TIM cria comitê estratégico para levar ESG para o alto escalão
O comitê formado por membros do conselho de administração quer garantir a existência de projetos e estabelecer métricas de avaliação
Maria Clara Dias
Publicado em 28 de janeiro de 2021 às 18h48.
Última atualização em 28 de janeiro de 2021 às 19h10.
Depois de uma década entre as empresas mais bem avaliadas quanto às suas práticas de governança na B3, a TIM decidiu dar um passo adiante na agenda ESG. A empresa anunciou a criação de um comitê estratégico para assuntos sociais, ambientais e de governança que pretende tratar de temas como ética, diversidade e sustentabilidade com o alto escalão da companhia.
O grupo criado em 2021 é formado por membros do conselho de administração, incluindo o presidente Nicandro Durante e o CEO da empresa no Brasil, Pietro Labriola.
A ideia é que o comitê avalie o plano geral da empresa, revisando metas, garantindo a execução de projetos e estabelecendo indicadores para cada tipo de ação voltada para o universo ESG. “Entendemos que ESG, na dimensão econômica da empresa, deve ter tanta relevância quanto as demais letras e assuntos”, diz Mario Girasole, vice-presidente de assuntos regulatórios e institucionais da TIM.
Segundo Girasole, o grande desafio será conseguir, acima de qualquer análise quantitativa, métricas para avaliar o desempenho das ações. A dor é comum no setor, que ainda sofre com a carência de indicadores claros para avaliar a efetividade das ações socioambientais de empresas em todo o mundo.
No dia a dia, os temas relacionados a ESG funcionam em três diferentes níveis na TIM, segundo Girasole. O primeiro deles é no nível executivo, que sustenta a atuação ligada à diversidade e inclusão. O conselho de administração, por sua vez, tem responsabilidade exclusiva pela definição de todas as atividades socioambientais e de governança a nível estratégico. Isso significa que, com o recém-lançado comitê, o tema chega agora à esfera de tomada de decisão.
Em terceiro lugar está o braço operacional da empresa, que fica a cargo de executar o que é planejado nos patamares superiores.
Histórico sustentável
A relação com o ESG não é uma novidade para a TIM. A empresa de telefonia já instituiu presença no índice de sustentabilidade da B3 (ISE) pelo 13º ano consecutivo. A carteira deste ano reúne 46 ações, de 39 empresas de 15 setores. Juntas, as companhias somam 1,8 trilhão de reais em valor de mercado. Junto com a Telefônica, a TIM é a única empresa de telefonia a compor o índice.
Além disso, a TIM tem 1,2% de participação no índice de carbono eficiente (ICO2) da B3 e declara ter emitido, 66.883 toneladas de carbono em 2020. O ICO2 é um dos principais índices para comprometimento ambiental e transparência na declaração de emissões de gases de efeito estufa das empresas, e contempla as 100 companhias mais líquidas da bolsa, ou seja, as empresas com as ações mais comercializadas do mercado.
Além da presença em índices ESG da B3, em 2021, a TIM completa dez anos no Novo Mercado, maior nível de governança corporativa da bolsa de valores brasileira.
Segundo Girasole, a TIM já possuía comitê consultivo voltado para o ESG há pelo menos dois anos, mas a criação de um comitê responsável por de fato definir as estratégias da companhia quanto ao posicionamento socioambiental surgiu das novas exigências do mercado financeiro. “Entendemos que recursos, pessoas e governança são a tradução empresarial do que de fato é o ESG. São atuações complementares”, diz Girasole.
Com a criação do comitê de alto escalão, o momento da empresa envolve agora não apenas a transparência na divulgação de informações ESG — atitude que tem estabelecido a presença da TIM nos últimos índices da B3 — mas também no desenvolvimento de uma série de ações que relacionam os fatores ambientais e sociais ao risco financeiro. “Não é possível ter um selo carimbado de ESG, esse é um percurso de evolução. Na TIM, isso também acontece", diz.
Os planos não param por aí: a empresa quer ater, até o fim do ano, 80% da energia vinda de fontes renováveis, produzidas nas 60 usinas próprias da empresa. Do ponto de vista da diversidade e inclusão, a TIM reserva metade das 300 vagas de estágios abertas em 2021 para candidatos negros, por exemplo.
Tendo o conselho de administração como o direcionador estratégico da empresa, a TIM espera que seja escrito um novo capítulo na estratégia da empresa e no seu posicionamento. “Teremos um posicionamento que é um conjunto de iniciativas, mas coerente em relação à nossa ambição de ser uma empresa que considera o ESG como prioridade”, diz.