Após big techs, agora bancos americanos fazem levas de demissões
Goldman vai demitir 3.200. Em Wall Street, outras empresas fazem cortes
Agência O Globo
Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 10h44.
Com a receita dos bancos de investimento caindo e uma recessão se aproximando, Wall Street está em modo de contenção. Os cortes de empregos e o congelamento de contratações que atingem o mundo da tecnologia chegaram ao setor financeiro, com executivos do setor bancário se preparando para um ano austero pela frente.
Goldman Sachs, Morgan Stanley, Credit Suisse Group AG e Barclays já demitiram funcionários ou anunciaram que planejam fazê-lo nos próximos meses. Nesta segunda-feira, o Goldman anunciou uma de suas maiores rodadas de demissões de todos os tempos, ao concluir um plano para eliminar 3.200 vagas nesta semana. Algumas empresas menores também concluíram várias rodadas de rescisões.
Embora a maioria esteja pessimista sobre as perspectivas para este ano, os executivos de Wall Street não têm certeza de quão ruim a economia ficará e estão proativamente recuando nas linhas de negócios para se preparar.
- Devemos assumir que teremos alguns tempos difíceis pela frente. Você tem que ser um pouco mais cauteloso com seus recursos financeiros, com seu tamanho e pegada da organização - disse o CEO do Goldman Sachs, David Solomon, em entrevista concedida à Bloomberg Television na última seta-feira.
Em sua mensagem de fim de ano aos funcionários, Solomon adiantou que os cortes no banco iriam ocorrer na primeira quinzena deste mês.
- Há uma variedade de fatores que afetam o cenário de negócios, incluindo o aperto das condições monetárias que estão desacelerando a atividade econômica - disse Solomon à equipe no fim do ano. - Para nossa equipe de liderança, o foco é preparar a empresa para enfrentar esses ventos contrários.
A empresa deverá iniciar o processo de demissões no meio desta semana e o número total de pessoas afetadas não ultrapassará as 3.200 anunciadas, número menor do que os 4.000 empregos que chegaram a ser cogitados, segundo uma fonte com conhecimento do assunto. Mais de um terço deles provavelmente será de suas principais unidades comerciais e bancárias, indicando a natureza ampla dos cortes.
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O banco também está prestes a divulgar os resultados ligados a uma nova unidade que abriga seu negócio de cartão de crédito e empréstimos a prestações, que registrará mais de US$ 2 bilhões em perdas antes dos impostos, disseram as fontes, que pediram para não serem identificadas.
O porta-voz da empresa com sede em Nova York se recusou a comentar. Os cortes em seu banco de investimento são elevados pela inclusão de funções fora do front-office que foram adicionadas ao quadro de funcionários da divisão nos últimos anos. O banco ainda tem planos de continuar contratando, incluindo a turma regular de analistas ainda este ano.
Sob o comando de Solomon, o número de funcionários aumentou 34% desde o fim de 2018, subindo para mais de 49 mil em 30 de setembro. A escala de demissões neste ano também é afetada pela decisão da empresa de deixar de lado seu corte anual de baixo desempenho durante a pandemia.
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Desacelerações em várias linhas de negócios, uma dispendiosa incursão no setor bancário de consumo e uma perspectiva incerta para os mercados e a economia estão levando o banco a reduzir custos. A atividade de fusões e as taxas de arrecadação de dinheiro para as empresas foram afetadas em Wall Street, e uma queda nos preços dos ativos eliminou outra fonte importante de receita para o Goldman de um ano para cá.
Essas tendências mais amplas do setor foram agravadas pelos erros do banco em sua incursão no setor de varejo, onde as perdas se acumularam em um ritmo muito mais rápido do que o previsto ao longo do ano.
Isso deixou o banco enfrentando uma queda de 46% nos lucros, em cerca de US$ 48 bilhões em receita, segundo estimativas de analistas. Ainda assim, essa marca de receita foi impulsionada por sua divisão comercial, que registrará outro salto este ano, ajudando o número da empresa a atingir seu segundo melhor desempenho já registrado.
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Compartilhando perdas
Os cortes mais recentes representam um reconhecimento de que mesmo as empresas que tiveram desempenho superior este ano terão que arcar com a dor do desempenho daquelas que não conseguiram atingir as metas estabelecidas para os acionistas em um ano de redução de despesas.
O Goldman divulga seus resultados do quarto trimestre no próximo dia 17. Os cortes também ocorrem uma semana antes das tradicionais discussões de compensação de fim de ano do banco. Mesmo para aqueles que permanecem na empresa, as remunerações devem cair, especialmente no setor de banco de investimento.
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É um contraste gritante em relação ao ano passado, quando os funcionários receberam grandes aumentos de bônus e alguns selecionados receberam pagamentos especiais. Na época, a remuneração de US$ 35 milhões de Solomon para 2021 o colocava ao lado de James Gorman, do Morgan Stanley, como o CEO mais bem pago de um grande banco dos Estados Unidos.
Corte de empregos no setor financeiro
Banco de Montreal :Pequena porcentagem de todos os funcionários em 15/09/2022
Royal Bank do Canadá: 100 funcionários em 29/09/2022
Barclays: 200 funcionários em 08/11/2022
Citigroup: Dezenas de funcionários em 08/11/2022
Redfin: 13% da equipe em 09/11/2022
HSBC Holdings: 230 funcionários na França, em 09/11/2022
Kraken: 1.100 funcionários em 30/11/2022
Wells Fargo: centenas de cortes, em 01/12/2022
HSBC Holdings: 300 funcionários em 01/12/2022
Morgan Stanley: 1.600 funcionários em 06/12/2022
Plaid Inc: 270 funcionários em 07/12/2022
Blackline: 95 funcionários em 08/12/2022
Amber: 40% da equipe em 09/12/2022
Credit Suisse: 2.700 em 2022; e até 9.000 no fim de 2025
Berenberg: 10 funcionários demitidos em Nova York, em 12/12/2022
Credit Suisse: No México, foram demitidos 12 funcionários em 13/12/2022
Goldman Sachs: banco deve demitir 3.200 funcionários em janeiro. Previsão era de até 4.000
Silvergate Capital: aproximadamente 200, em 05/01/2023
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