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Analistas se dividem entre oportunidade e cautela na bolsa

Situação na bolsa brasileira é tão incerta que divide analistas quanto à melhor estratégia para os investidores

Sede da Bovespa em São Paulo: debate sobre o atual patamar do Ibovespa tem sido intenso (BM&FBovespa/Divulgação)
DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2013 às 13h56.

São Paulo - A maré vermelha não deixa o mercado brasileiro em paz. Ao longo da manhã de hoje, as fortes quedas de papéis de grandes empresas somadas ao mau humor no cenário externo fizeram o Índice Bovespa voltar à casa dos 53 mil pontos na mínima do dia. É o quarto pregão de baixa da bolsa apenas nesta semana. O pessimismo só deu folga na quarta-feira. A situação na bolsa brasileira é tão incerta que divide analistas quanto à melhor estratégia para os investidores.

O viés negativo, que há tempos acompanha a Bovespa, hoje ficou ainda mais intenso, depois que os Estados Unidos divulgaram um forte recuo na criação de empregos em março. A notícia pegou o mercado de surpresa, já que dos 190 mil novos postos esperados, foram criados apenas 88 mil. Esses números fizeram as principais bolsas americanas e europeias abrirem as negociações já em fortes perdas, afetando ainda mais o desempenho do Ibovespa .

Debate

O debate sobre o atual patamar do Ibovespa tem sido intenso, e há quem defenda que ele chegou ao fundo do poço. Muitos afirmam que as ações estão avaliadas a um preço tão abaixo do que valem que logo os investidores voltarão a comprar, empurrando a bolsa para cima novamente. Mas alguns recomendam cautela. “Eu tenho resistência em pensar dessa forma, porque acho que pode piorar”, diz Alexandra Almawi, economista da corretora Lerosa Investimentos.

Mesmo assim, ela afirma que “as ações estão baratíssimas”, e que o patamar atual é um ótimo ponto de entrada para os investidores. “É quase impossível acertar o fundo do poço, então, quando acontece um movimento deste de queda, é indiscutível que é hora de entrar.” A grande questão, de acordo com a economista, é ter critério na hora de comprar ações.

Cautela

Para o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, é complicado falar em entrar na bolsa no momento. “O cenário é muito problemático, tanto interno quanto externo”, diz. “É melhor esperar, ficar em uma posição defensiva e esperar uma clareza maior na situação brasileira.”

Segundo ele, falando de Brasil, a dúvida é grande com relação à retomada da atividade econômica e a política monetária. Mais especificamente, Gala diz que a incerteza sobre quando e como se dará a alta do juro básico tem deixado os investidores aflitos.


O estrategista trabalha com um cenário base de alta dos juros “em conta gotas”, a princípio, começando em maio. De acordo com ele, os dados desanimadores do mercado de trabalho nos Estados Unidos, divulgados hoje, podem ser um fator que retardaria a decisão do governo de subir a taxa básica Selic já na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

Fora isso, “há ainda as mudanças nas regras que o governo tem promovido, e os problemas específicos das empresas ‘X’ (do grupo EBX, do empresário Eike Batista), que são um caso à parte”, diz.

Cenário internacional

Para Alexandra, da Lerosa Investimentos, problemas na economia internacional são a principal razão para piorar ainda mais o drama da bolsa brasileira. “Se imaginarmos um cenário em que o governo dos Estados Unidos deixe de injetar dinheiro, liquidez na economia, que é o que atualmente tem feito as bolsas de lá subirem, somado aos problemas brasileiros, a nossa bolsa pode ter perdas ainda piores.”

Na Europa, de acordo com ela, já existe uma acomodação da situação. “Os investidores já perceberam que a situação não voltará a patamares razoáveis por um longo tempo, e isso já foi incluído no preço das ações”, diz.

Ela explica que novos ruídos podem surgir, como no caso do Chipre, fazendo aumentar o receio dos investidores na comunidade europeia, mas todo o risco já foi colocado na mesa. “Não acredito que o modelo de retenção, riscos de ruptura, possa se repetir, mas toda vez que vem um ruído, o sentimento de repetição vem, e pode acarretar movimentos de massa que podem ser prejudiciais à bolsa brasileira.”

