Mercados

Abertura de capital da BR deve ser a maior desde 2013

Com demanda já garantida para a oferta, o IPO da BR Distribuidora poderá render até R$ 7,5 bilhões ao caixa de sua controladora, a Petrobras

BR: distribuidora de combustíveis da Petrobras deve atrair investidores estrangeiros e locais, incluindo pessoas físicas (Dado Galdieri/Bloomberg)

BR: distribuidora de combustíveis da Petrobras deve atrair investidores estrangeiros e locais, incluindo pessoas físicas (Dado Galdieri/Bloomberg)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 13 de dezembro de 2017 às 08h20.

São Paulo - A abertura de capital da distribuidora de combustíveis BR, da Petrobras, deverá marcar a maior oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) na Bolsa brasileira desde 2013, quando a operação da BB Seguridade superou R$ 11 bilhões.

Com demanda já garantida para a oferta, o IPO da BR Distribuidora poderá render até R$ 7,5 bilhões ao caixa de sua controladora, a Petrobras, considerando o cenário mais otimista. O preço das ações será conhecido hoje e a estreia do papel ocorrerá na sexta-feira.

Um dos apelos da BR é o desconto de preço de mais de 30% em relação às ações da Ultrapar, dona da bandeira Ipiranga, que hoje é vice-líder do setor, justamente atrás da BR.

A distribuidora de combustíveis da Petrobras deve atrair investidores estrangeiros e locais, incluindo pessoas físicas, uma vez que foi estruturado um fundo de investimento exatamente para esse público.

Esse mesmo instrumento, que facilita a entrada de pequenos investidores, havia sido usado em 2010, na megacapitalização da Petrobras.

A intenção dos bancos, até esta terça-feira, 12, era que o valor inicial do papel superasse o teto da meta inicial, estabelecida entre R$ 15 e R$ 19.

Por causa do tamanho da operação, fontes de mercado dizem que a demanda deverá ficar entre 1,5 vez e 2 vezes a oferta - mas não muito acima disso.

Para garantir o sucesso da operação, banqueiros atuavam ainda nesta terça-feira, em Nova York, para aumentar o interesse de estrangeiros pela operação.

Retorno

Mesmo que o resultado não supere as expectativas do mercado, a abertura de capital da BR Distribuidora virá para coroar um ano que muitos classificaram como o retorno dos IPOs à Bolsa brasileira.

Desde a estreia da BB Seguridade, em 2013, o Brasil mergulhou em uma forte retração econômica, e os anos de 2014, 2015 e 2016 foram fracos para emissões de ações.

Só três ofertas iniciais se concretizaram nesse período - a maior delas, da Alliar (de medicina diagnóstica), não chegou a R$ 700 milhões.

Em 2017, a Bolsa brasileira já foi palco de oito IPOs - a maior delas foi a do Carrefour Brasil, que somou quase R$ 5 bilhões.

O mercado também viu o interesse aumentar por ofertas subsequentes, realizadas por empresas que já têm capital aberto.

O volume total, até o momento, se aproxima de R$ 33 bilhões. E esse valor pode subir, e não apenas por causa da BR Distribuidora. Estão previstas mais duas aberturas de capital nesta semana: a da Neoenergia e a do Burger King Brasil.

Enquanto a rede de fast-food já despertou interesse suficiente para ser levada a cabo, a da empresa de energia ainda é uma incógnita.

A Neoenergia poderá ter de suspender sua oferta caso não esteja disposta a reduzir consideravelmente sua indicação de preço, definida entre R$ 15,02 e R$ 18,52 por papel.

Animação sem euforia

Além de investidores apontarem sinais de melhora na economia brasileira, com a queda dos juros e da inflação no País, a maior disponibilidade global de recursos também ajudou a Bolsa brasileira a viver um bom ano.

No entanto, segundo um gestor de ações, os investidores continuam seletivos e tem havido muita pressão para queda dos preços.

Das ofertas iniciais que chegaram a ser anunciadas neste ano, Tivit (de tecnologia da informação) e Unidas (locadora de veículos) tiveram de ser canceladas.

Já a Intermédica Notredame, de planos de saúde, que chegou a protocolar registro de oferta na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), desistiu da operação ao perceber que não conseguiria a avaliação desejada.

Entre os IPOs que foram concretizados, Movida, Ômega Energia e Camil tiveram de reduzir a faixa indicativa de preço para atrair investidores.

No momento, há tanto fatores políticos - como a dificuldade de aprovação da reforma da Previdência - quanto de portfólio a ser considerados por gestores.

No fim do ano, há reticência na apostar em IPOs, pois as ações costumam cair nos primeiros pregões após a estreia, o que poderia atrapalhar a rentabilidade anual de alguns fundos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Acompanhe tudo sobre:AçõesIPOsMercado financeiroOfertas de açõesPetrobrasVibra Energia

Mais de Mercados

Preço de commodities e câmbio impulsionam proventos de Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4)

Weg (WEGE3) ultrapassa Vale (VALE3) e consolida posição como terceira maior empresa do Ibovespa

Ibovespa opera em alta após inflação ao produtor dos EUA vir abaixo do esperado

PPI, possível aperto do BoJ, conversas sobre tarifas nos EUA e petróleo: o que move o mercado