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Greta volta à escola depois de 1 ano. O planeta, porém, segue aquecendo

A ativista deixa marcas profundas na sociedade com seu protesto pelo clima, que influenciou milhões de jovens. A cobrança aos políticos continua

Greta Thunberg se tornou a voz de uma geração que está preocupada com o planeta. Seu protesto solitário iniciou um movimento global de cobrança por ações para conter o aquecimento global (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
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Rodrigo Caetano

Publicado em 25 de agosto de 2020 às 10h36.

Última atualização em 25 de agosto de 2020 às 10h40.

A sueca Greta Thunberg está de volta à escola depois de um período sabático. Nos últimos dois anos, a menina de 17 anos emergiu como a voz de uma geração que está preocupada com o planeta. Ontem, ela tuitou que seu “ano de folga” havia acabado, junto com uma foto em que aparece de mochila nas costas. “É tão bom finalmente estar de volta à escola”, escreveu.

Greta ganhou notoriedade mundial de forma meteórica. Seu protesto solitário começou em agosto de 2018. Toda sexta-feira, ela faltava à escola e se dirigia para o parlamento sueco, em Estocolmo, com um cartaz escrito “greve escolar pelo clima ”. A história logo se espalhou pelas redes sociais.

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Em dezembro, ela fez um discurso durante a Cop24, em Katowice, na Polônia. A imagem da pequena garota cobrando impiedosamente as autoridades fortaleceu ainda mais sua influência. Milhares de jovens ao redor do mundo seguiram seu exemplo.

No dia 20 de setembro do ano passado, mais de 4 milhões de pessoas aderiram a uma greve global, convocada pela internet, na maior manifestação pelo clima da história. Ao mesmo tempo, sua ousadia irritou líderes como Donald Trump, que sugeriu que ela se acalmasse, e Jair Bolsonaro, que a chamou de pirralha.

A sua “folga”, na realidade, foi cheia de trabalho. Nos últimos 12 meses, Greta discursou no Fórum Econômico Mundial, em Davos, na COP25, em Madri, e continuou cobrando impiedosamente os políticos do momento. Na semana passada, em encontro com a chanceler alemã, Angela Merkel, na semana passada, ela pediu que Merkel saísse de sua "zona de conforto" e acelerasse a ação para combater a emergência climática.

Inspirados por Greta, os jovens estão mais confiantes. Eles se organizam em grupos locais, que se comunicam por meio de uma rede global conectados ao Fridays for Future, movimento formado a partir das greves de Thunberg. A demanda principal dos ativistas é por ação. Eles querem acelerar a transição para uma economia de baixo carbono, colocando um fim em todos os novos projetos de exploração de combustíveis fósseis. Adicionalmente, pedem a inclusão de pautas sociais nas discussões climáticas e que as vozes dos povos originários e indígenas sejam ouvidas e levadas em consideração nas tomadas de decisão.

Para isso, entendem que os governos precisam de uma postura proativa na resolução dos problemas, com compromissos mais ambiciosos de redução de emissões e colocando em prática o que foi definido no Acordo de Paris.

Em parte, os protestos já deram algum resultado, especialmente na Europa. O plano de recuperação do continente, que totaliza mais de 700 bilhões de euros, reserva ao menos 400 bilhões para o incentivo a tecnologias que reduzem as emissões de carbono. O planeta, no entanto, está longe de uma condição confortável em termos de aquecimento.

O clima, este ano, está especialmente instável. Na Rússia, a região ártica da Sibéria, por exemplo, registrou temperaturas em torno de 38 graus Celsius. Na Noruega, o arquipélago de Svalbard, também no ártico, registrou as temperaturas mais altas em mais de 40 anos, acima de 20 graus Célsius.

Sem contar os estragos históricos do aquecimento global. No Peru, mais da metade das geleiras derreteram, nos últimos 50 anos. Um estudo publicado na revista científica Nature Communications Earth & Environment aponta que as camadas de gelo da Groenlândia encolheram a um ponto irreversível. E, no Ártico, a camada de gelo está derretendo mais rápido do que os modelos teóricos atuais preveem, alertaram pesquisadores da Universidade de Copenhague.

Com tudo isso, é provável que mais jovens sejam incentivados a protestar pelo clima. Afinal, são as próximas gerações que vão acabar pagando a conta da irresponsabilidade dos adultos.

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