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As lições dos megainvestidores Buffet e Lynch, segundo 3 gestores

Assunto foi tema de painel que encerrou a primeira noite do BTG Invest Talks 2021, evento gratuito para investidores

Buffett e sua filosofia de investimento de valor influenciou milhares de profissionais do mercado financeiro (David A. Grogan/Getty Images)

Buffett e sua filosofia de investimento de valor influenciou milhares de profissionais do mercado financeiro (David A. Grogan/Getty Images)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 5 de outubro de 2021 às 10h08.

Última atualização em 5 de outubro de 2021 às 10h30.

Grandes investidores americanos, como Warren Buffet e Peter Lynch, moldaram o jeito como investimos. E isso se estende aos profissionais que cuidam dos nossos investimentos.

No último painel do primeiro dia do BTG Invest Talks, evento gratuito promovido pelo BTG a investidores, o educador financeiro André Bona recebeu três gestores para falar sobre o que aprenderam com ambos: Bruno Barreto, sócio da IP Capital Partners; Carlos Pessoa, sócio fundador da Vêneto Family Office; e César Paiva, CEO e fundador da Real Investor.

Buffet dispensa apresentações. É o CEO da gestora Berkshire Hathaway, investidor de grandes empresas, como Coca-Cola e está sempre incluído em listas de homens mais ricos do mundo.

Já Peter Lynch foi um gestor que entregou cerca de 30% de retorno em dólar da década de 70 até os anos 90, quando passou a cuidar de um fundo de pensão de sua igreja e continuou entregando aos investidores retornos de cerca de 40%. Ganhou dinheiro com grandes empresas, como Wal Mart e Taco Bell, mas também com a recuperação de outras, como a Chrysler.

Confira abaixo um resumo do painel:

Evolua constantemente

Barreto aponta que uma grande lição da trajetória de Buffet é a evolução. "No início Buffet comprava ações que estavam muito baratas, pensando em ganhar na recuperação desse valor, mesmo que o negócio não fosse tão bom. Com o tempo, passou a olhar para a qualidade das empresas investidas". A própria IP, conta Barreto, errou no passado ao preferir empresas baratas a companhias fora da curva.

Mas isso, segundo Paiva, da Real Investor, é natural, já que o mercado financeiro também evoluiu. "No começo da carreira de Buffet havia uma grande dificuldade em se obter informações. Então, ele conheceu Benjamim Graham e viu que fazia sentido buscar empresas baratas. Hoje esses dados são obtidos de maneira rápida. Então ele aprendeu com Philip Fisher a gastar sola de sapato e encontrar empresas acima da média, que vão crescer pelos próximos 30 anos."

Questionado por um investidor sobre qual filosofia deveria seguir, se o Buffet do início de carreira ou o grande investidor de valor que se tornou, Buffet respondeu que ambos. A diferença, conta Paiva, é que o primeiro Buffet vale mais para quem tem menos capital, já que os analistas não cobrem empresas menores, que possam estar baratas na bolsa.

"À maneira que o investidor cresce, Buffet lembrou que é mais difícil sair de posições constantemente. Portanto, com mais capital, é preferível aplicar em uma empresa sustentável, que o investidor pode ter de esperar pela rentabilidade por dez anos. Com mais dinheiro, ele pode fazer isso".

Entenda no que está investindo

Lynch classificou as ações em seis tipos: crescimento, alto crescimento, ativos ocultos, confiáveis, cíclicas e pagoras de dividendos, dando dicas valiosas para o pequeno investidor, explica Pessoa, da Vêneto. Cada tipo de empresa irá reagir de uma forma ao longo da aplicação.

Invista no que conhece

Lynch também era defensor de investir no que se conhece.  "Ele costumava dizer que o pequeno investidor, se tiver bom senso e a cabeça no lugar, pode ser melhor que um analista ou gestor, pois a oportunidade de investimento pode estar do lado. Muito investidor fica ouvindo analista, busca uma grande oportunidade enquanto a esposa está ao lado obcecada por produtos de uma empresa de vestuário. Quando você vai se dar conta disso, a moda já passou. É isso que ele sugere: sempre estar conectado com a vida ao redor também".

Contudo, o gestor aponta que há limitações nessa estratégia. "Acompanhar o desenvolvimento de empresas, consumindo seus produtos, é fácil em setores como varejo e o de locadoras de carros, explica Pessoa. "Eu mesmo, por exemplo, alugo todo ano carro nas três locadoras nacionais para verificar como estão se saindo. Mas em alguns setores é muito difícil saber o que está acontecendo, como o de petroquímica".

Olhe a cotação dos seus investimentos uma vez por ano

O fundo Magellan, de Peter Lynch, registrou resultados extraordinários ao longo de sua trajetória e foi considerado o melhor fundo de ação até os anos 90.

Mas Pessoa conta que muitos investidores conseguiram perder dinheiro com ele. Por que? Não seguiram uma máxima de Buffet, de que só deveriam olhar a cotação do fundo uma vez por ano. "Quando a cotação do fundo caia as pessoas saiam. Aí quando começava a dar retorno elas voltavam",

Esse é um grande erro, segundo ele. "O investidor precisa rever a tese, não se prender ao passado e duvidar de promessas, mas precisa principalmente olhar a qualidade da companhia e sua capacidade de gerar lucro. Vejo muita gente olhando apenas para crescimento e fico preocupado".

Ele cita exemplos. A Ambev, por questões regulatórias, segundo ele, chegou a um limite de crescimento. "As pessoas passam a duvidar da sua tese, como duvidaram em relação ao Mc Donald´s no início dos anos 90. Mas a rede de fast food começou a oferecer café, drive thru e sobremesas. Teve capacidade de se reinventar até hoje".

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