Mercados

Bolsa tem fuga recorde de investidor estrangeiro em maio

Nunca o dinheiro fugiu do Brasil com mais intensidade do que em maio

Bolsa: 8,43 bilhões de dólares deixaram o país (Germano Lüders/Exame)

Bolsa: 8,43 bilhões de dólares deixaram o país (Germano Lüders/Exame)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 6 de junho de 2018 às 11h09.

(Bloomberg) -- Nunca o dinheiro fugiu do Brasil com mais intensidade do que em maio. Foi a maior saída líquida de capitais desde 2004, quando a B3 começou a rastrear o indicador. Um total de R$ 8,43 bilhões deixou o país, com o aumento do risco, incluindo incertezas sobre o futuro político do Brasil, pesando sobre as expectativas.

A saída ocorreu após um mês de entradas líquidas e em meio a uma greve de caminhoneiros de 10 dias que paralisou o país e levou à saída do presidente pró-mercado da Petrobras, Pedro Parente. A turbulência se somou a uma aversão global aos mercados emergentes e à obscuridade da eleição presidencial em outubro.

"A greve criou ruídos de curto prazo", disse Manraj Sekhon, diretor de investimentos da Franklin Templeton Emerging Markets Equity em Cingapura, que administra um fundo de US$ 1,1 bilhão com mais da metade exposta ao Brasil. A Templeton está otimista sobre o futuro do país e, embora haja inevitável volatilidade ligada às eleições, a perspectiva de longo prazo é positiva, com o novo presidente provavelmente continuando a promover as reformas, disse ele.

"Parte dessa saída está relacionada ao aumento da aversão ao risco e, mais importante, provavelmente a saída de investidores das ações da Petrobras na semana passada", disse Thais Zara, economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados. As ações da Petrobras despencaram 15% após a saída de Parente.

"Foi uma notícia muito ruim", disse Bradford Jones, gerente de portfólio da Sagil Asset Management, sobre a renúncia do CEO. Jones supervisiona um fundo latino-americano de US$ 450 milhões, com aproximadamente 40% investidos em ações brasileiras. Ele disse que a Sagil planeja manter suas posições atuais até que haja mais certeza sobre o cenário político.

Uma economia forte nos EUA também não ajuda. "Há um aumento da incerteza nos mercados estrangeiros em relação ao aumento das taxas de juros nos EUA, o quão gradual isso será, atraindo capital de volta para os EUA", disse Sabrina Cassiano, analista de investimentos da Coinvalores.

A política causou danos, mas o posicionamento fraco do governo durante a greve também contribuiu, disse Cassiano.

O Bank of America Merrill Lynch é mais conservador, disse David Beker, economista-chefe e estrategista de ações do banco. O curto prazo parece difícil para a Bovespa, acrescentando que ele vê mais saídas de estrangeiros e locais. O BofAML reduziu a recomendação para Brasil de overweight para neutra em maio.

O fundo Edmund Rotschild também é neutro em Brasil, com apenas 6% de seu portfólio de mercados emergentes, de € 432,6 milhões, em ações brasileiras, segundo Patricia Urbano, gestora de portfólio na França. "O investimento no Brasil depende de uma reforma fiscal. E, se o cenário externo for ruim, depende ainda mais disso", disse ela.

Acompanhe tudo sobre:B3IbovespaInvestidoresMercado financeiroPedro ParentePetrobras

Mais de Mercados

Vice-presidente do Fed diz que ainda há 'um caminho pela frente' na questão da inflação

Bolsas da Europa fecham em alta, com perspectivas para postura de BCs e commodities

Como chegou ao fim o sonho de Selic em um dígito neste ano

Ibovespa fecha em queda após Focus revisar Selic para dois dígitos neste ano

Mais na Exame