Tdeu Almeida, Ceo da Repassa (Cláudio Gatti/Reprodução)
Da Redação
Publicado em 21 de junho de 2022 às 11h28.
Última atualização em 21 de junho de 2022 às 11h37.
Quando foi a última vez que você comprou uma peça de roupa? Com a ascensão das fast-fashions (um modelo de produção em que os produtos são fabricados, consumidos e descartados constantemente e com muita rapidez), comprar roupas e descartá-las quando saíssem de moda passou a ser um hábito comum.
Aliás, com o Brasil entre os 10 países que mais gastam com roupas e acessórios do mundo, é provável que você tenha comprado pelo menos 1 peça de vestuário no último mês. Mas com o aumento da concorrência aliado à inflação, as estratégias para diminuir o preço das peças, aumentar as vendas e acompanhar essa tendência de consumo descartável têm impactado negativamente o meio ambiente e, principalmente, a sociedade.
Segundo a Associação Brasileira de Indústria Têxtil (ABIT), a indústria da moda gera 175 mil toneladas de resíduos têxteis por ano, no Brasil. Uma das fibras mais utilizadas no mercado, o poliéster, é responsável pela emissão anual de 32 das 57 milhões de toneladas globais de gás carbônico na atmosfera.
Mas não é apenas a produção que colabora para o impacto ambiental negativo desta indústria. Segundo relatório da Ellen MacArthur Foundation, o ciclo de vida curto das peças também resulta em perdas na casa dos US$ 500 bilhões por ano em descartes nos aterros - que praticamente não são reaproveitados.
Segundo Tadeu Almeida, fundador e CEO da Repassa (uma loja online de roupas usadas), em média, usamos apenas 7x uma peça de roupa depois que compramos.
Procurando por propósito, Tadeu decidiu deixar sua carreira como publicitário para empreender, fundando a Repassa em 2015. A empresa tem a missão de ampliar o ciclo de vida das roupas que não são mais usadas, gerando impacto socioambiental positivo. Na prática, ela funciona como uma intermediadora entre vendedores e compradores de peças “gentilmente usadas” (que estão usadas, mas em condições ótimas).
Com milhares de peças à venda e preços que variam de R$6 a R$10.000, incluindo artigos de luxo com 80% de desconto, a Repassa, somente em 2021, promoveu a doação de quase 210 mil itens e de R$ 1,7 milhão em dinheiro para mais de 20 projetos sociais em todo o país.
Para vender alguma peça, o vendedor solicita uma ‘sacola do bem’ na plataforma do Repassa, reúne as roupas que quer revender e envia a sacola ao centro de controle de qualidade da empresa. Uma vez que as peças são aprovadas para venda, elas são fotografadas, catalogadas e cadastradas na loja online.
Com relação ao preço original, o comprador pode economizar até 90% na compra, além de adquirir uma peça muito mais sustentável e exclusiva. Quem vendeu a peça, por sua vez, recebe o valor através de uma carteira digital e tem a opção de: sacar o dinheiro, doar o dinheiro para mais de 30 ONGs apoiadas pela Repassa ou usar o valor para comprar peças com desconto na própria plataforma - estimulando ainda mais a economia circular.
“Para mim, o produto mais sustentável é aquele que já existe. Quando ampliamos o ciclo de vida de qualquer peça de roupa, estamos, naturalmente, diminuindo o impacto ambiental gerado na produção deste produto”, comenta Tadeu. Segundo o empresário, as ações da Repassa de promover o aumento do ciclo de vida das peças podem abater em até 82% os impactos gerados na produção delas.
Otimista, Tadeu acredita que, cada vez mais, a economia circular e a sustentabilidade compõem a lista de prioridades das empresas. E isso fica ainda mais nítido se analisado o comportamento dos consumidores. Para ele, as novas gerações são mais engajadas social e ambientalmente, o que colabora para que o consumo ocorra de forma mais consciente.
Para Tadeu, é a pressão dos consumidores que ajuda a demandar de grandes varejistas mais responsabilidade corporativa.
É o caso da Lojas Renner SA, dona do Repassa, que assumiu um protagonismo na sustentabilidade e implementou iniciativas em todas as etapas da indústria para tornar a moda mais circular. Como, por exemplo: produzir produtos de maior qualidade para aumentar a durabilidade das peças, utilizar algodão orgânico na produção das roupas e assumir a operação do Repassa para ampliar o ciclo de vida dos produtos.
Tadeu Almeida foi um dos convidados do mais recente painel do ESG Summit 2022 da EXAME, um evento gratuito que reúne especialistas, empresários e referências no mundo ESG para discutir quais os próximos passos deste mercado no Brasil e no mundo.
Com patrocínio de nomes como Ambev, Ambipar e CPFL Energia, e apoiado pelo Pacto Global da ONU, o evento ainda contará com mais 1 dia de convidados nesta quarta-feira, 22 de junho. Para acompanhar ao vivo, é necessário fazer a sua inscrição gratuita clicando aqui ou no botão abaixo:
QUERO ASSISTIR AO PRÓXIMO DIA DO ESG SUMMIT 2022 DA EXAME
Para ouvir o papo completo com Tadeu Almeida e conhecer melhor a história da Repassa, confira o vídeo abaixo: