Exame Logo

As 5 soft skills de carreira que a diretora da Nike aprendeu com o esporte

Conheça a trajetória de Dafna Blaschkauer, diretora de vendas da Nike para Ásia, Pacífico e América Latina

Dafna Blaschkauer, diretora de vendas da Nike Training para Ásia, Pacífico e América Latina (Arquivo pessoal/Divulgação)
MR

Maria Rachel

Publicado em 24 de setembro de 2020 às 15h27.

Última atualização em 24 de setembro de 2020 às 16h08.

Dafna Blaschkauer tem a carreira dos sonhos de muita gente. Começou na Microsoft, como estagiária, passou pela Apple—onde foi a primeira diretora de vendas no Brasil e atualmente é a diretora de vendas da Nike Training para Ásia, Pacífico e América Latina. Foi do escritório central da Nike, em Portland, nos Estados Unidos, que Dafna contou para a EXAME como sua história no esporte e sua trajetória profissional estão mais ligadas do que poderia, a princípio, parecer.

Veja também

Foco e disciplina

A primeira lição veio do seu treinador de tênis. “Sempre fui apaixonada por esportes, e, quando comecei a jogar tênis, treinava e competia em outras modalidades também, como judô, vôlei e natação. Um dia, meu técnico me perguntou qual era meu objetivo com o tênis, ao que respondi: "Ser campeã brasileira”. Foi aí que ela teve uma aula fundamental, para chegar onde desejava seria preciso fazer escolhas. Deixou, temporariamente, os outros esportes e começou a se dedicar, integralmente, ao tênis. Foi assim, que ela aprendeu a primeira lição: para atingir uma meta era preciso ter foco—além da disciplina e trabalho árduo que vem no pacote. “A vida é feita de escolhas e escolhas implicam renúncias. Ao fazermos várias coisas ao mesmo tempo, não conseguimos oferecer o máximo de contribuição para o objetivo que desejamos alcançar”, completou. “Foco não é só dizer 'sim' para alguma coisa. Foco significa também dizer 'não' às centenas de outras boas oportunidades ou ideias que existem. Você precisa selecionar cuidadosamente.”, conta ela, citando a frase que ouviu de Steve Jobs, quando atuou interinamente como country manager da Apple no Brasil e esteve no WHQ da empresa em Cupertino, na Califórnia.

Dafna, na época, abdicou temporariamente dos outros esportes e trancou a faculdade. Como resultado, aos 18 anos foi campeã brasileira de tênis, após ter sido tricampeã paulista e a primeira no ranking de sua faixa etária.

Perseverança e propósito

“Perseverança é a teimosia com propósito”, diz Dafna. Ela contou que, ao começar no tênis, não era a mais talentosa do clube, e o fato de ter iniciado no esporte ‘relativamente tarde’ para quem desejava jogar em alto nível, isso era uma desvantagem competitiva. Para que pudesse compensar isso de alguma forma, entendeu que era fundamental treinar mais do que a média, além da importância da perseverança em busca de seu grande objetivo, e transformar as inúmeras derrotas que teve em sua jornada em sua fonte maior de aprendizado e desenvolvimento. “Eu treinava o que fosse preciso para vencer as partidas. Eu amava o que fazia, então queria entregar o meu melhor. Treinei muito, mas muito mesmo. Eram 8 a 10 horas por dia, de segunda a segunda, sem férias, sem baladas e sem patrocínio. Minha rotina era treinar, comer, dormir, competir, fizesse sol ou chuva e com suporte único e exclusivo da minha mãe, mesmo sem muitas condições. Eu não tinha dúvidas de onde queria chegar e sabia que só conseguiria através de muita dedicação, treino e suor”, contou. E aqui ela faz também uma conexão bem interessante com uma das máximas da Nike ‘Nós estamos sempre na ofensiva’, que traduz a mentalidade de vencer, com a determinação e o sacrifício necessário para ganhar.

Criatividade orientada a resultados

“Costumo dizer que jogar tênis é como uma partida de xadrez, só que em movimento.” Para Dafna, seria muito desafiador jogar de ‘igual para igual’ com as meninas de sua idade, não tendo a mesma variação, força e solidez de golpes, dado o pouco tempo que praticava o esporte. Era preciso ser criativa, com um jogo mais estratégico ao invés de um jogo de força. “Planejava a estratégia de jogo antes da partida, estudava cada adversária cuidadosamente. Assim, conseguia identificar as áreas onde conseguiria tirá-las de sua zona de conforto. Variava a velocidade, ângulo e profundidade de cada bola, encontrando soluções criativas, de forma a dificultar a leitura da adversária durante a partida, e principalmente, tirando seu equilíbrio emocional”, relembra. Criatividade orientada para resultados, hoje, é um dos soft skills mais valorizados e desejáveis no mundo corporativo. Em tempos atuais, em que os budgets e recursos são cada vez mais limitados e incertos, além da agilidade para tomada de decisões, é cada vez mais necessário o profissional com capacidade criativa para trazer soluções com resultados no curto prazo. “Uma frase que tenho usado com certa frequência e que se encaixa perfeitamente no momento único que estamos vivenciando hoje com a pandemia é que ‘a escassez é a mãe da criatividade’”, completa.

