Na COP28, ministros estrangeiros buscam sinergias, mas os desafios em comum dominam a pauta
Na COP28, representantes dos governos dos Estados Unidos, Eslovênia, Canadá, Emirados Árabes e Reino Unido, abordaram como a descarbonização da indústria tem evoluído dos últimos dois anos
Repórter de ESG
Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 05h47.
De Dubai*
Há um consenso na COP28, a Conferência das Partes sobre Mudanças Climáticas, de que não é possível limitar o aquecimento global em 1.5ºC, como prevê o Acordo de Paris, se os governos não considerarem as emissões de todos os setores industriais -- seja por meio de atividades públicas ou privadas.
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Com essa premissa, representantes dos governos dos Estados Unidos, Eslovênia, Canadá, Emirados Árabes e Reino Unido, abordaram como o tema tem evoluído dos últimos dois anos, desde a Breakthrough Agenda, definida em 2021 na COP26, em Glasgow.
"Muitos países, como o Canadá, têm sofrido com recordes de temperatura, o que nos força a sermos claros nos compromissos e ações. Agora é hora de acelerar o uso da tecnologia para a inovação, ao considerar um futuro ambicioso, que mitiga os impactos negativos das mudanças climáticas", disse Francois Philippe Champagne, ministro da Inovação, Ciência e Indústria do Canadá.
A Breakthrough Agenda, reúne 45 países, que juntos representam mais de 70% do PIB global, e concordaram em rever anualmente os progressos e ações internacionais para acelerar os avanços com base no relatório da Agência Internacional de Energia (AIE), da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA) e dos Campeões de Alto Nível da ONU.
Na COP27, em Sharm el-Sheik, no Egito, os países responderam com um pacote de 28 ações para descarbonizar os setores de energia, transportes rodoviários, aço, hidrogênio e agricultura. "Estamos cumprindo a intenção inicial da agenda, que é a união dos países para a elaboração de documentos que nos permita evoluir em cada COP", afirmou Abdullah Al Shami, vice-secretário de crescimento industrial dos Emirados Árabes Unidos.
Para o embaixador do clima na França, Stephane Crouzat, a agenda de descarbonização não avançará sem o engajamento do setor industrial. "Estamos falando da construção de uma agenda que tem muito valor para os negócios e ara os investidores. Hoje, mais da metade das emissões de gases de efeito estufa são do setor de energia, por exemplo. Assim, ter uma colaboração internacional para a descarbonização é fundamental e urgente".
A mudança depende não só do desenvolvimento de tecnologias, mas também do preço acessível de utilização. Nos Estados Unidos, por exemplo, há um esforço para que o hidrogênio verde custe 1 dólar por quilograma, de acordo com Dave Turk, vice-secretário do Departamento de Energia dos Estados Unidos.
"Se tivermos sucesso nisto, conseguiremos a ampliação de fornecedores e da demanda. O hidrogênio verde, particularmente, é algo que ocupa um tempo nos meus pensamentos. Temos 7 bilhões de dólares investidos nos primeiroscentros de hidrogênio verde do país e um valor, em média, de 3 dólares por quilograma, o que ainda não é suficiente para a escalabilidade", afirmou.
De acordo com Turk, espera-se que os centros produzam três milhões de toneladas de hidrogênio verde anualmente, atingindo quase um terço da meta de produção dos Estados Unidos para 2030, e reduzindo as emissões de setores industriais 'difíceis de descarbonizar', que representam 30% do total de emissões de carbono no país.
Para além do desenvolvimento de tecnologias, uma discussão que toma força desde a COP em Glasgow, em 2021, é o de mecanismos para a regulação do mercado de carbono. "Temos progresso no setor, mas ainda há desafios na transparência sobre como os créditos de carbono são negociados. A Breakthrough Agenda nos ajuda a olhar para o desenvolvimento ano a ano e, com isto, podemos desenvolver os detalhes que faltam para ganharmos escala", disse Uros Vajgt, secretário de estado da Eslovênia.
Por fim, Graham Stuart, ministro do clima do Reino Unido, utiliza como exemplo de sinergia entre países a colaboração entre França e Marrocos para o desenvolvimento de um plano de construção de edifícios com emissões quase nulas até 2030.
"Ambos países estão nos mostrando como é possível mudar um setor industrial a partir da coordenação e união. Penso que este é o caminho para desbloquearmos mais agendas em outros países. No Reino Unido, por exemplo, estamos trabalhando, inicialmente, com 200 milhões de libras para a descarbonização no setor de transportes", afirmou. Em relação ao setor de construção, a Agência Internacional de Energia estima que a eficiência energética em construções de edifícios pode reduzir 6.1 gigatones de emissões até 2050.