A empresa que quebrou o jejum de IPOs da Bovespa
Alliar levantou quase 766 milhões de reais na operação. Mercado de ações brasileiro não tinha abertura de capital há mais de um ano
Rita Azevedo
Publicado em 28 de outubro de 2016 às 06h00.
Última atualização em 28 de outubro de 2016 às 12h27.
São Paulo —As ações da Alliar Médicos à Frente começaram a ser negociadas nesta sexta-feira (28) na BM&FBovespa. Com isso, a empresa de diagnósticos encerra um jejum de quase 16 meses sem ofertas públicas iniciais (IPOs, na sigla em inglês) na bolsa brasileira.
A companhia levantou pouco mais de 766 milhões de reais na venda de títulos em oferta primária e secundária. Foram vendidas pouco mais de 38 milhões de ações ordinárias. Cada papel foi negociado a 20 reais.
No final da manhã, os títulos operavam em queda de cerca de 2% e eram negociados a 19,60 reais.
A empresa
Criada em 2011, a Alliar surgiu da fusão de 23 laboratório e hoje atua em mais de 100 unidades em dez estados do país.
Controlada pelo fundo de investimento Pátria, a empresa também tem como sócios cerca de 70 médicos.O comando da empresa está nas mãos do executivo Fernando Terni.
Segundo o prospecto preliminar apresentado no processo, a empresa é considerada a segunda maior empresa de diagnósticos por imagens do país, se for levado em conta o número de equipamentos de ressonância magnética.
É também a terceira maior prestadora de serviços de medicina diagnóstica em receita líquida. Em 2015, de acordo com o documento, a receita líquida pro forma não auditada foi de 818,7 milhões de reais. Nos primeiros seis meses de 2016, o montante foi de 460,1 milhões de reais.
Retomada dos IPOs
O presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, disse esperar que 2017 seja o "grande ano dos IPOs". A expectativa, segundo ele, é que o número de processos de abertura de capital na Bolsa volte à média registrada no período de 2005 a 2008, de 25 por ano. "Vamos ter um choque de capitalismo nos próximos meses", disse ele.
Para Pinto, a confiança no país já foi retomada. Uma prova disso, diz ele, é o próprio desempenho da Alliar, que teve uma demanda de 2,7 vezes a oferta. Os investidores estrangeiros, diz ele, representaram mais de 50% das ofertas da companhia.
"É emblemático que a retomada depois de um período em que o país estava na UTI seja feita com uma empresa da área da saúde", disse ele.