Ações de portos quadruplicam com recorde em embarques no Brasil
Expetativa dos investidores é que atrasos e volumes recordes de carga vão impulsionar os lucros das companhias
Da Redação
Publicado em 13 de abril de 2011 às 12h02.
Rio de Janeiro - Investidores estão despejando dinheiro em ações de operadoras de portos brasileiros, mesmo a preços três vezes mais altos que os do mercado em geral. A expectativa é que os atrasos em embarques e os volume recordes de carga impulsionem os lucros dessas companhias.
O preço das ações das três empresas listadas na BM&FBovespa SA que operam portos no País pelo menos quadruplicou nos dois anos até março. Exportadores enfrentam atrasos no embarque por conta da demanda crescente por açúcar, soja e minério de ferro. Ao mesmo tempo, os níveis recordes das importações aumentam a receita para os portos.
A LLX Logística SA, controlada por Eike Batista, está construindo no estado do Rio de Janeiro o complexo de Açu, que, segundo o bilionário, será o terceiro maior porto do mundo. A Santos Brasil Participações SA, operadora do porto de Santos, o maior do País por valor embarcado, pode triplicar a capacidade dentro de sete anos, segundo a administradora de fundos Studio Investimentos, no Rio. A Triunfo Participações e Investimentos SA, que administra um porto em Santa Catarina, está tentando obter licenças para abrir um terminal no porto de Santos.
A demanda existe e o transporte marítimo tem enorme potencial de crescimento, acredita André Vainer, que ajuda a administrar R$ 600 milhões como gestor de fundos de renda variável da XP Investimentos, sediada no Rio de Janeiro. Para um porto que já está operando, o crescimento dos lucros é muito visível, diz ele.
Em fevereiro, Vainer aumentou sua posição na Santos Brasil e vendeu todas as suas ações da LLX, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O projeto de Açu, programado para começar a operar no fim do ano que vem, tem muito “risco de execução”, disse ele. A dificuldade de se obter licenças ambientais no Brasil pode atrasar outros projetos portuários, o que ajudaria a Santos Brasil, que já move as cargas, disse Vainer.
Minério de ferro
O volume embarcado em portos brasileiros cresceu 14 por cento em 2010 para 833,9 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pelas exportações recordes de minério de ferro, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários. As importações dispararam 42 por cento para US$ 181,6 bilhões no ano passado, com o crescimento econômico mais forte em duas décadas impulsionando a demanda dos consumidores. As exportações subiram 32 por cento para US$ 201,9 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O Brasil está em 114º lugar entre 183 países quanto à facilidade para o comércio entre fronteiras, de acordo com a pesquisa “Doing Business 2011” do Banco Mundial. O País caiu 16 posições em relação ao ano anterior. O custo de embarque de exportações é 46 por cento maior do que na América Latina e Caribe, a US$ 1.790 por container.
Se o Brasil não investir fortemente em portos, o País vai enfrentar um blecaute logístico, disse Nelson Carvalhaes, dono da Porto de Santos Comércio, Exportação e Importação Ltda., compradora e exportadora exclusiva de café brasileiro para a italiana Illycaffe SpA, sediada em Trieste, na Itália.
Fila nos portos
Cerca de 38 navios estavam esperando para serem carregados em 1º de abril no Porto de Paranaguá, o segundo mais importante do País em embarque de soja, atrás do Porto de Santos. Foi a maior fila em quatro anos para esta época do ano, disse Lourenço Fregonese, diretor do porto, em entrevista por telefone.
Os armazéns estão cheios de soja e o porto dá permissão para 1.000 caminhões descarregarem por dia, cerca de metade da demanda, de acordo com Fregonese.
O Brasil é “muito produtivo nos campos, mas quando queremos embarcar as coisas, 40 por cento desta vantagem é perdida porque os caminhões têm de fazer fila por 100 quilômetros para descarregar”, disse Eike Batista, 54 anos, o homem mais rico do Brasil, em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York em 14 de março.
A demanda crescente por commodities pode ser prejudicada por uma desaceleração da economia global, enquanto a valorização das ações de operadoras de portos deixa pouco espaço para atrasos de construção capazes de afetar as perspectivas de lucro, disse Ed Kuczma, que ajuda a supervisionar US$ 30 bilhões na Van Eck Associates em Nova York.
Risco com o noticiário
As ações da Santos Brasil são negociadas a 33,8 vezes o lucro, enquanto a Triunfo tem uma relação preço-lucro de 36,9 por cento. A LLX ainda não está operando e não tem lucros. O Ibovespa, com 69 componentes, é negociado uma média de 10,9 vezes o lucro.
“É uma história de longo prazo forte, mas no curto prazo é uma questão de valores”, disse Kuczma, que não tem ações de portos brasileiros em seu fundo de mercados emergentes. “O risco político individual e o risco associado ao noticiário são altos por causa das questões ambientais e da dificuldade para obtenção de licenças.”
