Lucro e diversificação de carteira fazem interesse feminino em criptomoedas dobrar; entenda
Mulheres perdem o medo de arriscar na hora de investir e escolhem as criptomoedas para diversificar seu portfólio; dados da Receita Federal apontam crescimento significativo em declarações de CPFs femininos
Repórter do Future of Money
Publicado em 8 de março de 2023 às 16h13.
Dados divulgados pela Receita Federal mostraram que em janeiro de 2023, o número de operações com criptoativos feitas por mulheres émais que o dobrodo número de janeiro de 2021, além do aumento no valor de tais operações.
Apesar do aumento, a porcentagem de operações femininas envolvendo criptoativos ainda é de 25,87%, contra 74,13% de operações realizadas por homens. O valor das operações também quase dobrou desde janeiro de 2021, ficando com 17,17% contra 82,83% dos homens.
As criptomoedas se apresentam como uma nova classe de ativos de risco, área em que as mulheres sempre estiveram em minoria. Um estudo da Fidelity mostra que apenas 33% das mulheres se sentem confiantes em sua capacidade de tomar decisões de investimento.
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Perfil de investimentos feminino
“Quando observamos o perfil da mulher investidora, os dados sempre apontam para a tendência à baixa apetite ao risco. Isso acontece por uma série de motivos, que vão desde o âmbito pessoal, pelo fato de normalmente essas mulheres investidoras chefiarem o seu lar, ou até mesmo a falta de identificação com os ativos, pois sabemos que elas investem em empresas que geram uma relação de confiança e com identificação de propósito”, explicou Fernanda Ribeiro, cofundadora da Conta Black, à EXAME.
Ainda assim, o aumento no interesse das mulheres para as criptomoedas é bastante significativo e “mostra que estamos cada vez mais seguras, sobretudo, investindo em educação para apoiar essa tomada de decisão, uma vez que o nosso perfil é naturalmente mais cauteloso”, acrescentou Fernanda.
Motivos para a adoção das criptomoedas
Avanços no mercado de criptomoedas envolvendo regulamentações e a democratização do acesso à informação sobre suas características, semelhanças e diferenças com o mercado financeiro tradicional podem ajudar a impulsionar a adesão feminina, já muito interessada em diversificação de portfólio.
"À medida que o mercado de criptoativos vai ganhando maturidade e regulamentações, ele tende a despertar mais interesse, pois desbloqueia um leque de possibilidades e permite que as mulheres tenham passe livre para experimentar e diversificar seus investimentos com segurança”, disse Carolina Mello, diretora de marketing da Nodle.
“Acredito que esse aumento no número de mulheres declarando e investindo em criptomoedas está relacionado ao crescimento natural do mercado, a necessidade de diversificação do portfólio, ao aumento da segurança com a regulamentação, a não necessidade de terceiros e até a criação de plataformas que pagam criptoativos para aquelas que estão comprometidas em aprender mais sobre os projetos”, acrescentou. O mercado de criptomoedas já possui uma capitalização superior a US$ 1 trilhão e projetos robustos como Bitcoin e Ethereum.
Capacidade de arriscar
No entanto, é preciso desmistificar a crença de que mulheres não têm conhecimento suficiente e coragem para arriscar nos investimentos. Segundo Gracy Chen, diretora administrativa da BitGet, “mulheres e homens podem perder e ganhar dinheiro. Não acho que seja uma questão de gênero”.
Entre 10 e 15% dos usuários da corretora de Chen são mulheres. Para ela, é nítido que ainda há um longo caminho a percorrer para que o setor se torne mais igualitário. O retorno do investimento foi citado como uma das possibilidades para “criar uma melhor compreensão das criptomoedas e reduzir o estigma em torno delas”.
Quando o assunto é a busca por um cenário mais igualitário entre homens e mulheres no mundo dos criptoativos, outros dados também apontam um avanço feminino.
Uma pesquisa realizada pela empresa de serviços financeiros Bankrate em 2021, constatou que as mulheres eram mais propensas do que os homens a investir em criptoativos. A pesquisa constatou que 16% das mulheres tinham investido em cripto, contra 11% dos homens.
Caminho sem volta
Juliana Walenkamp, que conheceu os criptoativos há seis anos por conta da vontade de um cliente em investir, enxerga muitas oportunidades para as mulheres no setor e não pretende voltar para o mercado tradicional.
“Aprendo todo dia, não consigo olhar para o mercado tradicional e pensar em voltar para ele. As oportunidades que vejo no universo cripto para um futuro próximo são gigantescas”, disse Walenkamp, que atualmente é diretora de vendas institucionais na BitGo depois de passar por empresas cripto como Transfero, Gemini e Ripple.
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