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Irã manterá diálogos sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido

Encontro abordará temas como Palestina, Líbano e as tensões recentes com a Agência Internacional de Energia Atômica

Masoud Pezeshkian: presidente do Irã é considerado um líder progressista; ele chegou ao poder em julho (Alexander NEMENOV/AFP)

Masoud Pezeshkian: presidente do Irã é considerado um líder progressista; ele chegou ao poder em julho (Alexander NEMENOV/AFP)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 24 de novembro de 2024 às 14h54.

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O Irã anunciou, neste domingo, 24, que manterá diálogos nesta semana sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido, após esses países apoiarem uma resolução que denuncia a falta de cooperação de Teerã.

O porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baqai, informou que a reunião será realizada na sexta-feira, mas o local ainda não foi revelado.

Irã e Europa debatem temas internacionais e regionais

“Será debatida uma série de assuntos regionais e internacionais, incluindo o tema da Palestina e do Líbano, além da questão nuclear”, declarou o porta-voz em comunicado.

O Irã apoia o movimento libanês Hezbollah e o grupo islamista palestino Hamas, ambos em conflito com Israel. Baqai afirmou que esta reunião é uma continuidade dos diálogos iniciados em setembro, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.

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Na quinta-feira, os três países europeus, aliados dos Estados Unidos, apresentaram uma resolução que critica a falta de cooperação do Irã em relação ao seu programa nuclear durante uma reunião da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

O texto foi aprovado por 19 dos 35 Estados-membros da Junta de Governadores da AIEA.

Resposta iraniana após moção da AIEA

Em reação à resolução, Teerã anunciou, na sexta-feira, que colocará em funcionamento “novas centrífugas avançadas” em seu programa nuclear.

Os países europeus que apoiaram a moção argumentam que o Irã está acumulando grandes quantidades de urânio altamente enriquecido, o que poderia ser usado para o desenvolvimento de uma arma nuclear.

O Irã, no entanto, defende o direito ao uso da energia nuclear para fins civis e nega veementemente qualquer intenção de obter uma arma atômica.

Compromissos e tensões sobre o acordo nuclear

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, um líder progressista que chegou ao poder em julho e defende o diálogo com o Ocidente, destacou que busca eliminar as “dúvidas e ambiguidades” em torno do programa nuclear iraniano.

Em 2015, o Irã assinou um acordo com as potências mundiais, prevendo o alívio de sanções internacionais em troca de garantias de que o país não desenvolveria armas nucleares. Contudo, em 2018, os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do acordo, durante a presidência de Donald Trump.

Desde então, o Irã vem reduzindo progressivamente sua cooperação com a AIEA. Teerã também aumentou suas reservas de urânio enriquecido e restringiu o acesso dos inspetores da ONU às suas instalações nucleares.

O Reino Unido confirmou a participação na reunião com França, Alemanha e Irã, reafirmando seu compromisso diplomático. “Seguimos comprometidos com a adoção de todas as medidas diplomáticas necessárias para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares, inclusive mediante as cláusulas de retorsão, se for necessário”, declarou o Ministério das Relações Exteriores britânico.

O acordo de 2015 também prevê mecanismos para a reativação de sanções caso haja “descumprimento significativo” dos compromissos assumidos pelo Irã.

Após a saída dos Estados Unidos do pacto, Teerã tem endurecido sua posição, ao mesmo tempo que mantém conversas com países europeus para buscar avanços diplomáticos em um cenário de crescente pressão internacional.

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