Balanço do Santander supera as estimativas do mercado, mas as units reagem negativamente no pregão desta terça-feira. (Edgard Garrido/Reuters)
Paula Barra
Publicado em 27 de outubro de 2020 às 13h05.
Última atualização em 27 de outubro de 2020 às 18h18.
As units do Santander (SANB11) chegaram a subir 3,86% na abertura do pregão desta terça-feira, 27, após balanço do terceiro trimestre vir acima do esperado, mesmo diante da alta expectativa do mercado. No entanto, a euforia durou pouco e, com cerca de seis minutos de negociação na Bolsa, os papéis já viraram para o negativo e fecharam em baixa de 4,73%, em 33,27 reais, no pior pregão desde 10 de junho e figurando como a segunda maior queda do Ibovespa hoje. Na mínima do dia, caíram 5,49%, indo para 33,00 reais. Ibovespa a 100 mil pontos: saiba o que se pode esperar da bolsa e das principais ações com a EXAME Research
Por trás do movimento, os analistas da Exame Research comentam que, apesar do resultado melhor do que o esperado, a dinâmica de margem financeira do banco deixou a desejar no período e “é preciso entender melhor essa tendência”, disseram.
Eles ressaltaram ainda que, embora o banco tenha registrado queda de provisões para devedores duvidosos (PDD) no trimestre, a dinâmica da inadimplência de curto prazo começou a subir e leva a crer que a instituição poderá ter novos aumentos de PDD mais à frente – lembrando também que o Santander foi o que menos colocou provisões entre os grandes bancos.
A margem financeira, que inclui as receitas com concessão de crédito menos as despesas de captação com clientes, foi de 12,4 bilhões de reais no período, o que representa uma alta de 3,4% em relação ao mesmo trimestre de 2019, mas queda de 8,7% frente ao segundo trimestre. Já o índice de inadimplência acima de 90 dias fechou em 2,1%, o que representa um recuo de 0,3 ponto percentual no trimestre e de 0,9 p.p. na base anual, no entanto, o de curto prazo, que considera entre 15 a 90 dias, começou a subir em 0,4 p.p. na comparação com o trimestre passado. “Uma alta que ocorre à medida que o banco reduz o ritmo de renegociação de dívidas”, explicam os analistas da Exame Research.
Em relatório, o analista Victor Schabbel do Bradesco BBI destacou que o Santander foi o primeiro banco a registrar resultado de volta aos níveis pré-pandemia, muito superior às suas expectativas. Vale lembrar que o Bradesco BBI já tinha expectativas altas para o balanço, tendo apotando que a instituição deveria mostrar o melhor resultado entre os grandes bancos.
“Os dados fortes divulgados pelo Santander Brasil são a materialização da nossa visão de melhoria da dinâmica de lucros já no terceiro trimestre”, escreveu Schabbel. Para ele, além do resultado dever ser “claramente positivo” para a tese de investimento na ação, também deve ser uma leitura positiva para o setor como um todo, “uma vez que deve apontar para onde os ganhos de curto prazo de outros bancos devem estar direcionados”, disse.
Os analistas Pedro Galdi e Fernando Bresciani, da Mirae Asset, também comentaram, em relatório, que, por ser a primeira instituição a divulgar o balanço e com números sólidos, eles aguardam que seja criada uma expectativa positiva para os demais resultados do setor que serão publicados ao longo do mês.
Amanhã, o Bradesco (BBDC4) divulga resultado do terceiro trimestre, após o fechamento do mercado. Itaú (ITUB4) fica para o dia 3 de novembro, também após o fechamento, e Banco do Brasil (BBAS3), no dia 5 de novembro, antes da abertura.
Em teleconferência com investidores sobre o resultado, o vice-presidente financeiro do banco, Angel Santodomingo, disse que considera improvável que o Santander tenha de fazer novas rodadas de provisões extraordinárias para lidar com os efeitos da pandemia de coronavírus.
O executivo disse ainda que a carteira de crédito renegociada da instituição está caindo, atualmente em 46,7 bilhões de reais, e que a inadimplência de curto prazo, nessa carteira, é de cerca de 5,1%, perto da normalidade, enquanto a inadimplência acima de 90 dias é menor que 1%.
Segundo ele, a margem financeira do banco deve manter em território positivo, citando que a combinação de aumento no volume de crédito e uma composição favorável da carteira contribui para isso.
O Santander Brasil teve lucro líquido gerencial de 3,9 bilhões de reais no terceiro trimestre, crescimento de 5,3% na base anual, 82,7% na comparação com o segundo trimestre e 47% acima do consenso do mercado compilado pela Refinitiv. Já o lucro societário foi de 3,81 bilhões de reais no terceiro trimestre, alta de 5,6% na base anual e, 88,2% contra o trimestre anterior.
As ações dos demais bancos, que vinham em forte alta na Bolsa nos últimos dias, também recuam com o movimento negativo das units do Santander. Os papéis de Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Banco do Brasil (BBAS3) caíam 2,11%, 1,88% e 1,28%, respectivamente.
Apesar do movimento, vale lembrar que essa é a primeira queda dos ativos do Santander depois de seis altas consecutivas. Nesses últimos sete pregões, ainda acumulam ganhos de 10,43%, enquanto o Ibovespa subiu 2,19% no mesmo período. Itaú, Bradesco e Banco do Brasil acumulam altas de 8,53%, 10,44% e 9,23%, respectivamente, nesse intervalo.
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