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As apostas de 3 gestoras para aproveitar o momento de queda dos ativos

Gustavo Pessoa, fundador e sócio da Legacy Capital, Ricardo Cara, head de multimercado da EQI Asset, e Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Panamby Capital, comentam cenários para 2022

Painel de cotações na B3: há boas oportunidades de compra depois de fortes quedas, afirmam gestores | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
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Bloomberg

Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 20h58.

PorJosue Leonel

Gestores passaram a aproveitar preços descontados para remontar posições em ativos brasileiros como forma de se beneficiar de uma janela de oportunidades antes da esperada volatilidade que virá com as eleições presidenciais de 2022.

A opção é pela compra de real contra outras moedas emergentes em razão dos juros mais elevados, já que a Selic deve atingir dois dígitos no início do próximo ano.

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Apesar do cenário de recessão técnica, a avaliação majoritária é que o Banco Central deve manter o foco no combate à inflação, ainda mais agora que o Federal Reserve deixou de tratar a alta de preços nos EUA como temporária.

Na bolsa, a estratégia é de “garimpo” em busca de nomes suficientemente atrativos para fazer frente ao ambiente macroeconômico adverso e à migração para a renda fixa.

Nos próximos meses, o principal driver será a perspectiva de viabilidade da chamada terceira via na corrida eleitoral, depois da entrada de Sergio Moro, ex-juiz da Lava Jato, na disputa contra Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula.

“Dependendo da viabilidade da terceira via, a cesta que o Brasil oferece é bastante atrativa”, disse Tatiana Pinheiro, economista-chefe da Panamby Capital.

“Estamos entrando nesta eleição com muito prêmio, uma Selic bem alta e já esperando o pior cenário, que seria Bolsonaro e Lula”, disse Gustavo Pessoa, fundador e sócio da Legacy Capital. “Com um bom prêmio de risco precificado, é hora de ter aposta mais otimista em Brasil.”

Essa é a visão dos participantes da última edição do ano do Café com Mercado, da Bloomberg, que contou com:

Apostas no real

No atual cenário de Selic mais elevada, a moeda brasileira volta às apostas dos gestores, depois de ter acumulado desvalorização de mais de 30% desde o início do atual governo. A preferência é por comprar o real contra outras divisas emergentes, em meio ao quadro de volatilidade que tende a se manter com as eleições de 2022.

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“A nossa moeda foi rifada quando o BC cortou muito o juro e o real foi o patinho feio do mundo. Com o juro real subindo, o real passa a ficar mais atraente”, disse Pessoa, da Legacy. “Gostamos do real contra os pares.”

O real já apresenta um “carry muito interessante”, mas o câmbio tende a ser a válvula de escape em caso de volatilidade na eleição, afirmou Cara. Por isso, ele prefere fazer apostas no câmbio via mercado de opções. “O ambiente ainda não é céu de brigadeiro.”

Copom

A expectativa majoritária entre os gestores é que o Copom subirá a Selic em 1,5 ponto percentual nesta semana, na quarta-feira, dia 8, para 9,25% ao ano, e manterá um tom de cautela com a inflação.

O Fed “jogou a toalha” ao afirmar que não considera mais a alta da inflação como temporária e isso vai forçar os outros BCs, inclusive o brasileiro, a serem mais cautelosos na política monetária, disse Pessoa, que prevê a Selic a 12% no final do ciclo.

Segundo Tatiana Pinheiro, ainda há muitas incertezas sobre a inflação e a política fiscal em 2022 e não é hora de o Copom sinalizar desaceleração do ritmo. “O BC vai ter que compensar o afrouxamento fiscal”, afirmou, ao prever a Selic a 11% em março.

A aprovação da PEC dos Precatórios representou o fim da “novela”, mas deixou as travas aos gastos públicos “bastante arranhadas”, o que piora a percepção de juro neutro, avalia Pinheiro.

Ricardo Cara, entretanto, considera que o Copom poderá deixar a porta aberta e “não cravar” um novo aumento da mesma magnitude para a reunião de fevereiro. “Estamos com a visão de que a inflação aqui e lá fora esteja tendo um pico e podemos ver números com estabilidade ou inflexão para baixo.”

Moro no páreo?

Na avaliação de investidores, ativos locais irão se valorizar caso o ex-juiz da Lava Jato se confirme como uma alternativa capaz de fazer frente à polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

Para isso, ele precisaria chegar a um patamar entre 15% e 20% das intenções de voto nos próximos meses, um cenário visto como provável pelos gestores -- atualmente, ele tem 13,7%, segundo pesquisa da Atlas Político divulgada no fim de novembro, atrás de Lula (42,8%) e Bolsonaro (31,5%).

“Se Moro subir para acima dos 20%, já ficará nítido que ultrapassará Bolsonaro. A cada ponto que ele subir o mercado vai melhorando”, disse Pessoa.

“A cada crescimento que ele der, o mercado vai começar a incorporar preço no aumento da probabilidade da terceira via”, concordou Cara.

Para Tatiana Pinheiro, o mercado não tem preferência por um nome específico da terceira via, mas Moro é atualmente o personagem em evidência e, se chegar ao redor de 20%, seu desempenho passará a ser acompanhado “com lupa”.

Garimpo na bolsa

A Legacy saiu da posição vendida e agora está comprada em bolsa, mas de forma seletiva. Segundo Pessoa, é preciso ser muito criterioso para aplicar em um cenário de recessão e juros em alta. A gestora evita, por exemplo, o setor de consumo, que sofre o impacto da inflação elevada. E, para aproveitar o desconto relevante trazido pelo cenário eleitoral, tem as estatais Petrobras (PETR3, PETR4) e Banco do Brasil (BBAS3).

“É um garimpo de companhias menos suscetíveis aos juros”, afirmou Tatiana Pinheiro.

A EQI também está montando uma carteira com empresas descontadas. “É um trabalho de 'formiguinha'. Estamos começando a colocar o pé com calma, não dá para ir de peito aberto”, disse Cara.

Resumo das apostas das gestoras

 

 

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