"Proposta desnecessária": acionistas da Apple mantêm políticas de diversidade
Em reunião anual, conselho da Apple convenceu que programas para representatividade não apresentam riscos jurídicos


Editora ESG
Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 13h54.
Última atualização em 26 de fevereiro de 2025 às 13h55.
A Apple confirmou nesta terça-feira, 25, que manterá suas políticas de diversidade e inclusão após votação em assembleia de acionistas, rejeitando proposta do National Center for Public Policy Research que sugeria o fim desses programas.
Conforme adiantado pela companhia semanas atrás, a assembleia votaria a continuidade das iniciativas de diversidade depois que o grupo conservador incluiu a proposta de desmanche na pauta. Na ocasião, a Apple já havia sugerido que manteria os programas, respaldada não somente pela visão institucional, mas pela confiança em suas estruturas de compliance.
A orientação se confirmou. Acionistas rejeitaram a tentativa de eliminar as políticas afirmativas, contrariando a tendência crescente entre grandes corporações americanas que têm reduzido ou eliminado tais iniciativas após a reeleição do presidente Donald Trump.
Proposta conservadora alegava riscos legais
No documento apresentado para votação, o National Center for Public Policy Research argumentou que os programas DE&I da Apple representavam potencial risco jurídico, citando decisões recentes da Suprema Corte dos EUA, que segundo eles, questionaram a legalidade de tais iniciativas corporativas.
Dois casos foram destacados: em Harvard, no qual a Suprema Corte decidiu em 2023 que a discriminação racial em admissões universitárias viola a cláusula de proteção igualitária da 14ª Emenda; e no processo contra a cidade de St. Louis, que determinou que o Título VII da Lei dos Direitos Civis protege contra transferências discriminatórias de emprego e reduziu o limite para que funcionários processem empregadores por discriminação.
De acordo com o grupo conservador, essas decisões judiciais ampliariam os riscos legais para empresas com programas de diversidade. A proposta ainda mencionou as várias grandes empresas que já recuaram em seus compromissos com diversidade, como Alphabet, Meta, Microsoft e Zoom.
Destas, algumas chegaram a demitir equipes inteiras. Portanto, explicavam no texto, "os acionistas deveriam pedir à Companhia que considerasse abolir seu programa DE&I, políticas, departamento e metas".
Conselho considerou proposta desnecessária
Em relatório divulgado nesta mesma terça-feira, o conselho da Apple apresentou argumentos firmes contra a ideia, enfatizando três pontos principais. Primeiro, classificou a proposta como "desnecessária", destacando que a empresa "já possui um programa de compliance bem estabelecido" que monitora e evolui suas práticas de acordo com os riscos de conformidade.
Segundo, argumentou que o pedido "tenta inadequadamente restringir a capacidade da Apple de gerenciar suas próprias operações comerciais ordinárias, pessoas e equipes, e estratégias de negócios".
E afirmou que a abordagem reflete "determinações cuidadosas sobre conformidade legal e práticas comerciais que exigem análise complexa, conhecimento extenso e compreensão das leis trabalhistas e outras regulamentações em múltiplas jurisdições".
Por fim, o conselho destacou sua supervisão ativa dos riscos legais e regulatórios. A empresa explicou que seu Comitê de Auditoria supervisiona riscos relacionados à c onduta empresarial e questões legais, enquanto o Comitê de Pessoas e Compensação auxilia na supervisão de estratégias relacionadas às equipes da Apple.
Durante a reunião, o CEO Tim Cook ponderou que a empresa poderia fazer mudanças futuras "conforme o cenário legal evolua. "Mas nossa estrela-guia de dignidade e respeito por todos, e nosso trabalho nesse sentido, nunca vai vacilar", afirmou.