Experiência com público na Copa América pode servir de teste para a FIFA, alertam especialistas
Alto poder aquisitivo de europeus e asiáticos, e capacidade de organização dos americanos são alguns dos pontos citados
Redação Exame
Publicado em 15 de julho de 2024 às 06h00.
Um exemplo disso ficou por conta dos Estados Unidos, sede principal da próxima Copa do Mundo de 2026, ao lado de México e Canadá. No duelo de abertura contra a Bolívia, no AT&T Stadium, o estádio teve pouco mais de 50% de ocupação, com 48 mil presentes dos 80 mil disponíveis.
No confronto seguinte, diante do Panamá, 59.145 torcedores foram ao Mercedes-Benz Stadium, com capacidade para 71 mil. Já na última rodada da 1a Fase, quando acabou eliminado pelo Uruguai e teoricamente um confronto mais expressivo, valendo classificação, a taxa de ocupação foi quase de totalidade no Arrowhead Stadium, com capacidade para 76 mil torcedores.
De acordo com especialistas, no entanto, os números podem ser considerados aceitáveis e dentro dos padrões latinos, mesmo com a taxa de ocupação total da competição ser em torno de 60%, de acordo com números do Transfermarkt.
“Os números de comparecimento certamente teriam sido mais expressivos se a seleção dos EUA não tivesse sido eliminada logo no início. Mas, para quem pagou entrada, o torneio foi um enorme sucesso. O torcedor aprecia cada vez mais as experiências e os benefícios além do ingresso, e os EUA fazem essa entrega melhor do que ninguém. Nesse sentido, a Copa do Mundo de 2026 pinta como a mais espetacular de todas", analisa Joaquim Lo Prete, Country Manager da Absolut Sport no Brasil, agência oficial da Conmebol para pacotes de viagem às finais da Copa Libertadores e da Copa Sudamericana, além da própria Copa América 2024.
"Só entre imigrantes e filhos desses interesse pelo futebol nos Estados Unidos é similar ao nosso, e não acredito que alguém esperava um número relevante de norte-americanos de outros grupos nos jogos. Esse é o primeiro fator contrário a ocupacao máxima de enormes estádios", pontua Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa de entretenimento norte-americana, comandada pelo cantor Jay-Z, que gerencia a carreira de centenas de atletas.
Os confrontos das semifinais disputadas nesta semana, por exemplo, foram um sucesso. Argentina e Canadá levaram 80 mil pessoas ao Metlife Stadium, cuja capacidade é de 82,5 mil pessoas. Já Colômbia e Uruguai recebeu mais de 70 mil torcedores no Bank of America Stadium, com capacidade para 75 mil pessoas. A decisão entre argentinos e uruguaios, que acontece no próximo domingo (14), vai ser disputada no Hard Rock Stadium, com capacidade para 65.326. Os bilhetes estão praticamente esgotados.
Até o início da competição, a Conmebol anunciou ter vendido mais de 1 milhão de ingressos para os jogos da Copa América, e a previsão é que chegue a 1,5 milhão até a final, números considerados expressivos.
A média dos preços dos ingressos na competição foi de US$ 200 (R$ 1.078 na cotação atual). Nos jogos semifinais, variaram entre US$ 249 (R$ 1.363, na cotação atual) e o mais caro, US$ 1.006 (R$ 5.509)
De acordo com Thiago Freitas, COO da Roc Nation, o preço não foi um problema. "Para os que vivem no país, todos os jogos tinham ingressos equivalentes a um dia ou dois de trabalho, mesmo para quem recebe o menor salário. Se alguns estádios não são cobertos, e o calor neles gera enorme desconforto, vários deles são mais confortáveis do que nossos shopping centers, por exemplo", aponta o executivo, que acrescenta um fator imnportante a esse debate, considerando que a Copa do Mundo de 2026 tende a ser um sucesso.
"Os Estados Unidos não lotarem suas partidas pode ser motivo de preocupação por serem os anfitriões. Pensando neles, diria que vale trabalharem aproximação com a torcida e confiança, tanto pelo apoio esportivo como pelo sucesso comercial. Mas a Copa do Mundo do Catar teve mais de 96% dos lugares vendidos mesmo com os ingressos mais caros da história, e várias nacionalidades gastaram pequenas fortunas em bilhetes, hospedagem e passagem aérea. A verdade é que ver seleções dos quatro cantos do planeta e craques globais têm mais peso. Além disso, a média de público da Copa América não deve ficar muito atrás da Eurocopa (47.000 x 50.000, aproximadamente). Com tudo isso, acho que a preocupação em trabalhar a venda de ingressos é sempre válida mas a procupação é exagerada.", acrescenta Alexandre Mota, Diretor de Criação da End to End, empresa que conecta o torcedor à sua paixão e é um hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo.