Após superar R$4, dólar fecha em queda; Bolsa sobe liderada por Natura
O dólar fechou com queda de 0,76%, a 3,9561 reais na venda, enquanto o Ibovespa subiu 1,34% em meio a expectativas sobre fusão da Natura com a Avon
Reuters
Publicado em 25 de abril de 2019 às 17h16.
Última atualização em 13 de junho de 2019 às 11h52.
São Paulo — O dólar tinha firme queda ante o real no fim da manhã desta quinta-feira, chegando a ceder à casa de 3,95 reais após mais cedo superar a barreira psicológica dos 4 reais, na sequência da disparada da véspera.
O real tinha o melhor desempenho entre 33 pares do dólar nesta sessão. Na quarta-feira, a moeda brasileira havia ocupado a vice-liderança nas perdas, com o dólar fechando no maior patamar em quase sete meses.
Às 12:23, o dólar recuava 0,64 por cento, a 3,9607 reais na venda. Na B3, a referência do dólar futuro cedia 0,68 por cento, a 3,9670 reais.
Na máxima desta sessão, a moeda norte-americana foi aos 4,0071 reais. Mas em seguida entrou em trajetória descendente e, por volta de 12h, bateu a mínima do dia, a 3,9529 reais, queda de 0,84 por cento.
Segundo profissionais, o mercado acelerou as vendas de moeda após fala do diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra Fernandes. Em evento em São Paulo, Fernandes disse que a autoridade monetária não tem "preconceitos" em relação ao uso de qualquer instrumento cambial e deu destaque à possibilidade da oferta de linhas.
Os comentários do diretor ocorreram em meio à escalada do dólar para os 4 reais e deixaram no mercado a impressão de que o BC pode estar incomodado com esse nível diante do atual contexto.
"A fala do Bruno provocou 'stop' dos comprados", disse um gestor de um fundo na capital paulista. "Afinal, o dólar está em 4 reais e o diretor está falando que o BC não tem tabu em intervir."
Nesta semana, o BC anunciou de forma antecipada que começará em 2 de maio as rolagens de contratos de swap cambial com vencimento em julho. A autarquia ressalvou que os montantes a serem ofertados poderão ser revistos "sempre que necessário".
E o BC seguiu nesta quinta-feira com rolagens dos swaps vincendos no início de maio, com venda integral dos 5.350 contratos disponibilizados. Em 18 leilões neste mês, o BC já vendeu 4,815 bilhões de dólares nesses ativos. O lote a expirar em 2 de maio é de 5,343 bilhões de dólares.
Ibovespa
O Ibovespa fechou em alta nesta quinta-feira, com Natura disparando em meio a expectativas mais favoráveis sobre uma eventual fusão com a Avon, enquanto JBS renovou máximas recordes com perspectivas positivas sobre a demanda chinesa e autorização para exportar frango para a Índia.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,34 por cento, a 96.321,03 pontos, de acordo com dados preliminares. Mais cedo, recuou 0,88 por cento no pior momento.
O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira que a "previsão mínima" de economia com a reforma da Previdência é de 800 bilhões de reais em 10 anos, abaixo da proposta atualizada do Ministério da Economia, de 1,237 trilhão de reais, mas dentro de previsões no mercado.
Economistas do UBS têm como cenário base uma economia entre 600 bilhões e 800 bilhões de reais e estimam que o governo deverá trabalhar arduamente para alcançar algo nesse intervalo.
No final da manhã, a Câmara dos Deputados também instalou a comissão especial que analisará o mérito da PEC na Casa. O colegiado terá um prazo de 40 sessões, a partir de sua constituição, para proferir parecer.
A consultoria Arko Advice calcula que a conclusão da votação da matéria na Câmara deve acontecer até meados de agosto, conforme nota a clientes, o que confirmaria expectativas no mercado de um desfecho apenas no segundo semestre, e não no primeiro como se conjecturou anteriormente.
No exterior, Wall Street encerrou sem direção única, com os índices vulneráveis a resultados corporativos de grandes empresas de tecnologia e do setor industrial. Nasdaq e S&P 500 fecharam no azul, mas o Dow Jones encerrou em queda.
Destaques
- NATURA disparou 10 por cento, tendo no radar que a Avon NA Holdings, subsidiária da Avon Products, e a sócia Cerberus Investor fecharam acordo para vender a Avon North America para a LG Household & Health Care. Em março, a Natura disse que estava negociando potencial transação envolvendo a Avon. Para analistas do Itaú BBA, a transação elimina alguns pontos de preocupação do mercado em relação a uma potencial fusão entre a Avon e a Natura.
- JBS avançou 6 por cento, a 20,16 reais, ainda incentivada por perspectivas positivas para o setor de proteínas no Brasil em decorrência do surto de peste suína africana na China, mas também anúncio da companhia de que a unidade Seara Alimentos recebeu autorização do governo da Índia para exportar produtos de frango a partir do Brasil. No setor, MARFRIG subiu 5,2 por cento.
- PETROBRAS PN valorizou-se 0,7 por cento, com alta dos preços do petróleo Brent no exterior e noticiário incluindo provisão de 1,3 bilhão de reais por litígios envolvendo a Sete Brasil e novo programa de desligamento voluntário.
- LOJAS RENNER fechou com elevação de 5,8 por cento, também entre os destaques positivos, antes da divulgação do desempenho no primeiro trimestre ainda nesta quinta-feira, após o fechamento do pregão. Analistas do BTG Pactual esperam resultados resilientes, com expansão de 11 por cento nas vendas mesmas lojas em relação ao mesmo período do ano anterior, embora estimem queda na margem bruta consolidada no trimestre.
- BRADESCO PN encerrou com acréscimo de 1,2 por cento, revertendo perdas registradas em boa parte da sessão, que chegaram a 2,8 por cento no pior momento, após divulgação do resultado do primeiro trimestre. O banco teve no período crescimento de 22 por cento no lucro líquido recorrente na comparação anual e agradou analistas, mas ficou em linha com as estimativas.
- VALE cedeu 0,06 por cento, em movimento alinhado ao de outras mineradoras no exterior. A Anglo American disse que a produção de minério de ferro no sistema Minas-Rio saltou 61 por cento no primeiro trimestre de 2019 ante o mesmo período de 2018, para 4,9 milhões de toneladas.
- CSN recuou 1,6 por cento, maior queda do Ibovespa e ampliando as perdas acumuladas em abril, após fechar o primeiro trimestre com valorização de 83,8 por cento.