ESG

Apoio:

Logo TIM__313x500
logo_unipar_500x313
logo_espro_500x313
ONU_500X313 CBA
ONU_500X313 Afya
ONU_500X313 Pepsico
Logo Lwart

Parceiro institucional:

logo_pacto-global_100x50

O que o aquecimento global tem a ver com o futuro da lagosta? A ciência explica

Especialista francês aponta relação entre aumento de temperatura e estresse nos ecossistemas marinhos, com a diminuição dos nutrientes, o que afeta a produtividade

Efeitos: desoxigenação dos oceanos compromete nutrientes, importantes para a vida marinha (Giordano Cipriani/Getty Images)

Efeitos: desoxigenação dos oceanos compromete nutrientes, importantes para a vida marinha (Giordano Cipriani/Getty Images)

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 7 de dezembro de 2023 às 11h59.

Última atualização em 7 de dezembro de 2023 às 17h22.

O aquecimento global torna os oceanos mais ácidos, menos oxigenados e menos produtivos, trazendo também "estresse aos ecossistemas marinhos", segundo o oceanógrafo e climatologista especialista no fenômeno El Niño, Jérôme Vialard, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento, sediado na França. Veja o que diz o estudioso em entrevista à AFP.

Como explicar os recordes de temperaturas alcançados este ano nos oceanos, com mais de 21ºC em média na superfície durante o verão boreal?

Vialard: Uma parte disso é atribuível ao que ocorre no Pacífico, com o fenômeno El Niño, que corresponde a um aquecimento de grande parte do Pacífico tropical. Entretanto, saímos de três anos de La Niña, que tende a atenuar os efeitos do aquecimento climático, um pouco como uma espécie de (sistema de) climatização. Em 2023, a climatização parou e, além disso, determinamos o aquecimento com o desenvolvimento do El Niño.

Leia também: COP28: o próximo grande evento da agenda climática mundial; tudo que você precisa saber

O El Niño modifica a circulação da atmosfera em escala planetária e aquece áreas distantes. Tipicamente, atingirá o pico em dezembro e durará até a próxima primavera (boreal). Então, é principalmente no próximo ano que veremos os efeitos máximos do El Niño.

A anomalia atual de temperatura não me parece completamente desproporcional. O recorde de temperatura global anterior é de 2016, relacionado ao forte El Niño de 2015-2016. Desde então, continuamos acumulando gases de efeito estufa na atmosfera. Portanto, não é surpreendente que, com o fim da La Niña e o início do El Niño, nos deparamos com um novo recorde de temperatura, muito acima do anterior.

Com o ritmo atual de emissões de gases de efeito estufa (GEE), é quase surpreendente que ainda não tenhamos quebrado um recorde de temperatura global antes. E, na minha opinião, infelizmente, corremos o risco de quebrar um novo recorde no próximo ano.

Podemos falar em aquecimento climático desenfreado?

Vialard: Não há, por enquanto, consenso científico sobre um efeito de desenfreamento do aquecimento climático em escala planetária. O que a ciência diz é que o aquecimento médio do planeta está linearmente associado à quantidade total de CO2 emitido. Uma tonelada a mais de carbono na atmosfera significa um aquecimento adicional. O que precisamos fazer, portanto, é parar de emitir CO2. Temos nosso destino em nossas mãos. Mais do que o sistema climático, o que é preocupante é a inação dos políticos.

Qual é o efeito do aquecimento climático nos oceanos?

Vialard: Há mais acidificação dos oceanos. O dióxido de carbono se dissolve no oceano e aumenta sua acidez. Os corais e os organismos cujo esqueleto é calcário (como ostras, caranguejos e lagostas) sofrerão com isso. Além disso, os gases são menos solúveis em um oceano que está quente: isso significa que há uma desoxigenação dos oceanos.

Em suma, a produtividade dos oceanos diminui porque há menos nutrientes que sobem do oceano profundo. O aquecimento climático penetra lentamente no oceano e aquece primeiro a camada superficial. O oceano superficial se torna então mais leve do que as camadas inferiores, mais frias. É, então, mais difícil misturar essas diferentes camadas.

O problema é que os sais minerais, encontrados nas profundezas, têm mais dificuldade em subir em direção à superfície, onde está a luz. No entanto, esses nutrientes são importantes para o desenvolvimento da vida marinha, do fitoplâncton, que é a base da cadeia alimentar. Isso tem um efeito nos grandes predadores, até mesmo na pesca. Todos esses efeitos gerarão estresse nos ecossistemas marinhos.

Acompanhe tudo sobre:COP28Exame na COP28OceanosMudanças climáticasAquecimento global

Mais de ESG

Brasil na COP29: Alckmin otimista, discurso protocolar e repetido

COP29: 2024 será "uma aula de destruição climática", diz Guterres

Avanço histórico no mercado de caborno marca primeiro dia na COP29

COP29: John Podesta diz que vitória de Trump ameaça avanços, mas luta climatica deve continuar