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Como escolher ativos no exterior? Fintech Nomad aposta em robô advisor

Recomendação de portfólios com ETFs e ações no mercado externo é feita com uso de machine learning a partir do perfil do investidor; aplicação mínima é de 100 dólares

Lucas Vargas, CEO do Nomad: banco digital voltado a brasileiros no exterior passa a oferecer carteiras de investimentos (Leandro Fonseca/Exame)
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Marcelo Sakate

Publicado em 22 de abril de 2021 às 06h15.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 10h39.

Uma das principais dificuldades para o investidor brasileiro que decide diversificar a sua carteira no exterior é saber escolher os ativos mais adequados ao seu perfil e ao horizonte de tempo. Apenas nas bolsas americanas existem cerca de 6.000 companhias listadas. São mais de 2.200 ETFs (os fundos de índice). E por aí vai na oferta à disposição.

De olho na "dor do investidor", a fintech Nomad, voltada para dar acesso a brasileiros que moram no país a serviços financeiros diversos nos Estados Unidos, começou a oferecer portfólios montados com o uso de modelos com robôs advisors (assessores) e machine learning. A tecnologia foi adquirida de uma startup de ex-alunos do MIT e de Stanford.

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"Entendemos que há uma dor do investidor brasileiro, pessoa física, de alta renda, que passou anos bem atendido pela renda fixa. Esse investidor está ávido por alternativas que possam ajudá-lo a gerenciar o seu portfólio", afirmou Lucas Vargas, CEO da Nomad, à EXAME Invest . Ele faz menção ao diagnóstico já difundido da necessidade de buscar outras classes de ativos para rentabilizar o patrimônio em tempos de juros mais baixos.

"Há investidores que não possuem nem tempo nem dinheiro para fazer trade de ações no exterior por meio de corretoras", complementa o executivo em relação à proposta da fintech de oferecer recomendação por meio de algoritmos, com a supervisão de um CIO (executivo-chefe de investimentos).

O algoritmo gera possíveis portfólios com diferentes alocações de ativos adequadas a três perfis de risco: um mais conservador, outro mais moderado e um terceiro mais agressivo. A definição dos perfis ocorre de maneira semelhante à do mercado brasileiro, a partir de respostas a questões que incluem a tolerância a risco e a expectativa de duração do investimento.

A oferta de carteiras recomendadas aos três perfis representa, por sua vez, a porta de entrada da fintech ao segmento de investimentos no exterior, em particular nos Estados Unidos. Os portfólios são compostos por ETFs dos mais variados temas -- como small caps e commodities -- e ações.

Mais produtos estão por vir, diz Vargas, antecipando que serão lançados portfólios temáticos em um segundo momento. Os dois primeiros foram decididos a partir da demanda dos próprios clientes: tecnologia e ESG.

Quando faz menção ao varejo de alta renda que está na base da Nomad, o executivo diz que é o investidor que em média tem cerca de 130 mil reais já alocados em aplicações financeiras. Mas faz a ressalva de que o valor de entrada é mais baixo, a partir de 100 dólares.

O depósito pode ser feito diretamente na conta de investimentos aberta nos EUA, o que se traduz em uma alíquota de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de 0,38%. É abaixo do 1,1% cobrado de transferência para conta bancária. Tudo por meio do aplicativo da fintech.

O uso de algoritmos, por sua vez, permite à fintech cobrar uma taxa de administração de 0,5% ao ano, um custo mais baixo em relação aos 2% que são padrão em fundos brasileiros que investem no exterior.

No perfil mais conservador, o portfólio tem uma parcela maior de ETFs de renda fixa no exterior para reduzir o risco dos ativos. No mais agressivo, essa composição prevê uma fatia reduzida desses ativos mais conservadores.

Vargas ressalta que a proposta da Nomad é que o brasileiro tenha uma parte do seu patrimônio no exterior, o que significa que o risco do dólar -- uma eventual desvalorização da moeda, por exemplo -- é atenuado no prazo mais dilatado. "O risco é em dólar, mas a conta é em dólar, a carteira também, está tudo lá fora", afirma.

Segundo ele, o capital dos clientes da Nomad alocado no exterior atende em geral a dois propósitos: um de curto prazo, como despesas de viagens programadas ao exterior. E outro é a construção de patrimônio de longo prazo, o que significa que o cliente está de certa forma protegido da volatilidade de curto prazo nas cotações da moeda americana.

Banco de brasileiros em dólar

A oferta de investimentos é mais um passo dentro da trajetória acelerada da Nomad. A fintech fundada pelos experientes empreendedores seriais Eduardo Haber, Marcos Nader e Patrick Sigrist entrou em operação comercial no fim de 2020.

Em menos de seis meses, a fintech superou a marca de 10.000 clientes brasileiros não-residentes nos Estados Unidos. A meta é chegar ao fim de 2021 com 100 mil clientes.

A Nomad nasceu com uma conta corrente digital em dólar voltada para não-residentes, em parceria com um banco americano, além de um cartão de débito virtual na moeda americana. A parceriagarante aos clientes a cobertura de depósitos até 250 mil dólares peloFederal Deposit Insurance Corporation (FDIC), equivalente ao Fundo Garantidor de Créditos.

A conta de investimentos, por sua vez, é segurada pelo SIPC (Securities Investors Protection Corporation), que oferece mecanismo de proteção de até 500 mil dólares.

Também é oferecida atualmente a remessa para o exterior. O atendimento sobre produtos e serviços é feito em português, o que é apresentado pelos sócios como um dos diferenciais da fintech. O principal é a "oferta transversal" de produtos para o cliente, afirmam.

"Queremos ser o banco dos brasileiros em dólar", afirmou Sigrist, um dos fundadores do iFood, à EXAME Invest em novembro passado.

O objetivo mais ambicioso de Sigrist, Haber e Nader é tornar a Nomad um hub de serviços financeiros nos Estados Unidos para brasileiros. Isso significa que, uma vez com recursos na conta americana, o cliente terá acesso a produtos disponíveis em todo o mercado, e daí o passo importante dado agora com investimentos.

 

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