Pessoas com deficiência são menos de 5% da força de trabalho no país, aponta estudo
Pesquisa da Diversitera, startup voltada para pesquisas de diversidade e inclusão, aponta que falta de acessibilidade nas empresas e remuneração desigual são alguns dos desafios vividos pela população


Repórter de ESG
Publicado em 1 de outubro de 2024 às 07h00.
Há 34 anos, a Lei de Cotas estabelece que empresas com mais de 100 funcionários devem destinar de 2% a 5% das vagas para a contratação de pessoas com deficiência. Mesmo com a implementação da lei, a inclusão dessa população no mercado de trabalho ainda é um dos desafios sociais e econômicos que o Brasil enfrenta.
Pessoas com deficiência, que são quase 9% da população brasileira, representam 4,6% da força de trabalho no país, conforme dados da startup Diversitera, voltada para pesquisas sobre diversidade, equidade e inclusão.
Além do capacitismo, preconceito ou discriminação contra pessoas com deficiência, outro fator que afasta essa população do mercado de trabalho é a falta de acessibilidade nos locais de trabalho. Dos respondentes da pesquisa, 37% afirmam que o local onde trabalham é parcialmente ou nada acessível.
Inclusão na prática
Segundo o CEO da Diversitera, Marcus Kerekes, os dados mostram que as empresas não priorizam a efetiva inclusão desses profissionais. Ele destaca que acessibilidade é uma necessidade que vai muito além dos processos seletivos e contratações.
“ É comum encontrarmos situações em que oprofissional com deficiêncianão tem acesso a condições mínimas de acessibilidade. Por exemplo, uma pessoa cega que não tem acesso a um software de leitura de tela, ou um funcionário surdo que se comunica em Libras, mas trabalha em um ambiente onde ninguém compreende ou sabe se expressar na língua”, explica Kerekes.
Para o CEO, as empresas precisam rever suas políticas de inclusão e criar espaços que priorizem a acessibilidade. Ele destaca que “existem problemas que podem ser resolvidos de maneira rápida e eficaz, com grande impacto na qualidade de vida desses colaboradores. Acredite, solucionar essas questões é muito mais simples e barato do que se imagina”, ressalta.
Desigualdade salarial
Outro dado importante levantado pela pesquisa é a diferença salarial entre profissionais com deficiência e seus colegas: segundo o estudo, eles recebem, em média, 14% a menos em relação a trabalhadores que não têm deficiência e ocupam cargos equivalentes.
O estudo também mostra que as empresas, em geral, não priorizam o desenvolvimento e o crescimento profissional de pessoas com deficiência, focando nas contratações para atender às exigências legais.
Marcus Kerekes aponta que as companhias que ainda não implementam a diversidade e inclusão em seu escopo de trabalho ignoram os benefícios gerados para o negócio, como o enriquecimento do repertório criativo e analítico da equipe, além da pluralidade na criação de produtos e na avaliação de riscos.
“A trajetória de vida de cada indivíduo molda suas habilidades profissionais e, no caso das pessoas com deficiência, isso se torna ainda mais evidente, trazendo contribuições únicas e valiosas para o mercado”, conclui Kerekes.
Confira imagens da cobertura da EXAME na Assembleia Geral da ONU de 2024, em Nova York

2 /72O presidente Lula, durante discurso na 79ª Assembleia Geral da ONU, em Nova York(World Leaders Speak At The 79th Session Of The United Nations General Assembly In New York)

3 /72NEW YORK, NEW YORK - SEPTEMBER 23: As world leaders gather in New York for the UN General Assembly, (L-R) Bill Gates and Luiz Inácio Lula da Silva speak on stage during the annual Goalkeepers NYC event, hosted by the Bill & Melinda Gates Foundation, at Jazz at Lincoln Center in New York City, September 23, 2024. The event is a catalyst for action linked to the UN's 17 Sustainable Goals, bringing together leaders and changemakers from around the world to make progress towards ending poverty, fighting inequality, and stopping climate change by 2030. Roy Rochlin/Getty Images/AFP (Photo by Roy Rochlin / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / Getty Images via AFP)(Goalkeepers 2024 Event NYC)

4 /72Brazil's President Luiz Inacio Lula da Silva speaks during the 79th Session of the United Nations General Assembly at the United Nations headquarters in New York City on September 24, 2024. (Photo by TIMOTHY A. CLARY / AFP)(UN-DIPLOMACY-UNGA-SILVA)
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