CBDCs e moedas privadas

Criptomoeda do Facebook, diem deve ser lançada ainda em 2021

Quase dois anos após projeto ser revelado e com novo nome e novo formato, criptomoeda do Facebook deve ter primeiro teste prático ainda esse ano

 (Chesnot/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 20 de abril de 2021 às 11h53.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 08h40.

Em 2019, o Facebook criou o projeto de uma criptomoeda que prometia revolucionar o sistema financeiro. O escrutínio de órgãos reguladores, especialmente após os escândalos envolvendo a empresa de Mark Zuckerberg, como da Cambridge Analytica, mudaram os planos. A criptomoeda libra mudou de nome para diem, empresas parceiras abandonaram o projeto e até o modelo da moeda digital foi alterado. Mas agora ela deve finalmente sair do papel.

A Diem Association, organização sem fins lucrativos baseada na Suíça, pretende lançar a criptomoeda ainda em 2021. E, diferente do que estava planejado, a diem não será mais lastreada em uma cesta de diferentes moedas, mas apenas no dólar.

Segundo uma fonte ligada ao projeto, que preferiu não se identificar, ouvida pela CNBC, o piloto com a nova criptomoeda do Facebook será lançado em pequena escala, com foco nas transações em consumidores individuais. Também haverá opção de utilização da Diem para pagamento de compras online.

"A tecnologia da diem mudou drasticamente no último ano e meio, de um blockchain ingênuo para um blockchain muito sofisticado que visivelmente está tentando responder a algumas das perguntas que os reguladores tinham", disse Ran Goldi, CEO do Digital Assets Group, que desenvolve a infraestrutura para que lojistas aceitem diem como método de pagamento.

"Acredito que 'abrirão os portões' ainda este ano. E será uma oportunidade perdida se não o fizerem. Ao mesmo tempo, é uma de várias iniciativas acontecendo e é algo similar à compra de bitcoin pela Tesla. É parte de um grande movimento, e não um movimento novo", afirmou Michael Gronager, CEO da empresa de análise de blockchain Chainalysis.

Dois anos depois de abalar o mercado de criptoativos com a proposta de lançamento do libra, o Facebook perdeu uma série de parceiros no projeto. Visa, Mastercard, PayPal, eBay e Vodafone foram algumas das empresas que deixaram o consórcio. Desde então, a mudança no nome e nos rumos do projeto tenta deixar o passado de lado e focar no futuro.

Apesar das perdas, do atraso e das mudanças, o lançamento da criptomoeda do Facebook pode ter enorme impacto no mercado de criptoativos e outros setores, já que a rede social ainda tem enorme alcance através de todos os seus produtos - Facebook, WhatsApp e Instagram, principalmente - e que a empresa ainda tem suporte de companhias como Shopify, Spotify e Uber.

"O que você ganha tendo uma instituição como o Facebook dando suporte à uma stablecoin é uma distribuição muito melhor. Você pode adicioná-la à aplicativos e vários outros lugares e eu acredito que isso é um ponto forte", explicou Gronager. "E ainda vai permitir que as pessoas participem do mercado cripto muito mais facilmente".

Depois de muitas idas e vindas, o projeto da criptomoeda do Facebook parece finalmente estar perto do seu primeiro teste prático. Apesar de ainda não ter data definida, é bastante provável que aconteça ainda em 2021 e traga consigo respostas para perguntas que já completam quase dois anos de existência, especialmente sobre o impacto que um projeto desta magnitude pode causar no mercado de criptoativos.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.

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