Após fala de presidente do Fed, Ethereum sobe 16% e bitcoin ultrapassa US$ 23.800
Situação econômica nos Estados Unidos impulsiona mercado de criptomoedas, que sustenta altas e eleva otimismo de investidores
Mariana Maria Silva
Publicado em 28 de julho de 2022 às 11h58.
Última atualização em 28 de julho de 2022 às 13h18.
O mercado de criptomoedas inicia esta quinta-feira, 28, otimista após o desfecho da última “superquarta”. O aumento de 0,75% na taxa de juros dos Estados Unidos impulsionou um movimento de recuperação que já vinha tentando se estabelecer no início da semana, elevando a capitalização do mercado em 10% e fazendo com que o bitcoin ultrapassasse os US$ 23 mil, de acordo com dados do CoinGecko.
A principal criptomoeda do mundo ultrapassou US$ 23.300 na madrugada entre o dia 27 e 28. No momento, a criptomoeda sobe ainda mais, e cada bitcoin vale US$ 23.804, com alta de 10,44% nas últimas 24 horas.
Apesar de já ter se demonstrado negativo para os ativos de risco em um passado recente, o aumento da taxa de juros norte-americana pelo Fed foi um “movimento visto como um sinal positivo, por estar de acordo com o que o mercado esperava”, segundo Thiago Rigo, analista da Titanium Asset Management.
O país enfrenta a maior inflação dos últimos 40 anos. No entanto, o ciclo de aumentos na taxa de juros pode ser reduzido, a fim de evitar a desaceleração da economia norte-americana. Tal fator pode explicar a boa performance do bitcoin frente a notícia, acredita Thiago Rigo.
“A taxa de juros americana se encontra agora numa faixa entre 2,25 a 2,50, e é bem possível que veremos duas novas altas de 0,50 pontos até um patamar por volta de 3,50, uma meta precificada como restritiva ao avanço da inflação sem matar a atividade econômica do país”, afirmou.
O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos recuou 0,9% no segundo trimestre em comparação com o trimestre anterior, informou o Centro de Análises Econômicas nesta quinta-feira, 28. O dado, apesar de preliminar e sob revisão, coloca o país em recessão técnica.
O quadro de recessão costuma ser atribuído quando há uma queda generalizada e significativa na maior parte dos setores da economia, e é declarado oficialmente pelo Centro de Análises Econômicas. A recessão é definida pelo órgão como “um declínio significativo na atividade econômica espalhada por toda a economia, com duração superior a alguns meses, normalmente visível na produção, emprego, renda real, e outros indicadores”.
No entanto, o presidente do Fed descarta uma recessão efetiva, de acordo com a Reuters. “Recessão é um declínio disseminado entre muitos setores da economia, e não parece ser esse o caso agora”, afirmou Jerome Powell. A desaceleração econômica no segundo trimestre teria sido “notável”, mas a economia ainda caminha para crescimento, segundo ele.
Indicadores de sentimento do mercado cripto indicam que cada vez mais, o pessimismo é deixado de lado por investidores. Com pontuação 32 no momento, o Índice de Medo e Ganância aponta para “medo” após meses em situação de “medo extremo”. Ele pode ser utilizado por investidores para auxiliar em sua tomada de decisão quando o assunto é a compra e venda de criptomoedas.
Enquanto isso o ether, a segunda maior criptomoeda do mundo, é cotada a US$ 1.730 e apresenta alta de 16% nas últimas 24 horas, de acordo com dados do CoinMarketCap. Além do movimento atual do mercado, a criptomoeda nativa da rede Ethereum é impulsionada pelas expectativas otimistas quanto à sua próxima atualização, afirma Thiago Rigo, analista da Titanium Asset Management.
Entre as 20 maiores moedas por valor de mercado, também se destacam, segundo dados do CoinMarketCap:
• Solana: + 7,80%
• Polkadot: + 10,79%
• Polygon: + 7,92%
• Avalanche: + 7,56%
• Uniswap: + 24,89%
• Ethereum Classic: + 24,42%
O analista da Titanium Asset Management pontuou que a inclusão de uma nova solução em blockchain pode otimizar e reduzir as taxas de transação na rede Ethereum. “Recentemente, a Polygon começou a fase de testes de uma solução para a rede Ethereum, a zkEVM, que deve reduzir as taxas de transação na rede em até 90%. A expectativa é que com a realocação de pequenas transações para camadas inferiores da blockchain, a camada principal possa ser usada para negociações grandes e que precisam de um maior nível de segurança”.
Os aspectos técnicos do movimento de alta
Lucas Costa, analista do BTG Pactual e especialista em tecnologia blockchain pela Universidade Federal de Juiz de Fora, revela quais são as perspectivas para as duas principais criptomoedas, bitcoin e ether:
“O bitcoin continua em recuperação. O destaque fica para a alta de 8% no dia de ontem, após o anúncio da elevação da taxa de juros americana em 0,75%. A alta dos juros foi em linha com o esperado, aliviando os temores de um Fed mais agressivo. O resultado foi uma alta de aproximadamente 2,58% no S&P 500 e cerca de 4,20% no Nasdaq, melhorando a percepção de risco dos agentes.
O movimento de alta recente do bitcoin possui uma relação curiosa com o ether. Os avanços na política de transição de prova de trabalho (PoW) para prova de participação (PoS) da rede Ethereum podem ter melhorado humor criptoesfera, com a segunda maior cripto performando melhor que o bitcoin.
O gráfico tem em azul o % de dominância do bitcoin, que se encontra em 42%, com investidores aumentando posições em projetos alternativos, e consequentemente, no ether. A linha laranja mostra a divisão entre o preço do bitcoin e ether, movimentos de alta sinalizam um aumento do bitcoin superior ao ether, enquanto queda na linha representa uma perda de força do bitcoin em relação ao ether.
Observamos uma divergência entre o aumento de preço do bitcoin, porém, em taxas inferiores à segunda maior cripto. Isso mostra que, apesar de um cenário de recuperação recente nas criptos, o maior ganho de valor está nos periféricos ao bitcoin. Os movimentos citados contribuem para uma alta mais consistente, uma vez que existe aumento de valor de mercado como um todo e não em um projeto só.
O gráfico diário ainda mostra tendência de baixa no médio prazo, mas tentativa de reversão para alta no curto prazo. O preço fez rompimento da média móvel de 50 e 21 dias, mostrando um momento decisivo para definição de tendência.
A resistência em US$22.000 foi rompida e se tornou o principal suporte (troca de polaridade), movimento reforçado pela formação de um fundo mais alto que o anterior. As próximas resistências são US$27.000, região de fundo anterior que havia sido perdida, e a média móvel de 200 dias em US$34.350.
A tendência dos prazos maiores ainda é de queda, mas perde força e acreditamos em um cenário de recuperação no curto prazo, acompanhado por uma melhora nos mercados globais.”
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