Rio de Janeiro - Investidores estão despejando dinheiro em ações de operadoras de portos brasileiros, mesmo a preços três vezes mais altos que os do mercado em geral. A expectativa é que os atrasos em embarques e os volume recordes de carga impulsionem os lucros dessas companhias.
O preço das ações das três empresas listadas na BM&FBovespa SA que operam portos no País pelo menos quadruplicou nos dois anos até março. Exportadores enfrentam atrasos no embarque por conta da demanda crescente por açúcar, soja e minério de ferro. Ao mesmo tempo, os níveis recordes das importações aumentam a receita para os portos.
A LLX Logística SA, controlada por Eike Batista, está construindo no estado do Rio de Janeiro o complexo de Açu, que, segundo o bilionário, será o terceiro maior porto do mundo. A Santos Brasil Participações SA, operadora do porto de Santos, o maior do País por valor embarcado, pode triplicar a capacidade dentro de sete anos, segundo a administradora de fundos Studio Investimentos, no Rio. A Triunfo Participações e Investimentos SA, que administra um porto em Santa Catarina, está tentando obter licenças para abrir um terminal no porto de Santos.
A demanda existe e o transporte marítimo tem enorme potencial de crescimento, acredita André Vainer, que ajuda a administrar R$ 600 milhões como gestor de fundos de renda variável da XP Investimentos, sediada no Rio de Janeiro. Para um porto que já está operando, o crescimento dos lucros é muito visível, diz ele.
Em fevereiro, Vainer aumentou sua posição na Santos Brasil e vendeu todas as suas ações da LLX, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. O projeto de Açu, programado para começar a operar no fim do ano que vem, tem muito “risco de execução”, disse ele. A dificuldade de se obter licenças ambientais no Brasil pode atrasar outros projetos portuários, o que ajudaria a Santos Brasil, que já move as cargas, disse Vainer.
Minério de ferro
O volume embarcado em portos brasileiros cresceu 14 por cento em 2010 para 833,9 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pelas exportações recordes de minério de ferro, segundo a Agência Nacional de Transportes Aquaviários. As importações dispararam 42 por cento para US$ 181,6 bilhões no ano passado, com o crescimento econômico mais forte em duas décadas impulsionando a demanda dos consumidores. As exportações subiram 32 por cento para US$ 201,9 bilhões, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O Brasil está em 114º lugar entre 183 países quanto à facilidade para o comércio entre fronteiras, de acordo com a pesquisa “Doing Business 2011” do Banco Mundial. O País caiu 16 posições em relação ao ano anterior. O custo de embarque de exportações é 46 por cento maior do que na América Latina e Caribe, a US$ 1.790 por container.
Se o Brasil não investir fortemente em portos, o País vai enfrentar um blecaute logístico, disse Nelson Carvalhaes, dono da Porto de Santos Comércio, Exportação e Importação Ltda., compradora e exportadora exclusiva de café brasileiro para a italiana Illycaffe SpA, sediada em Trieste, na Itália.
Fila nos portos
Cerca de 38 navios estavam esperando para serem carregados em 1º de abril no Porto de Paranaguá, o segundo mais importante do País em embarque de soja, atrás do Porto de Santos. Foi a maior fila em quatro anos para esta época do ano, disse Lourenço Fregonese, diretor do porto, em entrevista por telefone.
Os armazéns estão cheios de soja e o porto dá permissão para 1.000 caminhões descarregarem por dia, cerca de metade da demanda, de acordo com Fregonese.
O Brasil é “muito produtivo nos campos, mas quando queremos embarcar as coisas, 40 por cento desta vantagem é perdida porque os caminhões têm de fazer fila por 100 quilômetros para descarregar”, disse Eike Batista, 54 anos, o homem mais rico do Brasil, em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York em 14 de março.
A demanda crescente por commodities pode ser prejudicada por uma desaceleração da economia global, enquanto a valorização das ações de operadoras de portos deixa pouco espaço para atrasos de construção capazes de afetar as perspectivas de lucro, disse Ed Kuczma, que ajuda a supervisionar US$ 30 bilhões na Van Eck Associates em Nova York.
Risco com o noticiário
As ações da Santos Brasil são negociadas a 33,8 vezes o lucro, enquanto a Triunfo tem uma relação preço-lucro de 36,9 por cento. A LLX ainda não está operando e não tem lucros. O Ibovespa, com 69 componentes, é negociado uma média de 10,9 vezes o lucro.
“É uma história de longo prazo forte, mas no curto prazo é uma questão de valores”, disse Kuczma, que não tem ações de portos brasileiros em seu fundo de mercados emergentes. “O risco político individual e o risco associado ao noticiário são altos por causa das questões ambientais e da dificuldade para obtenção de licenças.”