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Disputa entre gamers e mineradores cripto multiplica preço de placas de vídeo

Com alta demanda por por parte de mineradores de criptomoedas, preço de equipamentos utilizados por gamers dispara e provoca 'rixa'

(Bloomberg/Getty Images)
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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 25 de fevereiro de 2021 às 18h11.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2021 às 18h20.

O crescimento gigantesco do mercado de games fez com que o preço — e a complexidade — de equipamentos e hardwares usados para este fim aumentasse consideravelmente nos últimos anos. Agora, um novo fator tem levado a demanda por esses produtos (e também os seus preços), para patamares ainda mais elevados: a mineração de criptomoedas.

Com o aumento no preço dos criptoativos, o interesse pela mineração aumentou e, com isso, a oferta de equipamentos começou a não dar conta da demanda dos mineradores. Eles, então, passaram a investir em equipamentos portáteis de alto desempenho, geralmente usados por gamers, provocando inflação nos preços.

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Nesta semana, a Zotac, empresa de hardware que comercializa placas-mãe, mini PCs e placas de vídeo com a arquitetura Nvidia, publicou uma mensagem no Twitter, fazendo referência à mineração de criptomoedas com uma de suas placas — a Zotac Gaming GeForce RTX 30 Series White Edition — e colocou ainda mais lenha na fogueira: "Um exército de GPUs Zotac Gaming com fome de moedas!", publicou a empresa.

 

O tweet, já apagado, causou revolta em parte dos consumidores da marca, a maioria formada pelo público gamer - a sigla "GPU", citada na mensagem, se refere à "Graphics Processing Unit", a unidade de processamento gráfico das placas de vídeo, equipamento responsável pelo aumento de desempenho nos jogos.

Lançada no mercado internacional no último trimestre de 2020, as placas GeForce RTX 30 Series (3060Ti, 3070 e 3080) se tornaram objeto de desejo, principalmente por oferecerem um desempenho gráfico muito superior aos seus concorrentes. No entanto, com uma demanda muito maior do que a oferta, os aumentos de preço têm sido constantes. E o problema se intensificou ainda mais devido à alta de preço dos criptoativos desde o fim do ano passado.

As placas RTX 3070, por exemplo, que desembarcaram no Brasil há poucos meses partindo de 3.500 reais, hoje estão sendo vendidas a mais de 10 mil. O preço sugerido pela própria Nvidia para a série 3060Ti era de 399 dólares (cerca de 2.200 reais) e teve a sua pré-venda no ínicio de dezembro, em média a 3.600 reais nas maiores lojas de informática do país. Hoje, pouco mais de três meses depois, o mesmo modelo custa 8 mil reais — e isso quando está disponível em estoque, o que é raro.

Como os gamers, de modo geral, não ganham dinheiro com a atividade — possibilidade apenas para quem é profissional ou tem muitos seguidores nas redes sociais — surgiu uma rixa entre os dois universos. De um lado, jogadores que querem acesso aos melhores equipamentos pelo preço mais baixo possível, e do outro os mineradores, que compram muitos equipamentos para maximizar seus eventuais lucros e, com isso, provocam enorme aumento na demanda e nos preços.

Atualmente, a mineração de criptomoedas como o bitcoin e o ether só é viável e lucrativa com um poder computacional muito grande, o que exige muitas máquinas e um alto investimento. Por isso, os gamers reclamam de uma suposta disputa "desleal", já que estão competindo contra empresas, algumas de capital aberto e com lucros exorbitantes, que compram muitas unidades e não se importam com variações de preço.

Algumas companhias, inclusive, já estão desenvolvendo produtos exclusivos para mineração, fazendo com que os dois universos não tenham que disputar entre si pelos mesmos equipamentos — caso, por exemplo, da MSI. A própria Nvidia já anunciou plano semelhante, quando divulgou, no último dia 18, que está criando uma linha de placar focadas apenas na mineração de criptomoedas, incapazes de trabalhar com gráficos ou serem usadas em jogos.

Até que os dois mercados se desvinculem um do outro, seja com equipamentos portáteis exclusivos para cada mercado, ou com o abastecimento do mercado com a grandes máquinas usadas pelos mineradores, a concorrência pelos equipamentos tende a continuar bastante alta — assim como os seus preços.

 

 

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