Os casos mais polêmicos por uso de informação privilegiada
Entre suspeitos e culpados, o mercado está cheio de casos relacionados ao uso de informação privilegiada; relembre os mais emblemáticos
Karla Mamona
Publicado em 4 de junho de 2014 às 13h11.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h10.
São Paulo - Carl Icahn , um dos mais famosos investidores ativistas do mundo, esteve envolvido numa nova polêmica nesta semana. O bilionário está sendo investigado pelo FBI e o pelo órgão regulador de mercado dos Estados Unidos (SEC) por possível atividade de insider trading. Apesar de ainda tratar-se apenas de uma suspeita, o caso de Icahn se soma as inúmeras polêmicas sobre o uso de informação privilegiada no mercado financeiro ao longo da história. Veja a seguir alguns dos mais emblemáticos.
Em 2008, o Warren Buffett comprou 5 bilhões de dólares em ações do Goldman Sachs. O mercado acompanhou o megainvestidor e as ações da companhia dispararam. Raj Rajaratnam, fundador da Galleon, sabendo antecipadamente que Buffett faria tal aquisição comprou papéis do banco logo antes da compra para vender logo em seguida. Raj Rajaratnam é considerado o responsável pela maior fraude por uso de informação privilegiada da história. Resultado? 11 anos de prisão.
Na década de 80, W. Paul Thayer, ex-vice-secretário do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, também teve problemas com a justiça. A SEC e o Departamento de Justiça, em investigações separadas, descobriram que Tahyer havia divulgado informações privadas para seus amigos quando era CEO da LTV Corporation. Ele não ganhou dinheiro diretamente com o trading, mas sua reputação melhorava entre o grupo de amigos. Cerca de dez amigos recebiam as informações. Ele foi preso e multado.
A estrela da televisão norte-americana, Martha Stewart, vendeu ações da empresa ImClone Systems, após receber informações privilegiadas de seu corretor.A situação de Martha foi agravada pelo fato de ela ser chairman e CEO da Martha Stewart Living Omnimedia, uma companhia aberta. Sua pena foi de reclusão de cinco anos e mais cinco em prisão domiciliar.
O esquema de insider trading de Eugene Plotkin, um associado da divisão de pesquisa de renda fixa do Goldman Sachs, e de Pajcin, ex-analista do banco começou em 2004. A estratégia era conseguir informações de operações de fusões e aquisições do Merrill Lynch com um analista de investimentos do banco. Eles também tinham acesso a revista Business Week antes que ela fosse às bancas. Com isso, eles conseguiram ganhar ao menos 6,7 milhões de dólares de maneira ilícita.
Um esquema de insider trading foi descoberto pela SEC nos anos 80. Ivan F. Boesky tinha informações que não eram públicas e que lhe foram passadas por Dennis Levine. Levine teria recebido as informações de banqueiros de investimento do Lazard Freres & Co e do Lehman Brothers. As informações diziam respeito a ofertas, fusões e outros negócios. Cogita-se que o caso de Boensky inspirou o personagem de Gordon Gekko no filme de Oliver Stone, “Wall Street: o Dinheiro Nunca Dorme.”
Com R$ 122 milhões bloqueados pela Justiça recentemente, o empresário Eike Batista nega o uso de informação privilegiada para obter ganhos no mercado financeiro. Desde 17 de abril, a Polícia Federal do Rio de Janeiro está investigando a possibilidade de Eike ter cometido os crimes de manipulação de mercado, lavagem de dinheiro e de uso de informações privilegiadas no Grupo EBX. O sequestro dos bens busca impedir que o empresário se desfaça de seu patrimônio antes que a Justiça determine o pagamento de credores e acionistas prejudicados.
Em 2010, a SEC investigou dois brasileiros após a aquisição do Burger King pelo 3G Capital. A informação da compra teria vazado e sido utilizada pelos dois investidores e também espalhada a algumas outras pessoas.
Em 2010, um casal tentou vender informações privilegiadas sobre os resultados do segundo trimestre da Disney a gestores de hedge funds nos Estados Unidos e na Europa. Quem comprou foram os agentes do FBI disfarçados. O casal pediu dinheiro e participação nas operações realizadas em troca das informações.No dia da publicação, os dados finais não foram enviados horas antes da divulgação oficial, como havia sido prometido, mas o criminoso deu a dica sobre o lucro por ação a um dos agentes do FBI e acertou no valor. Eles também tinham enviado um relatório com detalhes sobre as operações no período, e perspectivas futuras traçadas pela direção da Disney dois dias antes da publicação oficial. O casal foi preso.
Luiz Gonzaga Murat Filho e Romano Ancelmo Fontana Filho foram denunciados em 2009 pelo Ministério Público Federal após ficar constatado que lucraram com a negociação de ações da Perdigão na Bolsa de Nova York. Eles foram presos e multados. Trata-se de um dos primeiros casos de insider trading levado ao Judiciário brasileiro.
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) abriu um processo sobre a negociação ilegal de ações do Submarino antes da fusão com a Americanas.com, em 2006. No final de 2012, o fundo 3G Capital e o Petrix Overseas assinaram um termo de compromisso com a CVM para encerrar o processo. A Petrix Overseas se comprometeu a pagar à CVM valor equivalente ao dobro da suposta vantagem obtida nas operações realizadas com ações de emissão da Submarino, com juros. A 3G Capital Partners comprometeu-se a pagar à CVM um valor equivalente a 15% da suposta vantagem obtida pela Petrix nas operações objeto desse processo, também com juros. O valor total chegou a 13 milhões de reais.
No ano passado, o gestor Michael Steinberg, do hedge fund SAC Capital Advisors, foi acusado de operar com ações da Dell Inc e da Nvidia Corp usando informações não disponíveis ao público. Nove pessoas, incluindo Steinberg, foram indiciadas ou envolvidas nas acusações de irregularidades em operações na época em que trabalhavam na SAC.
Mais lidas
Mais de Mercados
Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscalEntenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbioNovo Nordisk cai 20% após resultado decepcionante em teste de medicamento contra obesidadeApós vender US$ 3 bilhões, segundo leilão do Banco Central é cancelado
Mais na Exame
Future of MoneyBitcoin: será que já chegamos ao topo?