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A aposta da nata do mercado brasileiro para o início dos cortes de juros do Fed

Mercado segue dividido sobre possibilidade de queda de juros em março; expectativa é de que Powell dê pistas, nesta quarta, sobre os próximos passos da política monetária

Jerome Powell, presidente do Fed (MANDEL NGAN/AFP via/Getty Images)

Publicado em 31 de janeiro de 2024 às 10h55.

Última atualização em 31 de janeiro de 2024 às 12h19.

Quando o Federal Reserve dará início ao ciclo de corte de juros se tornou uma das principais incógnitas do mercado. A apenas poucas horas da primeira decisão de política monetária americana do ano, o mercado se vê dividido. Nas curvas de juros dos Estados Unidos, investidores precificam 50% de chance de o primeiro corte vir em março e 50% de ficar para as reuniões seguintes. A expectativa é de que o presidente do Fed, Jerome Powell, dê algum direcionamento em coletiva de imprensa após a decisão, para a qual todo o mercado espera pela manutenção dos juros entre 5,25% e 5,5%

Apesar da dúvida, alguns dos maiores gestores brasileiros acreditam que os cortes virão já em março e que isso pode ter um efeito positivo para os emergentes, como o Brasil. A tese foi defendida por James Oliveira, sócio-fundador da Vinland, e Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX, em evento organizado pelo UBS em São Paulo no início desta semana. O próprio UBS tem uma expectativa bastante otimista para o ciclo americano de queda de juros. Enquanto a maior parte do mercado espera que o Fed termine o ano com o juro entre 3,75 e 4,25, a aposta do banco suíço é de que o juro cairá para o intervalo entre 3,25% e 3,5%. A precificação é de que há menos de 1% de chance de essa perspectiva se materializar. O primeiro teste seria o início dos cortes em março.

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"O impacto do aperto monetário ainda será sentido o ano inteiro pela economia americana. Temos visto a inflação caindo bem nos últimos meses. Está tudo indo para o lado que o Fed queria ver. Com esse cenário, estamos mais otimistas com os cortes de juros. Tem uma chance relevante desse movimento de queda começar em março", disse James Oliveira.

Na sua visão, isso levaria o Fed a evitar uma recessão da economia americana, dada a demora para política monetária ter efeito sobre a economia real. "Se atrasar o corte de juros, aumenta a chance de recessão. Como é um ano eleitoral, não acho que esta seja a intenção do Fed."

A projeção da Vinland é de que a inflação americana termine 2024 em 2,1%, o que deve permitir a extensão do ciclo de cortes para o ano que vem. "Esperamos por alguma normalização, com queda da taxa de juros para 2,5% no meio do ano que vem."

O início dos cortes em março nos Estados Unidos também foi defendido como o cenário mais provável por Rogério Xavier. Para ele, não só o Fed, mas também o Banco Central Europeu (BCE) começará a reduzir suas taxas de juros em março. Mas, disse, o Fed provavelmente terminará o ciclo de cortes com o juro em um patamar mais alto que o BCE. "No caso dos Estados Unidos, a economia está forte e a inflação está na meta. Então o Fed poderá tirar o excesso de política monetária. Mas na Europa, o BCE terá que fazer estímulo monetário", afirmou.

Contraponto de Woelz

A visão é um pouco diferente da de Carlos Woelz, sócio-fundador da Kapitalo, que está mais reticente para o início dos cortes de juros em março. Woelz, que também esteve no evento do UBS, contou que chegou a ficar aplicado nas ponta curta da curva de juros americana, apostando na maior probabilidade de cortes, mas chegou a virar de mão após período de maior otimismo no mercado.

Segundo ele, dados fortes de atividade econômica devem tirar a "urgência" do Fed em cortar os juros. "Vale a pena esperar um pouco, mas o mais provável, disparado, é um afrouxamento monetário de pelo menos 1 ponto percentual", afirmou.

Na visão de Woelz, o efeito das altas de juros está demorando muito mais para aparecer na economia dado o alongamento das dívidas de pessoas e das empresas no período de juros mais baixo. Por outro lado, o gestor acredita que o maior endividamento do Estados Unidos poderá levar o Fed ainda mais os juros do que faria, caso houvesse maior espaço para estímulos fiscais. "O problema fiscal americano faz com que o Fed corte mais os juros. Em uma eventual desaceleração, o Fed terá que fazer o grosso do trabalho para estimular a economia."

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