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Acadêmicos de Harvard criam guia para evitar "crashes" nas bolsas

Boa notícia para quem está esperando que a bolha estoure: prever crashes amplos no mercado acionário é impossível

Bolsa: os pesquisadores listaram indícios que sinalizam que um movimento de alta vai acabar mal (Daniel Acker/Bloomberg)

Bolsa: os pesquisadores listaram indícios que sinalizam que um movimento de alta vai acabar mal (Daniel Acker/Bloomberg)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2017 às 22h13.

Última atualização em 3 de março de 2017 às 22h16.

Nova York - Boa notícia para quem está esperando que a bolha estoure: prever crashes amplos no mercado acionário é impossível.

É esta a conclusão dos pesquisadores da Universidade Harvard que estudaram ciclos de alta e queda em setores com ações negociadas nas bolsas dos EUA desde 1926.

Em um trabalho publicado recentemente, Robin Greenwood, Andrei Shleifer e Yang You concluíram que, embora nem todo avanço violento nas ações termine em sofrimento, os avanços que têm esse desfecho compartilham algumas características, como o aumento da volatilidade e das emissões de ações.

Como costuma ocorrer com investigações acadêmicas sobre ativos financeiros, o estudo é um desafio à hipótese de mercados eficientes elaborada pelo ganhador do prêmio Nobel Eugene Fama, que questionou se era possível identificar bolhas que eliminam ganhos anteriores.

Os autores de Harvard acharam corretas muitas das conclusões de Fama — especialmente que a disparada das ações não necessariamente dá origem ao colapso dos mercados —, mas afirmam que existem ferramentas para escapar de movimentos de alta que provavelmente terminarão mal.

Um investidor que consegue se distanciar dos episódios de colapso pode aumentar seu retorno de longo prazo em 10 pontos percentuais, segundo os acadêmicos.

“Quando os investidores se deparam com uma alta muito grande dos preços em um setor e se preocupam com a possibilidade de haver uma bolha potencial, eles devem observar algumas das características não ligadas a preços e o comportamento como guia para o que pode acontecer”, afirmou Greenwood.

Fama não retornou um e-mail e um telefonema da reportagem solicitando comentários.

Para os investidores que tentam saber se a hora de vender é esta, o estudo traz poucas dicas. O motivo é simples: nada que ocorre no mercado hoje se qualifica para investigação como bolha no cenário básico dos autores.

Talvez um dia isso ocorra, mas a nota de corte dos acadêmicos para estudar excessos nas bolsas é alta e mesmo setores que parecem ter avançado de modo exagerado após a eleição de Donald Trump à Casa Branca ainda precisam subir muito para entrar nos livros de história.

Definição de bolha

Greenwood e seus colegas definiram como bolha um movimento em que os preços das ações pelo menos dobram em dois anos.

Eles descobriram que mesmo setores que subiram tanto produziram retornos na média depois disso. Ações que sobem frequentemente continuam subindo e, quando caem, nem sempre caem o suficiente para eliminar ganhos anteriores.

Mas se for possível escapar de um crash, é o que deve ser feito.

A metodologia para escapar é o melhor do estudo. Os autores concluíram que quase metade dos movimentos de alta estudados terminou em perdas de 40 por cento ou mais e evitá-los teria sido evidentemente ótimo.

Eles listaram indícios que sinalizam que um movimento de alta vai acabar mal, mas que dão tempo para os investidores fugirem da carnificina:

- Aumento da volatilidade dos preços. Setores que entram em colapso exibem ampliação de volatilidade maior do que outros setores.

- Aumento da emissão de ações.

- Desempenho relativo das empresas novas e antigas.

- Inclinação da curva de ganhos das ações.

“Ainda não conseguimos definir o auge de uma bolha e algumas carteiras que examinamos continuam subindo”, escreveram os autores.

“Mesmo assim, estratégias de investimento condicionadas a retornos passados elevados em combinação com essas características superam os retornos de uma estratégia de compra e manutenção de ativos de todos os setores em 10 pontos percentuais ou mais em dois anos ou mais.”

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