Howard Marks, autor do livro “O mais importante para o investidor” e fundador da da Oaktree Capital, é considerado uma das referências em mercado de ações (Grupo Editorial Edipro/Divulgação)
Howard Marks, fundador da Oaktree Capital, é considerado um dos maiores investidores do mundo, referência no mercado de ações e principalmente em private equity, investimento em empresas privadas.
Boa parte de sua visão sobre o mercado está acessível em português por meio do livro “O mais importante para o investidor: lições de um gênio do mercado financeiro”, lançado em português em 2020. A obra, conhecida como um “guia completo sobre investimentos”, já é um clássico entre investidores estrangeiros desde o lançamento, em 2011.
Entre os diversos ensinamentos deixados por Marks, a EXAME Invest separou sete dicas de ouro presentes no livro “O mais importante para o investidor”. Veja abaixo:
Por ser um mercado altamente especulativo, os fatores psicológicos – como por exemplo, ganância, medo e conformismo – influenciam os investimentos mais do que algumas pessoas possam acreditar. “A relação entre preço e valor é influenciada por fatores psicológicos e técnicos”, diz o escritor.
Marks define essa potência do psicológico do investidor como “forças que podem dominar os fundamentos no curto prazo”, ou seja, dependendo de como o investidor enxerga o universo do mercado de ações, isso pode influenciar sua visão de mercado – impactando suas decisões, tanto para um lado mais otimista quanto para uma percepção pessimista.
Para Marks, "[o psicológico dos investidores] e sua capacidade de influenciar nossas ações atinge profundidades, especialmente quando estão em pontos extremos e são compartilhados pelo rebanho". Então o desafio é romper os paradigmas da maioria para ser capaz de acessar uma outra percepção diante dos investimentos.
Nas palavras do investidor de sucesso, “a melhor base para o êxito de um investimento – ou o êxito de uma carreira de investimentos – é o valor”. É por meio da análise das possibilidades de investimento que o assunto torna-se algo mais descomplicado, principalmente ao investidor com menos experiência.
Dentre os pontos que precisam ser analisados para julgar se um investimento é ideal ou não, existe a capacidade do ativo ou da companhia de gerar caixa. Marks destaca a diferença entre ativos de “valor” e de “crescimento” , sendo que os primeiros já são geradores de caixa enquanto os segundo estão precificando um valor no futuro – que pode, ou não, se concretizar. Para o investidor, o ideal seria adquirir ativos de crescimento a preços que reflitam o valor que os ativos têm no presente. O guru ressalta, no entanto, que nem sempre é possível encontrar ativos a esse preço.
Segundo o autor, a percepção de valor deve ser embasada em fundamentos factuais. O desafio do investidor está em perceber o momento de compra e venda de uma ação e manter esse posicionamento mesmo diante das oscilações do mercado. “Apenas um forte senso de valor nos dará a disciplina necessária para obter lucros”, escreveu.
Esse pensamento seguro sobre as decisões financeiras é o que Marks denomina de "pensamento de segundo nível". É o tipo de estrutura de pensamento que sabe fazer as perguntas corretas para se colocar diante de investimentos com qualidade, encarando os riscos sem ser influenciado. Já o "pensamento de primeiro nível" é aquele que segue a "psicologia do rebanho" e, por isso, quem tem essa forma de pensar não consegue romper a bolha para se tornar um investidor eficiente.
O autor recomenda alguns questionamentos aos investidores que buscam fazer melhores escolhas, como:
Marks diz que "as grandes oportunidades de compra e venda associam-se a extremos de valorização e, por definição, não ocorrem todos os dias". Então é necessário perceber o momento desses extremos para decidir se vai vender na alta, comprar na desvalorização ou manter um ativo em sua carteira para que ele se valorize novamente.
Para o autor, o essencial em momentos como esse é desenvolver um senso de extrema cautela para saber analisar o momento com uma visão que considera a macroeconomia e os ciclos do mercado.
A subprecificação das ações – quando um papel é negociado abaixo do seu valor intrínseco – é uma das características que podem tornar os investidores mais pessimistas e inseguros diante das suas escolhas. Para Marks, é importante ter em mente que a subprecificação não é sinônimo de que o mercado melhorará em breve.
Nesses momentos de baixa, o autor aconselha ter muita paciência e força para manter as posições enquanto faz sentido para os objetivos financeiros e pessoais do investidor.
No livro, Marks amplia a definição de risco para além da volatilidade. "O risco que mais importa é o da perda permanente", afirmou. O livro evidencia a necessidade de cada investidor entender o potencial de perda – que é diferente em cada investimento – e estar disposto a assumi-lo.
Muitas pessoas associam ao mercado de ações uma certa sensação de empolgação diante da imprevisibilidade. Porém, quando só consideram as oscilações das ações – tão amadas pelos traders, por exemplo –, muitos investidores podem ser seduzidos e esquecer que uma das muitas funções das ações é servir como um retorno seguro de valorização do capital existente da carteira.
Na opinião de Marks, "é improvável que [o investimento agressivo] gere ganhos tão confiáveis quanto os do investimento defensivo". Para o autor, a baixa incidência de perdas é um grande atrativo em investimentos e deve ser considerado uma opção àqueles que buscam sucesso em suas escolhas no mercado.
No investimento de risco, dois pontos devem ser considerados: o controle de risco e a margem de erro, chamados por Marks de "ativos ocultos". O objetivo do investidor defensivo é não só fazer a coisa certa mas evitar a escolha errada e ter uma margem de erro que torne os resultados mais pessimistas, caso aconteçam, mais toleráveis à carteira.
Marks conclui que, através de todos os pontos descritos anteriormente no decorrer das 207 páginas da obra, é preciso desenvolver uma forma única de olhar para o mercado – que seja, de preferência, diferente da grande maioria. "Apenas os investidores com percepção incomum podem predizer com regularidade a distribuição da probabilidade que rege os eventos futuros e notar quando os rendimentos potenciais compensam os riscos", conclui o guru de investimentos.