Bolsa avança liderada por estatais após desempenho forte de Bolsonaro
Bolsonaro recebeu 46% dos votos válidos enquanto o petista Fernando Haddad, que vai disputar com ele o segundo turno, ficou com 29% o do total
Karla Mamona
Publicado em 8 de outubro de 2018 às 14h03.
Última atualização em 8 de outubro de 2018 às 14h45.
São Paulo - O Ibovespa disparava mais de 4 por cento nesta segunda-feira, liderado pelo salto em papéis de empresas de controle estatal, após o candidato Jair Bolsonaro, do PSL, conquistar votação expressiva no primeiro turno da eleição presidencial, embora não o suficiente para evitar um segundo turno, com seus aliados também apresentando desempenho forte no Congresso e nos Estados.
Às 14h, o Ibovespa subia 3,59% por cento, a 85.867,46 pontos, tendo subido 6,09 por cento na máxima até o momento, a 87.333,09 pontos, maior patamar intradia desde março. O volume financeiro somava 10,24 bilhões de reais.
Com 99,99 por cento das seções eleitorais apuradas, Bolsonaro recebeu 46,03 por cento dos votos válidos enquanto o petista Fernando Haddad, que vai disputar com ele o segundo turno, ficou com 29,28 por cento do total.
O PSL elegeu no domingo 52 parlamentares, segundo site da Câmara dos Deputados, em um forte avanço em relação ao pleito passado quando havia eleito apenas um deputado federal.
"Mesmo que ele não tenha conseguido vencer no primeiro turno, Jair Bolsonaro e seus aliados tiveram uma exibição muito forte no primeiro turno das eleições... Vários candidatos apoiados por Bolsonaro tanto nas eleições estaduais como no Congresso registraram votações muito fortes", destacaram estrategistas do BTG Pactual, em relatório a clientes.
Carlos Sequeira e Bernardo Teixeira calculam que o Ibovespa pode chegar a cerca de 90 mil pontos e não consideram surpresa superar os 100 mil pontos caso Bolsonaro saia vitorioso no segundo turno, em 28 de novembro.
A preferência no mercado financeiro por Bolsonaro é apoiada no seu coordenador econômico, o economista liberal Paulo Guedes, oriundo do mercado, a quem repassa praticamente qualquer questionamento referente a temas econômicos, mas também em um sentimento anti-PT, após deterioração de indicadores econômicos principalmente no governo de Dilma Rousseff.
Na visão do gestor Igor Lima, da Galt Capital, a bolsa é o ativo com maior potencial de valorização nesse cenário após o primeiro turno da eleição. "O Ibovespa está negociando abaixo dos múltiplos históricos, as empresas estão em trajetória ascendente de lucros e a alocação em bolsa brasileira por parte dos estrangeiros está bem baixa", afirmou.
Os estrategistas do Banco Santander Brasil Daniel Gewehr e João Noronha elevaram a recomendação das ações brasileiras para 'overweight' em seu portfólio para América Latina, com preço-alvo do Ibovespa para o final de 2019 em 105 mil pontos, citando que o balanço de riscos brasileiro melhorou internamente, conforme relatório a clientes nesta segunda-feira.
DESTAQUES
- CEMIG PN subia 17,2 por cento, liderando as altas, após o candidato do Partido Novo, Romeu Zema, de perfil liberal e favorável à privatização da estatal elétrica, embarcar para o segundo turno da eleição ao governo de Minas Gerais, com votação expressiva no último domingo. Copasa, que não está no Ibovespa, avançava 16,6 por cento.
- ELETROBRAS PNB e ELETROBRAS ON avançavam 12,2 e 11,1 por cento, respectivamente, também impulsionadas pelo resultado do primeiro turno eleitoral.
- PETROBRAS PN e PETROBRAS ON subiam 9,4 e 8 por cento, acompanhando o movimento positivo das ações de empresas de controle estatal, dada a visão de que o primeiro turno sugere Bolsonaro mais forte na disputa no final do mês. Analistas do Santander elevaram a recomendação dos American Depositary Receipts (ADRs) da companhia para "compra", com preço-alvo de 20 dólares.
- BANCO DO BRASIL disparava 8,4 por cento, capitaneando os ganhos dos bancos doIbovespa, também impulsionado por expectativas relacionadas ao resultado do primeiro turno. BRADESCO PN tinha alta de 6,7 por cento, ITAÚ UNIBANCO PN ganhava 6,7 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT subia 7,2 por cento.
- SUZANO caía 4,3 por cento, entre as poucas quedas do Ibovespa na sessão, com o setor de papel e celulose como um todo no vermelho, dado o forte declínio do dólar ante o real.
- VALE cedia 1,2 por cento, em sessão de fraqueza de mineradoras no exterior, além de movimentos de ajuste, uma vez que o papel era considerado um 'hedge' para a volatilidade ligada ao cenário eleitoral no Brasil. BRADESPAR PN, holding que concentra seus investimentos na Vale, mostrava declínio de 2,1 por cento.
- FORJAS TAURUS tinha ganho de 3,6 por cento. Os papéis da fabricante de armamentos têm se destacado nos últimos dias, conforme se confirmaram pesquisas mostrando liderança de Bolsonaro na disputa presidencial. Na semana passada, o conselho de administração da empresa aprovou emissão de bônus de subscrição que pode movimentar até 400 milhões de reais.