Ministério da Defesa utilizará soluções em blockchain para defesa nacional
Publicação no Diário Oficial credencia a GoLedger para desenvolver soluções em blockchain como parte da estratégia de defesa nacional do Exército Brasileiro
Cointelegraph Brasil
Publicado em 23 de setembro de 2021 às 18h56.
Uma portaria assinada pelo general e ministro da Defesa Braga Netto, publicada no Diário Oficial da união nesta quinta-feira, credenciou a empresa brasiliense GoLedger para oferecer soluções em blockchain para Produtos Estratégicos de Defesa (PED) como parte do planejamento de segurança nacional das Forças Armadas brasileiras.
De acordo com a Portaria Normativa n.º 86/GM-MD, de 13 de dezembro de 2018, PEDs são produtos de interesse estratégico para a defesa nacional. Podem configurar-se como um bem, serviço, obra ou informação que, "pelo conteúdo tecnológico, dificuldade de obtenção ou imprescindibilidade, seja de interesse estratégico para a defesa nacional”.
Outra portaria publicada na mesma data também qualifica a GoLedger como Empresa Estratégica de Defesa (EED). Tal chancela é imprescindível para que a empresa seja habilitada à prestação dos serviços descritos acima.
A portaria de 2018 determina que as EED's se enquadrem nas seguintes normas: sejam pessoas jurídicas com sede no Brasil que não tenham 2/3 de sócios estrangeiros, estudem e pesquisem sobre o tema de interesse, disponham de comprovado conhecimento técnico, e assegurem a continuidade produtiva no Brasil.
Em seu site oficial, a GoLedger se apresenta como uma empresa especializada em desenvolver blockchains privados e permissionados sob demanda e baseados no framework Hyperledger, da Linux Foundation.
Entre os serviços oferecidos pela empresa, há soluções para identificação digital de pessoas a partir de cadastro biométrico, controle completo de cadeias produtivas através do rastreamento e certificação de produtos, realização de auditorias 100% digitais e até mesmo a implementação de um sistema de votação totalmente on-line.
Em um depoimento ao site Livecoins, Otávio Soares, o chefe de operações e cofundador da GoLedger, afirmou ter passado por um rígido processo de avaliação, que teve início no final de 2018, até a efetivação do credenciamento.
Ele ainda disse que toda a tecnologia a ser disponibilizada para a estratégia de defesa nacional do Ministério da Defesa já esta apta a ser adotada imediatamente, pois a empresa conta com uma “plataforma de orquestração de redes blockchain desenvolvida 100% pela GoLedger com características únicas no mundo."
O credenciamento da GoLedger como a EED vai ajudar a promover a tecnologia blockchain brasileira no resto do mundo, afirmou Soares, acrescentando que o novo status da empresa não impõe restrições às operações de seus demais produtos e serviços blockchain. Soluções nas áreas de negócios,contratos inteligentes, entre outros setores seguirão sendo oferecidos pela GoLedger.
O credenciamento da GOLedger acontece dias depois da tecnologia blockchain virar tema subjacente de um debate mais amplo sobre o controle e o rastreamento de armas no Brasil.
Em abril do ano passado o presidente Jair Bolsonarorevogou uma portariado próprio Exército que estabelecia controles mais rígidos sobre armamentos e munições através da tecnologia blockchain. Em seguida, o Exército revogou outras três portarias no mesmo sentido, referendando a decisão do presidente.
Na semana passada, o PDT e o PSOL ingressaram com uma ação junto ao STF (Supremo Tribunal Federal) para julgar a incostitucionalidade dos atos.
O ministro Alexandre de Moraes acatou o pedido dos partidos e suspendeu a eficácia de portarias que revogavam as normas que instituíram o Sistema Nacional de Rastreamento de Produtos Controlados pelo Exército (SisNar).
A decisão foi submetida ao colegiado para análise de mérito, mas, devido a um pedido de vista do ministro Kassio Nunes Marques, todas as onze ações que tramitavam no plenário virtual sobre vários decretos de armas editados pelo presidente Bolsonaro e outros órgãos do governo foram temporariamente suspensas.
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