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Melhor semestre em dois anos: os fatores que fizeram o bitcoin disparar 85% e novas perspectivas

Descubra a visão de especialistas sobre a alta do bitcoin e das criptomoedas no primeiro semestre de 2023 e as previsões para os próximos seis meses

(Reprodução/Reprodução)
Mariana Maria Silva

Repórter do Future of Money

Publicado em 7 de julho de 2023 às 19h18.

Última atualização em 7 de julho de 2023 às 19h36.

No primeiro semestre de 2023 o bitcoin deu início a um movimento de recuperação das grandes perdas do “inverno cripto” em 2022. Acumulando alta de aproximadamente 85% nos primeiros seis meses do ano, a maior criptomoeda do mundo em valor de mercado teve o seu melhor semestre em dois anos.

Segundo especialistas, alguns acontecimentos durante o período foram essenciais para que o otimismo de investidores retornasse para o bitcoin e as criptomoedas após um período tão difícil do setor, que enfrentou a crise da FTX, falências e a postura agressiva do Federal Reserve no aumento da taxa de juro dos Estados Unidos.

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Valter Rebelo, analista de criptoativos da Empiricus Research, elencou três fatores que colaboraram para alta do bitcoin: a abertura da China, a crise bancária nos Estados Unidos e a solicitação de ETF de bitcoin da BlackRock.

“A abertura da China e a crise dos bancos nos EUA geraram uma injeção de liquidez no mercado. Quando isso acontece, propicia a tomada de risco, porque as pessoas querem tomar risco mas com crédito. E aí você tem uma injeção de crédito e isso corrobora para que os ativos de risco performem melhor”, explicou.

“A BlackRock é a maior gestora de ativos do mundo, com trilhões sob custódia. E eles querem fazer essa abertura. É um veículo que vai dar uma baita de uma porta de entrada não só para os investidores institucionais, que não querem se expor por exemplo ao risco de custódia, mas também investidores de varejo. Todo mundo que não tem familiaridade com carteiras de custódia digital, ou como operar nesse ambiente de blockchain, pode usar um veículo de investimento como um ETF que é algo bem mais prático”, acrescentou Rebelo.

José Gabriel Bernardes, sócio da Fuse Capital, também pontuou a solicitação do ETF da BlackRock como um dos principais fatores que impulsionaram o otimismo para o bitcoin.

“É a primeira vez que alguém desse porte e que tem um companheirismo forte com a regulação e é o maior distribuidor de ETFs do mundo. Se for aprovado é muito provável que a gente veja um fluxo enorme entrando para o bitcoin”, comentou, em entrevista à EXAME.

Além do ETF, José Gabriel mencionou a correlação do mercado cripto com as finanças tradicionais. “No lado macro vemos uma correlação forte com os mercados de ações, tanto o índice S&P 500 quanto o Nasdaq subiram e obviamente o bitcoin, por ser mais volátil, subiu também e subiu mais”, disse.

Criptos de maior destaque

Além do bitcoin, que subiu 85% e teve seu melhor semestre nos últimos dois anos, outras criptomoedas também tiveram destaque no primeiro semestre de 2023.

Valter Rebelo mencionou as performances de Bitcoin Cash e Lido Finance, que foram superiores à do bitcoin no período. “A gente vê que esses análogos ao bitcoin, que são blockchains parecidos com a proposta do bitcoin, eles performaram muito bem por causa de um grande uso do blockchain do bitcoin que causou congestionamento e altas taxas. Então você viu participantes do mercado migrarem para outros blockchains como Litecoin e Bitcoin Cash”, afirmou.

Já José Gabriel, da Fuse Capital, citou a criptomoeda Conflux, de um blockchain baseado na China que acumula alta de 740%, e a Render, que subiu 381% e segue a narrativa de descentralização do processo de computação de GPUs.

“Isso é relevante porque todas essas plataformas de inteligência artificial como ChatGPT e Bard usam GPU para processar os dados e não necessariamente todos os GPUs usam 100% da capacidade de processamento. Algo como a Render consegue usar esse processamento extra e ajudar outros projetos”, explicou.

Além destas duas criptomoedas, o especialista ainda mencionou o volume de transações do ether, criptomoeda nativa da rede Ethereum, e as criptomoedas mencionadas pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês) no processo contra a corretora Coinbase. Segundo a autarquia, criptomoedas como Solana e Cardano, que estão entre as maiores do mundo em valor de mercado, configuram valores mobiliários não registrados.

Perspectivas para o próximo semestre

Para o segundo semestre, todas as atenções devem estar voltadas para a aprovação do ETF da BlackRock e para o cenário regulatório mundial, concordaram os especialistas em entrevista à EXAME.

“O que mais vai importar no segundo semestre vão ser as coisas que estão relacionadas à regulação, principalmente nos EUA. É a única legislação que está enfrentando uma queda de braço entre dois reguladores e a gente não sabe o que vai acontecer lá. Por ser o maior mercado de capitais do mundo, isso tem um reflexo para todos os países e também para os preços em geral”, disse Valter Rebelo, da Empiricus Research.

O cenário brasileiro também se destaca, por outro lado, com sua inovação. No Brasil, o Marco Regulatório das Criptomoedas já entrou em vigor em junho e o Banco Central desenvolve o Real Digital.

“É preciso levar em conta como os reguladores estão se posicionando para criar produtos em blockchain. A gente vê isso no Brasil, o Roberto Campos Neto junto com o Banco Central criando uma transparência forte do que vai ser blockchain para o Brasil e o que vai ser o Real Digital”, disse José Gabriel, da Fuse Capital.

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