Bitcoin sobe 63% ante recuo de 9% do Ibovespa no ano. Há fôlego para mais?
O cenário não é claro, especialmente com a escalada das tensões entre as duas maiores economias do mundo nos últimos dias
Natália Flach
Publicado em 23 de julho de 2020 às 12h26.
Última atualização em 23 de julho de 2020 às 12h29.
Os investidores que não venderam seus bitcoins – nem mesmo quando eles caíram mais de 30% em um único dia, em 12 de março – devem estar satisfeitos com o rendimento de suas carteiras. Afinal, a criptomoeda acumula alta, em reais, de 63% no ano, ante uma queda de 9,8% do Ibovespa no mesmo período. Mas será que tem fôlego para subir mais?
O cenário não é claro, especialmente com a escalada das tensões entre as duas maiores economias do mundo. Na quarta-feira, 22, os americanos ordenaram o fechamento do consulado chinês em Houston, e agora o mundo aguarda uma possível retaliação da China. Com isso, o bitcoin é negociado em leve queda, de 0,04%, nesta quinta-feira, 23.
"Estamos observando um fenômeno novo: a baixa volatilidade do bitcoin", afirma Fabrício Tota, diretor do Mercado Bitcoin. Parte da explicação para o sobe-e-desce mais comedido nos últimos meses tem a ver com o novo perfil de investidores. Saem de cena os mais ávidos por valorização para dar lugar a investidores que veem o ativo como uma reserva global e descentralizada, explica Tota.
Mesmo assim, trata-se de um investimento para investidores com apetite a risco e estômago para altos e baixos. A recomendação, portanto, é que represente cerca de 5% da carteira dos mais arrojados. "Grandes fundos de hedge começam a olhar para a criptomoeda, como o Renaissance [que tem 166 bilhões de dólares sob gestão], o que pode trazer novos investidores para o mercado."
Pesquisa realizada pela fintech especializada no mercado de ativos digitais Bluebenx revela que os homens são a maioria (87,7%) entre os detentores de bitcoin.Já no que se refere à faixa etária, o entusiasmo é maior entre jovens de 25 a 34 anos (46,3%), seguido por pessoas de 35 a 44 anos (26,8%). Os grupos de 18 a 24 anos e de 45 a 54 tiveram igual interesse, de 10,3%.
[infogram url="https://infogram.com/bitcoin-1hdw2jokn87o6l0?live" id="9c0d135f-0b23-4db1-bc62-65e00697d0b2" prefix="L2O" format="interactive" title="Bitcoin" /]
No topo da lista de países que mais utilizaram o bitcoin no último ano, estão os Estados Unidos com o volume total de 1,44 bilhão de dólares, seguidos pela Rússia com 1,05 bilhão de dólares. O Brasil ocupa a 22ª colocação com 30 milhões de dólares movimentados de janeiro a dezembro de 2019. "Acredito que o mercado brasileiro crescerá nos próximos dois anos em volumede transações", afirma Roberto Cardassi, presidente daBluebenx.
É bom lembrar, porém, que há riscos especialmente se tratando de criptomoedas. "O maior deles é a regulamentação dos bancos centrais", acrescenta Tota.