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Retrospectiva ESG 2022: a consolidação da agenda ESG do BNDES

Além de assumir diversos compromissos ESG, durante o ano de 2022, o BNDES realizou muitos projetos de governança e com foco em justiça socioambiental; confira

BNDES: Presidente da instituição, Gustavo Montezano. (Leandro Fonseca/Exame)
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Fernanda Bastos

Publicado em 29 de dezembro de 2022 às 07h28.

Os parâmetros ESG (da sigla em inglês, ambiental, social e governança) têm se tornado prioridade na lista de preocupações das empresas, e oBanco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ( BNDES ) não ficou de fora dessa. Pelo contrário, em 2022, o banco mergulhou no universo ESG com diversas iniciativas como compra de créditos de carbono, projetos de financiamento de pequenos e médios negócios e apoio para empreendedores de baixa renda.

Ainda em fevereiro, o posicionamento foi oficializado quando o presidente da instituição, Gustavo Montezano, comunicou que o banco teria estratégias bem estabelecidas para abraçar critérios socioambientais e de governança durante o ano de 2022. O comunicado foi feito em uma carta ao mercado, onde Montezano deixou claro o papel relevante do banco com relação a agenda climática, como por exemplo, o mercado de créditos de carbono dizendo “A exemplo do que o Banco fez no mercado de capitais brasileiro no início do século, podemos ter um papel-chave no desenvolvimento desses novos mercados”.

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Já na área social, os compromissos assumidos seriam com foco na educação: “Vamos atuar na educação básica e em projetos de qualificação profissional, promovendo capacitação e contribuindo para a redução do desemprego estrutural”, afirmou Montezano.

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Após esses compromissos assumidos, o BNDES lançou editais para aquisição de créditos de carbono. No primeiro edital, o banco comprou R$ 8,7 milhões e, no segundo, havia a expectativa de investir R$ 100 milhões em uma nova rodada de créditos de carbono. No edital, eram elegíveis projetos com foco em energia (sobre biomassa e metano), agricultura sustentável – além de reflorestamento, redução de emissões por desmatamento e degradação florestal.

Em outubro, o banco fez uma parceria com a Padtec, fornecedora de equipamentos de telecomunicações que trabalha com empresas provedores de internet, para criar um fundo de direitos creditórios (FDIC) para financiar pequenos e médios fornecedores. O projeto contava com recursos do fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel) e o aporte do BNDES no fundo se aproximava de R$ 80 milhões. A expectativa era que a iniciativa impactaria cerca de 400 mil pessoas, sendo que dezenas de pequenos e médios provedores poderiam contar com financiamento para a compra de equipamentosda Padtec.

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O programa do BNDES para “ativos verdes” abrange mais de 17 milhões de hectares, o que corresponde a duas vezes a área de Portugal. Foi em novembro deste ano que anunciaram que o banco ganhará mais 15 “ativos verdes”, como a inclusão de áreas preservadas pelo governo do estado do Amapá, o Parque Nacional Chapada dos Guimarães, em Mato Grosso, os parques estaduais de Ibitipoca e Itacolomi, em Minas Gerais,e o Parque Nacional de Jericoacoara, no Ceará. O acontecimento foi anunciado pelo diretor de concessões e privatizações do banco, Fábio Abrahão, durante a 27ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27), no Egito. Com isso, a carteira em estruturação do BNDES chegará a 32 projetos de reservas florestais e a 46 de parques naturais.

Ainda em novembro, o banco declarou que apoiaria a capacitação em gestão de 30 mil empreendedores de baixa renda todo o território nacional. A iniciativa aconteceu pelo Movimento Pra>Frente, da Fundação Dom Cabral (FDC), através da disponibilização de uma plataforma online com vídeos, podcasts, e-books e testes. O projeto contou com um apoio do BNDES Fundo Socioambiental com mais de R$ 12 milhões. A expectativa era que, pelo menos, 30 mil pessoas fossem capacitadas até 2025, dentre eles, mulheres, pretos, jovens empreendedores, trabalhadores informais, microempreendedores individuais (MEI), pessoas em situação de vulnerabilidade e de baixa renda e desempregados.

BNDES na COP27

Outro evento importante durante o ano de 2022 foi a participação do BNDES na COP 27, Conferência do Clima da ONU (Organização das Nações Unidas), que aconteceu no balneário egípcio de Sharm el-Sheikh. Lá, o banco divulgou em uma carta seus compromissos climáticos de longo prazo. Um dos principais pontos foi o que a instituição pretende fazer para atingir a neutralidade de carbono até 2050. A ambição é que, com esses objetivos, a companhia se estabeleça como principal agente de fomento da nova economia no Brasil, com metas, uma agenda ESG clara e estratégias para engajar empresas e outras instituições financeiras.

Dentre as seis metas gerais estabelecidas, destacam-se: neutralização das emissões dos escopos 1, 2 e as relacionadas a viagens a negócios e deslocamento de funcionários (casa-trabalho) a partir de 2025, definição, em 2023, de metas de engajamento para acelerar a transição dos seus clientes para a neutralidade em carbono e definição, e definição das metas de neutralidade para as carteiras de crédito direto, indireto e renda variável em 2023.

“Não faz sentido, para o BNDES, estar em projetos que não sejam sustentáveis”, afirmou Montezano, que participou de um evento organizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil.

Ainda na COP27, o presidente do BNDES afirmou, em um evento organizado pelo Pacto Global da ONU no Brasil, que os povos da floresta devem ser vistos como potenciais parceiros no desenvolvimento de novos mercados e novas frentes de atuação na bioeconomia. Por isso, ele acredita que o BNDES possa viabilizar projetos e não apenas dinheiro. “Um banco de desenvolvimento tem de pensar em abrir mercados, esse é o maior desafio. Apenas colocar dinheiro aqui ou ali não vai resolver, é preciso gerar conhecimento. Nosso papel é apoiar as empresas a tirar proveito dessa agenda global”, afirmou.

Para a gestão do banco de desenvolvimento, fomentar a transição para a economia de baixo carbono deve ser uma estratégia perene, até 2050. “Essa é uma estratégia perene. O banco é uma agente de estado, não de governo”, afirma Bruno Aranha, diretor de crédito produtivo e socioambiental do BNDES.

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