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Após superar R$ 4,18, dólar desacelera com forte ação do BC

Moeda fechou em alta de 0,47%, a 4,1581 reais, mesmo após venda de dólares à vista no mercado

Câmbio: dólar chegou a 4,18 reais nesta terça-feira (./Thinkstock)
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Reuters

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 12h36.

Última atualização em 27 de agosto de 2019 às 17h16.

São Paulo — O dólar desacelerou a alta contra o real nesta terça-feira, após ter superado 4,18 reais pela primeira vez desde setembro de 2018. A moeda ganhou força mais cedo após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizer que a recente desvalorização da taxa de câmbio está dentro do padrão normal.

A moeda fechou em alta de 0,47%, a 4,1581 reais na venda. Na máxima do dia, alcançou 4,1956 reais na venda. Nas casas de câmbio, a moeda norte-americana (dólar turismo) chegou a ser vendida a 4,60 reais.

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No mês de agosto, o dólar acumula alta de 8,9%, a caminho da maior valorização mensal desde julho de 2015, quando disparou 10,16%.

"O real nos últimos dias tem tido desvalorização um pouquinho acima, mas está bem dentro do padrão normal", disse Campos Neto em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Para analistas, a fala sinalizou que o BC pode não atuar de forma adicional para conter a depreciação do real.

Logo após o dólar bater o pico do dia, o BC vendeu dólares no mercado de câmbio à vista, com taxa de corte de 4,125000 reais e lote mínimo de 1 milhão de dólares. Foi a primeira operação não associada a nenhuma outra em cerca de uma década.

O leilão foi anunciado enquanto a cotação disparava para perto do recorde histórico de fechamento do Plano Real, que foi de 4,1957 reais na venda, marcado em 13 de setembro de 2018.

Depois do anúncio, a moeda desacelerou os ganhos e chegou a cair para 4,1235 reais. Mas a volatilidade continuou e a moeda voltou a ganhar força

Ação do BC gerou questionamentos

Nos últimos dias, cresceu o coro de analistas questionando a postura conservadora do BC no câmbio, percepção que segundo operadores tem dando mais força ao dólar, cuja razão primeira tem sido a incerteza externa.

"O real está se aproximando de seu próprio ponto de quebra. Esperamos altas para acima das máximas recentes, o que abriria espaço para uma aceleração (da valorização) a partir de agora", disse à Reuters Mark Newton, analista técnico da Newton Advisors.

O dólar tem sido usado como hedge por agentes de mercado após o diferencial de juros entre o Brasil e o mundo cair a mínimas recordes. Com isso, o custo de se manter comprado na moeda diminuiu.

Mais cedo, o BC já havia vendido 550 milhões de dólares no mercado à vista, mas a operação estava associada a uma venda de mesmo montante em swaps cambiais reversos. O BC também tem ofertado nos últimos anos dólares das reservas, mas com compromisso de recompra, em operações conhecidas como linhas.

Um gestor destacou que a intervenção do Banco Central "piorou" outras moedas emergentes, como peso mexicano, peso argentino e rand sul-africano. "Isso mostra que está todo 'hedgeado' no real", disse, referindo-se a posição vendida na moeda brasileira (apostando na desvalorização).

Esse "hedge" aumentou conforme os diferenciais de juros entre o Brasil e o mundo caíram a mínimas recordes, o que barateou a utilização do real como instrumento de proteção a posições em outros ativos, como ações e renda fixa. (Por José de Castro; Edição de Camila Moreira)

 

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