BM&FBovespa quer 90 milhões de investidores americanos em São Paulo
Bolsa irá fornecer as ações de todas as empresas brasileiras listadas, em dólar, para o público estrangeiro
Da Redação
Publicado em 12 de maio de 2010 às 11h58.
São Paulo - A BM&FBovespa (BVMF3) está prestes a dar mais um grande salto em sua ousada estratégia de internacionalização do mercado de capitais nacional. A bolsa planeja lançar, em breve, uma tela de negociação que irá permitir o acesso de 90 milhões de investidores americanos às ações de todas as companhias brasileiras listadas.
"O estrangeiro irá acompanhar as ofertas das ações brasileiras na moeda dele", explica Cícero Vieira, diretor executivo de operações e TI da bolsa. "Hoje temos 500 mil investidores no Brasil. Nos EUA, eles são 90 milhões", anunciou Vieira durante teleconferência sobre os resultados da bolsa no primeiro trimestre realizada nesta quarta-feira (12).
Atualmente, o acesso se dá por meio dos certificados das ações negociados em Nova York, as ADRs (American Depositary Receipts). Hoje são 28 empresas brasileiras negociadas na NYSE (New York Stock Exchange). Outro caminho, mais destinado aos investidores qualificados, é o mercado de balcão, o chamado OTC (sigla para Over-the-Counter). A saída final é abrir uma conta em uma corretora brasileira e transferir os recursos para cá.
Com a nova solução, a bolsa facilita o processo para o investidor pessoa física americano. "Não dá para imaginar que esse investidor vai usar o telefone para fechar uma operação cambial com um banco. Assim, o nosso principal objetivo é simplificar essa questão. Conseguiremos ter todas as nossas ações com um preço em dólares", diz Vieira.
A notícia é um duro golpe nas estratégias de Wall Street para atrair as negociações das brasileiras para Nova York. Recentemente, a empresa PinkOTC lançou uma plataforma chamada OTCQX, que tenta transformar o balcão em um ambiente mais parecido com o de uma bolsa de valores. Desde que foi lançada, em 2007, a plataforma já atraiu 5 companhias brasileiras. O objetivo para 2010 é chegar a 25 empresas.
"É um produto que é uma alternativa ao ADR para o estrangeiro. Além disso, eles poderão negociar as empresas sem ADR", ressalta o executivo. Vieira explica que a ferramenta está sendo desenvolvida em conjunto com uma empresa de tecnologia externa. A expectativa é lançar a tela no segundo semestre de 2010.