Banco suíço prevê maior volatilidade por eleição presidencial e desmonta aposta no Brasil
Lombard Odier afirmou que voltará a avaliar oportunidades no mercado brasileiro após período de maior efervescência politica
Guilherme Guilherme
Publicado em 25 de agosto de 2022 às 13h56.
Última atualização em 25 de agosto de 2022 às 14h00.
Um dos maiores bancos de investimentos da Suíça, o Lombard Odier, tem desmontado suas posições no mercado brasileiro, antevendo maior volatilidade com a chegada das eleições. O banco encerrou o último ano com CHF358 bilhões sob gestão, cerca de R$ 1,9 trilhão pela cotação atual.
O desmonte de posição ocorreu por meio da venda da dívida brasileira em reais, em que o Lombard Odier. A posição, que o banco vinha carregando desde o fim de fevereiro, tinha como base o nível mais avançado do ciclo de alta de juros do Banco Central, o patamar "desvalorizado" do real naquele momento e o aumento de preços de commodities.
"No entanto, dada a volatilidade esperada para os ativos brasileiros com a chegada das eleições, acreditamos ser taticamente prudente realizar os lucros da operação", afirmou Stéphane Monier, CIO do Lombard Oder Private Banking em carta a clientes.
Independentemente de quem vencer as eleições, o Lombard Odier acredita que a maior volatilidade do mercado brasileiro deve persistir até o fim do ano, já que detalhes do orçamento de 2023 serão definidos nos últimos meses de 2022.
"Isso sugere que as medidas de alívio fiscal já em vigor podem ser estendidas especialmente se Lula ganhar a presidência e contar com os aliados no novo Congresso. Embora Lula continue sendo o líder, a corrida eleitoral pode se estreitar à medida que em que são entregues as transferências de dinheiro recentemente aprovadas."
Entre as medidas aprovadas às vésperas das eleições estiveram o aumento do Auxílio Brasil e programas para entrega de dinheiro para classes específicas, como motoristas de taxis e caminhões.
Segundo o relatório de Monier, o banco voltará a avaliar novas oportunidades no mercado brasileiro após o período de maior agitação política. Para o banco, o real segue desvalorizado, tendo como projeção o dólar a R$ 4,80 nos próximos meses. "Umaeventual melhora nas perspectivas para a dívida do governo brasileiro, impulsionada pelo aumento dos preços das commodities, deve dar suporte à moeda do país", afirmou.
O banco tem dado preferência por investir no Brasil por meio de dívida, dada o diferencial de juros com a economia americana. A expectativa do Lombard Odier é de que a Selic comece a ceder a partir do segundo trimestre de 2023, mas vê baixo risco de uma fuga de capital do país, dado que "maior parte da dívida está nas mãos de investidores locais e que a balança corrente está sob controle".
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