"Fomos dormir e acordamos em 2025", diz diretor da Febraban sobre o Pix
Em debate do Future of Money, especialistas mostram expectativa alta para início das operações com o Pix e acreditam em adoção massiva e acelerada
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 29 de outubro de 2020 às 19h42.
Última atualização em 11 de novembro de 2020 às 17h36.
No quinto painel do Future of Money — evento online da EXAME para discutir inovação financeira e o futuro do dinheiro com especialistas convidados — o assunto foi o Pix . E os participantes demonstraram grandes expectativas com o novo sistema de pagamentos do Banco Central, que começará a ser testado nos próximos dias.
"Um dia fomos dormir e, quando acordamos, estávamos em 2025", disse Leandro Vilain, diretor de política de negócios e de operação da Febraban. "A gente esperava essa evolução para daqui cinco ou até mais anos", completou, fazendo referência ao cenário favorável à digitalização dos meios de pagamento, motivada não apenas pelo Pix mas também à pandemia do novo coronavírus, que aumentou o uso de plataformas digitais de pagamentos.
"Hoje, 40% das transações financeiras são feitas com dinheiro em espécie, o que gera custos tanto para o governo quanto para a população", afirmou Pedro Coutinho, CEO da GetNet, que demonstra otimismo em relação à adoção do Pix pelos brasileiros, mas faz uma ressalva:
"É o consumidor quem dá as cartas. O Brasil ainda transaciona mais de 30 milhões de cheques por mês, que às vezes pensamos que sequer existem mais. Tudo depende de uma boa experiência para o consumidor, e se isso acontecer, é muito provável que boa parte migre para o digital".
Diretora de operações do Mercado Pago, Elaine Shimoda acredita que a experiência do uso de plataformas digitais durante a pandemia também pode ajudar a popularizar o uso do Pix e a superar dificuldades ligadas à necessidade de se aprender a utilizar uma nova tecnologia: " Quando o consumidor enxerga benefício, ele aprende rápido. Foi assim com o auxílio emergencial, que não apenas bancarizou milhões de pessoas, como as trouxe para o digital. Muita gente agora chega ao Pix com o conhecimento adquirido nesse processo".
Sobre o impacto do Pix nos demais métodos de pagamento utilizados no Brasil, Coutinho não enxerga riscos para o mais tradicional deles: o cartão de crédito. Para ele, nem tudo será substituído pelo Pix, e o cartão de crédito é um desses casos: "O brasileiro precisa de crédito. A indústria brasileira faturou 1,8 trilhão de reais no ano passado, e 65% deste valor foram pagos com cartões de crédito. Metade desse valor, inclusive, com parcelamento de até 12 vezes", disse.
Não são apenas os especialistas que estão otimistas com o início das operações do Pix. Consumidores e as próprias instituições também seguem o mesmo caminho, e números do Banco Central sustentam a afirmação: hoje, a mais de 15 dias do lançamento oficial do sistema, já são mais de 50 milhões de chaves cadastradas pelos consumidores e 762 instituições financeiras credenciadas para utilizar o Pix.
Assista ao debate sobre o Pix, mediado pelo editor da EXAME, Filipe Serrano, no player abaixo. E, para ver a agenda com as próximas lives do Future of Money, basta clicar aqui.