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Após falência do First Republic, ações do banco saem da bolsa americana

JPMorgan comprou a maior parte dos ativos do banco após intervenção das autoridades dos EUA

First Republic Bank faliu depois de uma corrida aos depósitos no primeiro trimestre (Getty Images/Site Exame)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 2 de maio de 2023 às 14h02.

Última atualização em 2 de maio de 2023 às 19h41.

As ações do First Republic Bank (FRC) foram deslistadas da bolsa americana New York Stock Exchange (NYSE) após a falência decretada nesta segunda-feira, 2. Ontem o banco foi fechado pelos reguladores americanos, após o gigante do setor JPMorgan adquirir a maior parte dos ativos do banco.

Além das ações ordinárias, outros sete tipos de ações preferenciais vão ser deslistadas. A negociação dos papéis foi suspensa às 9h12 da manhã no horário local (8h12 no horário de Brasília).

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Os códigos das ações deslistadas são:

O que aconteceu com o First Republic?

O banco californiano First Republic Bank foi tomado pelas autoridades americanas, e a maior parte dos ativos do banco foi adquirida pelo JPMorgan, com o objetivo de pôr fim a uma crise bancária que começou em março.

O First Republic não conseguiu apresentar um plano de resgate viável e na semana passada revelou ter perdido mais de US$ 100 bilhões (cerca de R$ 500 bilhões na cotação atual) em depósitos no primeiro trimestre, fazendo suas ações despencarem.

As autoridades tentaram apresentar um plano de resgate. O governo federal interveio através da Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC) e do Tesouro dos Estados Unidos, que entrou em contato com seis bancos na semana passada para sondar seu interesse em comprar os ativos do First Republic, informou à AFP uma fonte, que pediu para ter sua identidade preservada.

A FDIC, entidade reguladora encarregada de garantir os depósitos bancários, informou, nesta segunda, ter aprovado a medida para resguardar as contas.

O JPMorgan interveio para comprar o banco depois que os reguladores assumiram o controle, dizendo em comunicado à imprensa que adquiriria US$ 92 bilhões em depósitos do First Republic Bank.

"Para proteger os depositantes, a FDIC vai entrar em um acordo de compra e tomada de posse com JPMorgan Chase Bank, National Association, Columbus, Ohio, para assumir todos os depósitos e de forma substancial, todos os ativos do First Republic Bank", informou a FDIC em nota.

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Por que o First Republic faliu?

A principal base de clientes do First Republic era formada por clientes muito ricos que raramente deixavam de pagar empréstimos. Mas isso também significava que muitos detinham muito mais do que o limite de depósito de US$ 250 mil segurado pelo FDIC.

No final de 2022, dois terços dos depósitos do First Republic não tinham seguro. Quando o SVB e o Signature Bank faliram, esses clientes ricos fugiram em massa com medo de perder seu dinheiro.

Os depósitos caíram 41%, para US$ 104,5 bilhões, nos primeiros três meses deste ano. De acordo com o portal Business Insider, esta valor deve ter caído outros US$ 12 bilhões até a aquisição do JPMorgan, com base no valor do depósito de US$ 92 bilhões citado.

Além disso, o First Republic procurou atrair seus clientes ricos com hipotecas muito baratas quando as taxas de juro estavam no fundo do poço, oferecendo empréstimos imobiliários com juros apenas em 2020 e 2021. De acordo com a Bloomberg, isso inclui uma hipoteca de US$ 11,2 milhões para um executivo sênior do Goldman Sachs.

No entanto, como a taxa de hipoteca fixa de 30 anos mais que dobrou no espaço de um ano, essas hipotecas se tornaram muito menos valiosas para o First Republic do que quando foram inicialmente oferecidas.

Essa combinação de depósitos em queda e perdas crescentes em sua carteira de hipotecas condenou o banco. Os paralelos com o SVB, onde uma grande parte dos depósitos não tinha seguro e as perdas ligadas ao aumento das taxas de juro se tornaram insustentáveis: eram gritantes.

O que a falência do First Republic significa para os outros bancos?

O fracasso combinado de SVB, Signature e First Republic é um lembrete dos problemas que afetam o sistema bancário. Embora as condições do mercado pareçam ter eliminado os três bancos mais expostos, ainda há outros que permanecem vulneráveis, segundo a Business Insider.

Os empréstimos de emergência dos credores do Federal Reserve aumentaram pela segunda semana consecutiva até 27 de abril, segundo dados divulgados pelo banco central dos EUA.

E ainda há cerca de US$ 1 trilhão em depósitos não garantidos mantidos por bancos americanos. Enquanto isso, as taxas de juro mais altas devem continuar pressionando os bancos mais fortemente expostos a títulos e hipotecas.

E agora?

O resgate do First Republic deve restaurar alguma calma nos mercados. De fato, as ações do JPMorgan subiram 4,2% nas negociações de pré-mercado após o anúncio. Mas o caminho à frente é muito mais assustador do que antes do início das falências dos bancos.

O Federal Reserve de Nova York disse que as condições financeiras "se deterioraram acentuadamente" em suas regiões.

Mais cautela é provável, o que significa que provavelmente será mais difícil obter um empréstimo, ao mesmo tempo que a oferta monetária mais ampla encolhe, ameaçando uma recessão, de acordo com uma nota da BlackRock divulgada pela Bloomberg.

Se isso impedirá que mais bancos tenham problemas, ainda não se sabe.

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