Onda de pessimismo

Os números ruins do emprego nos Estados Unidos divulgados hoje podem, porém, indicar um problema maior para os mercados no médio prazo. Para Paulo Gala, da Fator, até a projeção de que os Estados Unidos cresceriam 2% em 2013 foi posta em xeque. “A onda de pessimismo é enorme no mundo todo e hoje veio a notícia ruim que faltava”, diz, referindo-se à baixa criação de empregos nos Estados Unidos. “A Bovespa, que já tinha seus próprios e sérios problemas, agora voltou a sofrer com as questões internacionais”, afirma.

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O viés negativo, que há tempos acompanha a Bovespa, hoje ficou ainda mais intenso, depois que os Estados Unidos divulgaram um forte recuo na criação de empregos em março. A notícia pegou o mercado de surpresa, já que dos 190 mil novos postos esperados, foram criados apenas 88 mil. Esses números fizeram as principais bolsas americanas e europeias abrirem as negociações já em fortes perdas, afetando ainda mais o desempenho do Ibovespa .

Debate

O debate sobre o atual patamar do Ibovespa tem sido intenso, e há quem defenda que ele chegou ao fundo do poço. Muitos afirmam que as ações estão avaliadas a um preço tão abaixo do que valem que logo os investidores voltarão a comprar, empurrando a bolsa para cima novamente. Mas alguns recomendam cautela. “Eu tenho resistência em pensar dessa forma, porque acho que pode piorar”, diz Alexandra Almawi, economista da corretora Lerosa Investimentos.

Mesmo assim, ela afirma que “as ações estão baratíssimas”, e que o patamar atual é um ótimo ponto de entrada para os investidores. “É quase impossível acertar o fundo do poço, então, quando acontece um movimento deste de queda, é indiscutível que é hora de entrar.” A grande questão, de acordo com a economista, é ter critério na hora de comprar ações.

Cautela

Para o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala, é complicado falar em entrar na bolsa no momento. “O cenário é muito problemático, tanto interno quanto externo”, diz. “É melhor esperar, ficar em uma posição defensiva e esperar uma clareza maior na situação brasileira.”

Segundo ele, falando de Brasil, a dúvida é grande com relação à retomada da atividade econômica e a política monetária. Mais especificamente, Gala diz que a incerteza sobre quando e como se dará a alta do juro básico tem deixado os investidores aflitos.


O estrategista trabalha com um cenário base de alta dos juros “em conta gotas”, a princípio, começando em maio. De acordo com ele, os dados desanimadores do mercado de trabalho nos Estados Unidos, divulgados hoje, podem ser um fator que retardaria a decisão do governo de subir a taxa básica Selic já na reunião de abril do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC).

Fora isso, “há ainda as mudanças nas regras que o governo tem promovido, e os problemas específicos das empresas ‘X’ (do grupo EBX, do empresário Eike Batista), que são um caso à parte”, diz.

Cenário internacional

Para Alexandra, da Lerosa Investimentos, problemas na economia internacional são a principal razão para piorar ainda mais o drama da bolsa brasileira. “Se imaginarmos um cenário em que o governo dos Estados Unidos deixe de injetar dinheiro, liquidez na economia, que é o que atualmente tem feito as bolsas de lá subirem, somado aos problemas brasileiros, a nossa bolsa pode ter perdas ainda piores.”

Na Europa, de acordo com ela, já existe uma acomodação da situação. “Os investidores já perceberam que a situação não voltará a patamares razoáveis por um longo tempo, e isso já foi incluído no preço das ações”, diz.

Ela explica que novos ruídos podem surgir, como no caso do Chipre, fazendo aumentar o receio dos investidores na comunidade europeia, mas todo o risco já foi colocado na mesa. “Não acredito que o modelo de retenção, riscos de ruptura, possa se repetir, mas toda vez que vem um ruído, o sentimento de repetição vem, e pode acarretar movimentos de massa que podem ser prejudiciais à bolsa brasileira.”

Onda de pessimismo

Os números ruins do emprego nos Estados Unidos divulgados hoje podem, porém, indicar um problema maior para os mercados no médio prazo. Para Paulo Gala, da Fator, até a projeção de que os Estados Unidos cresceriam 2% em 2013 foi posta em xeque. “A onda de pessimismo é enorme no mundo todo e hoje veio a notícia ruim que faltava”, diz, referindo-se à baixa criação de empregos nos Estados Unidos. “A Bovespa, que já tinha seus próprios e sérios problemas, agora voltou a sofrer com as questões internacionais”, afirma.

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