicadores de peso. Nesta segunda-feira, sai o índice de condições empresariais de Nova York em fevereiro, às 11h45.

No Brasil, a agenda econômica também está carregada, com dados sobre atividade e inflação, além da reunião de política monetária do Banco Central. Os números devem agitar, principalmente, o mercado futuro de juros, mas não devem ser capazes de alterar a visão dos investidores em relação ao cenário doméstico, de inflação em alta e crescimento em baixo, prolongando a já difícil fase da Bolsa.

Tanto é que, no mercado futuro, os investidores estrangeiros iniciaram o mês de março ampliando a aposta na queda do Ibovespa, que conta com 130.221 contratos em aberto. A posição vendida, atualizada até a última sexta-feira (01) representa, em valores, R$ 7,407 bilhões, considerando-se a pontuação de fechamento do contrato referente a abril, no mesmo dia. Já no mercado à vista, os não residentes injetaram R$ 6,170 bilhões em recursos externos com a compra de ações de empresas brasileiras.

De acordo com análise gráfica da Um Investimentos, o Ibovespa encontrou dificuldades para superar a forte resistência na região dos 57,6 mil pontos e voltou a recuar na última sexta-feira (01), após acumular três altas consecutivas. Agora, o índice à vista pode testar a região dos 56,2 mil ponto e ceder até o fundo, ao redor dos 55 mil pontos.

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