dólar (Burak Karademir/Getty Images)
Reuters
Publicado em 14 de março de 2019 às 17h27.
Última atualização em 14 de março de 2019 às 17h35.
São Paulo - O dólar quebrou uma série de quatro baixas e subiu nesta quinta-feira, diante de dados mais fracos na China, incerteza comercial e ajustes técnicos, enquanto investidores aguardam novas notícias sobre o andamento da reforma da Previdência.
O dólar à vista subiu 0,91 por cento, a 3,8480 reais na venda. Na B3, o contrato referência para o dólar futuro tinha alta de 0,88 por cento, a 3,8520 reais.
O real acompanhou a tendência global. Divisas de emergentes como o peso mexicano e rand sul-africano também caíram, afetadas pelo ambiente menos amigável a ativos de risco, diante de sinais de que uma resolução para a guerra comercial entre Estados Unidos e China levará tempo.
"As notícias de que os dois países adiaram uma nova rodada de conversas estão pesando, porque indicam que uma resolução para o problema comercial, que afetou os mercados em todo o mundo no ano passado, não está tão próxima", disse Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil.
Mas o dólar subiu também puxado por uma recomposição de posições de investidores que nos últimos quatro pregões haviam se desfeito da moeda norte-americana. A ausência de novas notícias positivas no campo da reforma da Previdência abriu espaço para a retomada das compras.
Na quarta-feira, como esperado, a Câmara dos Deputados instalou a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), primeiro órgão colegiado que analisará o texto que muda as regras previdenciárias. O foco do mercado se volta para a proposta de novas regras para os militares, a ser encaminhada até dia 20 pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.
Nesse sentido, notícias de que o governo estuda elevar os bônus de militares como forma de reduzir o mal-estar com a categoria em relação ao ajuste nas regras previdenciárias também foram citadas como elemento a fortalecer o dólar nesta sessão.
"Todo o noticiário recente indica que o câmbio terá pela frente um período de maior volatilidade", disse Camila Abdelmalack, economista da CM Capital Markets. "Não vejo espaço para o dólar oscilar em patamar mais baixo."
Desde a mínima do ano -- de 3,6588 reais, atingida em 31 de janeiro --, o dólar acumula alta de 5,17 por cento.
Em nota, estrategistas do Citi dizem que o mercado brasileiro "precificou completamente" a ideia de uma reforma da Previdência. "E há riscos de que a reforma seja substancialmente desidratada, conforme muitos partidos e líderes partidários têm se queixado do formato das negociações", alertam.
O BC fez os leilões de rolagem de swap cambial tradicional e colocou, novamente, todo o lote de 14,5 mil contratos ofertados, ação que equivale à venda de dólar no mercado futuro. Em sete operações, o BC já rolou o equivalente a 5,075 bilhões de dólares que inicialmente expirariam no começo de abril.