Azimut avalia que juro alto do Fed dificulta Selic abaixo de 10%
Juros reais estão em alta no exterior e isso contraria a aposta do investidor em um final do aperto monetário
Agência de notícias
Publicado em 27 de setembro de 2023 às 19h31.
Última atualização em 27 de setembro de 2023 às 19h39.
O Brasil vai ter dificuldade para reduzir os juros para um dígito diante da sinalização do Federal Reserve ( Fed, o banco central americano) e outros bancos centrais de que suas taxas ficarão altas por mais tempo, diz Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management.
Os juros reais estão em alta no exterior e isso contraria a aposta do investidor em um final do aperto monetário, diz o economista da Azimut, gestora que pertence aogrupoitaliano de mesmo nome e tem R$ 11 bilhões em ativos sob gestão no Brasil. “Os fundos multimercado estavam apostando no fechamento da curva lá fora.”
O cenário básico da Azimut é de que a Selic continue com cortes de 0,50 ponto percentual a cada reunião e atinja 9,5% em meados de 2024. No entanto, a probabilidade de a taxa continuar no patamar de 10% cresceu com a postura mais agressiva do Fed, que reduz o diferencial entre as taxas brasileira e americana. “Esse risco aumentou”, afirma.
Sinalização do Copom
Para Olivares, a cautela demonstrada pelo Banco Central na ata do Copom divulgada nesta terça-feira reforça o cenário de não aceleração do ritmo de cortes. Segundo o economista, o documento reforçou que o BC “acompanha com preocupação os desenvolvimentos do cenário externo e, no cenário doméstico, identifica uma atividade econômica mais resiliente”.
Apesar da alta recente dos rendimentos dos títulos americanos, ele mantém a projeção de um dólar a R$ 5,00 no final do ano, patamar próximo do atual nível do câmbio , contando para isso com a continuidade da postura de cautela pelo BC brasileiro—sem a qual poderia ocorrer uma maior depreciação do real e consequente piora das expectativas inflacionárias.
Nocomunicado do Copomna semana passada, o BC mencionou a elevação das taxas de juro de longo prazo dos EUA e a perspectiva de menor crescimento na China. Ambos os fatores exigem “maior atenção por parte de países emergentes”, segundo o BC.
Emergentes como o Brasil e o Chile fizeram um “bom trabalho” no combate à inflação, mas não ficarão alheios a uma eventual piora de cenário externo, segundo Olivares. “Eles continuam sendo países emergentes e não podem fazer política independente do que ocorre lá fora”, disse.