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Retorno em ESG exige tempo e educação corporativa, diz CEO da Vox Capital

Para Daniel Izzo, empresas devem estabelecer metas no longo prazo para serem capazes de reduzir impactos sociambientais

Daniel Izzo, CEO da Vox Capital; Mariana Oiticica, co-head de ESG do BTG Pactual e Diego Benetti, Diretor do BRASA Talks (Exame/Exame)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 24 de novembro de 2020 às 21h38.

Mensurar o impacto das ações com foco em ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança) só será viável às empresas no longo prazo e quando aliada à uma profunda mudança cultural. A afirmação foi feita por Daniel Izzo, cofundador e CEO da Vox Capital, gestora de investimentos de impacto, durante o BRASA Talks, evento online de economia, investimentos e mercado financeiro que aconteceu nesta terça-feira (23).

Ações no longo prazo e ESG são temas de painéis da BRASA Talks; acompanhe

O painel “ESG: A Nova Fronteira do Mercado Financeiro”, também contou com a participação deMariana Oiticica, co-head de ESG do Banco BTG Pactual, e buscou esclarecer a diferenças entre investimentos de impacto e de ESG, além de pontuar as boas práticas para empresas e mapear o atual momento do Brasil na adoção de princípios ESG.

Segundo Izzo, o investimento de impacto se preocupa com a atividade principal da companhia. Também procura mensurar  o retorno socioambiental, e não apenas financeiro de um produto ou projeto. Enquanto isso, ESG está voltado à toda a cadeia de valor, levando em consideração também os aspectos de governança.

No entanto, há uma complementaridade entre os dois temas. “Você pode ter uma empresa com impacto positivo, mas carente em ESG, assim como pode ter uma empresa com práticas invejáveis de ESG e bom relacionamento com stakeholders, mas com péssimo impacto social e ambiental”, diz.

ESG e retorno financeiro

A pandemia fez com que o tema ganhasse tração e escala no mercado brasileiro. Para Izzo, o mesmo efeito se replica no caso dos investimentos de impacto, o que exige das empresas uma gestão focada em resolução de problemas. “O impacto deve ser gerido como qualquer outro aspecto do negócio”, diz. “Isso vai desde a análise de investimento até a compreensão de como o negócio pode resolver o problema final para o qual ele foi criado”.

Ainda não é possível mensurar o valuation de uma empresa a partir do seu investimento em ESG. Contudo, já é possível afirmar que companhias os melhores índices têm menores custos de capital, afirma Mariana, do BTG. “Não conseguimos mensurar em quanto tempo o retorno virá, mas é possível dizer que a empresa será mais agradável aos investidores”, diz.

A ampla variedade de métricas para a análise de ESG, segundo Mariana, causa certo conflito para traçar um panorama sobre a situação do tema no Brasil, ao mesmo tempo, em que há uma escassez de informações prestadas por empresas. “As empresas divulgam seus relatórios de sustentabilidade, mas eles não são tão completos quanto deveriam, e faltam informações para caminharmos nesse mercado”, diz.

Para os especialistas, a eficácia dos investimentos de impacto e ESG partem da transformação cultural das empresas e de uma educação corporativa voltada à sustentabilidade. “Para ser bem feita, uma análise ESG deve levar em conta não apenas os dados numéricos e técnicos, mas deve conversar com a realidade da empresa, e se ela toma atitudes coerentes com o que está escrito no papel”, explica Mariana.

“A preocupação com temas sociais é inevitável. Os impactos em torno de investimentos e do empreendedorismo é crescente, mesmo que a velocidade ainda não seja considerada a ideal”, “Temos que olhar no longo prazo, pois é preciso preparação e resiliência para chegar nos resultados esperados” diz Izzo.

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