Assaí (ASAI3) acelera expansão e vendas batem recorde no 4º tri, somando R$ 16 bilhões
Alto investimento, no entanto, pressionou o resultado financeiro e reduziu margem
Repórter Exame IN
Publicado em 15 de fevereiro de 2023 às 19h20.
Última atualização em 15 de fevereiro de 2023 às 19h28.
Em 2022, o Assaí (ASAI3) colocou o pé no acelerador nos projetos de expansão. Superou os planos de abrir 52 lojas e inaugurou 60. Dessas, 47 são conversão dos hipermercados Extra, comprados do GPA. A decisão teve efeito sobre os números da companhia:a receita líquida bateu recorde no quarto trimestre, avançando 38% ante o mesmo período de 2021 e somando R$ 16 bilhões. Mas o alto investimento também pressionou o resultado financeiro, que ficou negativo em R$ 445 milhões, uma piora de 55% e correspondente a 2,8% da receita líquida.
No ano, a receita da companhia somou R$ 54,5 bilhões, um aumento de 31%, com as vendas em mesmas lojas aumentando 10% e a expansão vindo com forte contribuição. A participação do resultado financeiro na receita líquida ficou também em 2,8%, negativo em R$ 1,5 bilhão.
Segundo a diretora financeira, as conversões foram "muito bem sucedidas", seja do ponto de vista do faturamento no nível esperado e em termos de margem superando as projeções. Nas novas lojas, a proposta da companhia é multiplicar o faturamento por 3x, apostando nos pontos comerciais mais centrais e em mais serviços dentro das lojas. Em três meses, as lojas convertidas conseguiram multiplicar por até 2,5 vezes o faturamento, já se aproximando da meta da companhia para o fim do período de maturação dos pontos, o que leva ao menos 1 ano.
No trimestre, o lucro líquido do Assaí, avançou 7,3%, para R$ 406 milhões, considerados apenas os efeitos de créditos tributários comparáveis com o mesmo período de 2021. Sem ajustes, o lucro líquido caiu 23%. No ano, o lucro líquido totalizou R$ 1,2 bilhão em estabilidade com 2021 considerando os créditos tributários e em queda de 24%, sem ajustes.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) trimestral atingiu o patamar recorde de R$ 1,2 bilhão e margem de 7,3%. No ano, o Ebitda ajustado chegou a R$ 3,9 bilhões e margem de 7,2%.Analistas viam uma pressão de 0,50 ponto percentual na margem do ano, que fechou a 7,5% em 2021.As despesas, conta Sabbag, foram maiores em função do projeto de conversão de lojas. "Tirando isso, o patamar de despesas é muito parecido contra o ano anterior. A pressão do Ebitda é muito menor se tiradas as despesas pré-operacionais", argumenta.
Plano de investimentos continua
Apesar do cenário macroeconômico desfavorável com juros em patamares altos e sem queda no horizonte de curto prazo, a companhia não deve reduzir seus planos de investimentos. Em 2022, com as conversões e a abertura orgânica de novas lojas,os investimentos atingiram R$ 4,5 bilhões, montante duas vezes superior a 2021.
Nesse cenário, a alavancagem da empresa passou de 1,9x para 2,19x, dentro da expectativa da companhia. Diante disso, no quarto trimestre, a companhia realizou uma emissão de R$ 400 milhões em notas comerciais escriturais que tem como objetivo o refinanciamento da parcela da dívida a vencer em 2023, totalizando uma dívida bruta no montante de R$ 12,4 bilhões.O custo de captação dessa emissão, cujo spread em relação ao CDI é menor do que 1%, tambémé inferior ao custo médio da dívida da companhia,queatualmente é deCDI+1,45%, com prazo médiode3,5 anos.
"Não mudamos o plano de investimento face ao cenário macroeconômico, porque, felizmente, a companhia está com geração de caixa muito positiva", diz a diretora. A projeção é de abrir 40 lojas para 2023, metade são conversões, nova onda que começa no primeiro semestre. "Nos últimos 12 meses, geramos R$ 4,2 bilhões de caixa, geração operacional. Essa geração de caixa cresceu, em grande parte, por causa de um capital de giro melhor da companhia. Agora, as lojas já convertidas vão trazer mais caixa, pois têm rentabilidade mais elevada frente a outras da companhia."