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Pampa Sul-Americano no Brasil perde área equivalente a 65 vezes o município de Porto Alegre

A vegetação nativa cobre menos da metade do bioma, segundo o MapBiomas

Pampa: o bioma é um dos mais ameaçados, segundo o MapBiomas (Creative Commons/Reprodução)
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Fernanda Bastos

Publicado em 16 de dezembro de 2022 às 13h01.

Última atualização em 16 de dezembro de 2022 às 13h51.

Divulgados nesta quarta-feira, 14, pelo MapBiomas, mapas e imagens de satélite mostram que o Pampa Sul-Americano, localizado na Argentina, Brasil e Uruguai, perdeu 20% da vegetação campestre durante o período de 1985 e 2021. O contingente corresponde a 8,8 milhões de hectares de campos nativos e 260 mil hectares de florestas perdidas. A coletânea de imagens é a cobertura mais completa sobre o bioma. A coleção anterior, lançada no ano passado, analisou somente o período dos anos 2000 a 2019.

Agora, a vegetação nativa cobre menos da metade do Pampa (48,4%). A pecuária, agricultura e pastagens estão muito presentes no bioma. A pecuária, por sua vez, utiliza 32% da vegetação campestre, mas quase metade do bioma (47,2%) foi substituída pela agricultura, pastagens plantadas ou floresta. Já as áreas voltadas para agricultura e pastagens plantadas somadas cresceram 10,6%, indo de 44 milhões de hectares para 48,6 milhões de hectares.

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Quando o assunto é agricultura e silvicultura também houve aumento de 15,3% no período (cerca de 6,8 milhões de hectares). Mas, o avanço da silvicultura foi menor, ocupando 2,2 milhões de hectares — o que representou um crescimento de 363%. Enquanto a vegetação campestre nativa, caiu de 44 milhões de hectares em 1985 para 35,3 milhões de hectares em 2021.

“Várias pesquisas científicas indicam que o Pampa Sul-Americano é um dos biomas menos protegidos e mais ameaçados do continente, exatamente por conta das grandes taxas de transformação na cobertura e uso da terra e os baixos níveis de conservação de seus ecossistemas naturais”, explica Eduardo Vélez, da equipe do MapBiomas Pampa.

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Brasil teve a maior perda proporcional

Dentre os três países o Brasil teve maior perda proporcional de vegetação campestre, de 3,2 milhões de hectares, valor 65 vezes a área do município de Porto Alegre. Em outras palavras, o ocorrido corresponde a uma perda de 34% da área em 37 anos. Uma das principais justificativas para a perda do bioma é a expansão de áreas agrícolas para plantio de soja, que aumentou 2,6 milhões de hectares entre 1985 e 2021. A silvicultura também teve um aumento (1.640%).

O que é o Pampa Sul-Americano?

O Pampa Sul-Americano corresponde a 6,1% (108,9 milhões de hectares) da América do Sul e está presente no Rio Grande do Sul, todo o Uruguai e Argentina, ao sul do Rio da Prata. A região, com ocupação humana bastante antiga, é casa de três grandes metrópoles: Buenos Aires, Montevidéu e Porto Alegre. A biodiversidade do Pampa se caracteriza por vegetação nativa, chamada de vegetação campestre. As florestas, que são presentes, ocupam uma menor proporção do bioma. O clima da região varia de invernos frios e verões quentes, com chuva em todos os meses do ano.

A produção de gado de corte foi a atividade econômica durante a colonização. Mas o bioma vem sofrendo profundas transformações no uso da terra, especialmente pelo avanço da agricultura de grãos e pela silvicultura. Por esses motivos, os ecossistemas do Pampa estão entre os menos protegidos e mais ameaçados do continente, onde as transformações nos últimos 37 anos alteraram drasticamente a paisagem.

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