BofA corta preço-alvo da Ambev por potencial perda de lucro por reforma tributária

Mais margem, mas também mais riscos para o lucro líquido por causa de potencial reforma tributária. Diante disso,a equipe do Bank of America (BofA) manteve a recomendação neutra para ação da Ambev (ABEV3) e cortou o preço-alvo de R$ 16,5 para R$ 16.

Segundo a equipe do banco, o contexto operacional está melhor para a companhia. Depois de altas muito forte nos custos, a divisão de Cerveja Brasil e a dos países do Caribe e América Central terão margens melhores.O BofA calcula que a taxa de crescimento composto anualizado seja de 16% de 2022 a 2024.

"Os custos da cerveja no Brasil devem subir de um dígito de médio a alto em 2023 e cair 3% em 2024, após quatro anos de inflação de dois dígitos, dado o real mais fraco e a alta dos preços das commodities. Enquanto isso, as iniciativas de receita da empresa [ mix premium, direto ao consumidor, BEES ] devem permitir que a empresa continue a aumentar o preço/mix", escreve o banco, citando também a recuperação judicial do Grupo Petrópolis como uma oportunidade. "Assim, ajustamos a projeção de Ebitda para 2023 para R$ 25,6 bilhões e o elevamos em 5% em 2024 para R$ 30,7 bilhões."

Políticas fiscais podem prejudicar significativamente o lucro da Ambev

Por outro lado, os riscos para o lucro líquido voltaram a ser destaque, principalmente associados a benefícios fiscais, observam os analistas. Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o novo arcabouço fiscal, que, segundo economistas do banco, provavelmente requer um aumento na arrecadação de impostos.

O banco acredita que medidas específicas podem incluir:

• o fim dos juros sobre o capital próprio;
• redução do impacto dos subsídios no pagamento do imposto de renda.

"Se aprovadas, as duas medidas podem ser impactantes para a Ambev. Entre 2019 e 2022, a taxa efetiva de imposto foi de 4,6%, com isenções fiscais a reduzirem a taxa efetiva de imposto em 25 pontos percentuais, em média."Excluindo o imposto sobre operação financeira e o ICMS, o valor do fluxo de caixa descontado cairia 7% e o lucro recuaria 28% em 2023.