Dafna, durante toda sua trajetória, sempre foi uma apaixonada por esportes (Acervo pessoal)

 

Resiliência

“Sem dúvida nenhuma, esta é uma das habilidades mais importante nos dias atuais”, afirmou. Vivemos num mundo cheio de incertezas, vulnerabilidade, complexidade e ambiguidade, como o coronavírus nos provou. Para ela, a vivência nas quadras antecipou este cenário. “Aprendi a lidar com cobrança, expectativa e a controlar minhas emoções para performar sobre alta pressão desde cedo. A inteligência emocional teve—e tem—um papel fundamental”, diz Dafna. No tênis, segundo ela, é comum aos tenistas quando começam a competir, a viver o que no meio chamam de ‘branco’. “É quando você tem a sensação de que ‘perdeu’ todos os golpes e movimentos, e não consegue mais acertar nenhuma bolinha. Para conseguir um bom desempenho nestas condições, é necessário treinar e jogar em muitas competições, em diferentes tipos de quadra, adversário e clima. Assim, essa ‘musculatura’ é desenvolvida e fica tão natural como se fosse um jogo de treino ou ainda melhor”, ela conta.

Aqui, uma curiosidade interessante. Dafna sempre jogou com torcida contra, a qual acabou contribuindo e muito a seu favor. Por ter começado tarde no tênis competitivo, aos 14 anos, o público estava sempre inclinado a torcer por suas adversárias, que já eram mais conhecidas no meio e com posições de destaque no ranking. Obstinada e determinada que era, soube usar isso a seu favor. “No começo não foi fácil. Perdi muito antes de começar a vencer, porém, com muito treino e os aprendizados a cada derrota, eu não apenas me adaptei a jogar com a pressão da competição como também jogava ainda melhor com a torcida contra.”, disse.

 

Na Nike, Dafna consolidou a união entre carreira e paixão pelo esporte (Acervo pessoal)

Mindfulness

“É fundamental estar 100% presente no momento da partida.” O tênis, em particular pelo fato de ser um esporte individual, exige 100% da concentração do atleta em cada bola. “Se, em um momento, você se distrai pensando em problemas fora da quadra, é quase certo que você vai  perder aquele ponto, colocando em risco a partida. Muitos jogos você decide no detalhe, às vezes até mesmo em uma única bola, assim como na vida pessoal e corporativa”. Na Apple, tínhamos um mantra que define muito bem esta obsessão pelo detalhe: “O diabo está nos detalhes”; uma afirmação que os usuários da Apple, provavelmente, tenderiam a concordar em uníssono. Em tempos de covid-19, quando muito se fala da importância do mindfulness como um instrumento fundamental para aliviar a ansiedade, a lição não poderia ser mais adequada. “Aprendi que devemos focar e colocar a energia nas variáveis que podemos controlar. O passado já aconteceu, e o futuro irá acontecer em decorrência das decisões que tomamos no presente. O presente é o momento que realmente importa, pois é o único sobre o qual temos controle”, complementa.

Dafna conta que, além dos soft skills que adquiriu, o esporte trouxe muitas outras lições e aprendizados para sua carreira, mas, sobretudo, entendeu a importância da paixão para ter sucesso e ser feliz qualquer que seja a escolha em sua vida. “A paixão é o combustível mais importante para tudo o que fazemos. Warren Buffett tem uma fala que gosto muito: “Sem paixão você não tem energia, e sem energia, você não tem nada. Quando vou contratar alguém para meu time, além das qualificações, sejam hard ou soft skills, e o fit com a posição e a cultura da empresa, tento identificar durante a entrevista se há a energia e a paixão do candidato. O famoso ‘brilho nos olhos’”, ela conta. Não restam dúvidas de que foi sua paixão tanto pelo esporte quanto pela cultura das empresas em que trabalhou, que a levaram ao sucesso.

As lições de Dafna para o mundo corporativo são muitas, e todas com muita história—e conquistas—para comprovar. Não é toda hora que encontramos alguém tão bem-sucedido na união entre paixão, carreira e motivação. Se a Nike tem como propósito declarado levar inspiração e inovação para todos os atletas do mundo, sejam eles profissionais ou não, a diretora de vendas da Nike Training é puro propósito e energia, das quadras ao escritório central da empresa. Hoje, além de manter o esporte como uma de suas paixões, é apaixonada por entender o comportamento do consumidor, por café e pela tecnologia, onde atua como mentora com foco em diversidade e na inclusão de mulheres em posições de liderança no mundo corporativo. E, como boa treinadora que é, não termina a entrevista sem aconselhar o download do aplicativo Nike Training Club, “para treinar em casa, nesses tempos de pandemia”, ela recomenda. O aplicativo da Nike é gratuito.

 

Dafna é uma das professoras convidadas daCria Schoolpara o curso de formação emestratégia de marketing digital, onde ensina foco e produtividade. Para saber mais sobre o curso, que se propõe a oferecer em quatro meses o conteúdo de quatro anos de universidade de marketing, visite a homepage da Cria.

 

Acompanhe tudo sobre:EXAME-no-Instagram

Mais lidas

exame no whatsapp

Receba as noticias da Exame no seu WhatsApp

Inscreva-se

Mais na Exame