ESG

Fernando de Noronha terá primeiro laboratório de economia circular do país

Projeto da Ball, líder mundial em embalagens de alumínio, prevê que espaço seja usado para desenvolvimento de novas tecnologias e centralização da coleta de latas

Lab VADELATA Pelo Planeta: espaço será usando como ponto de coleta, palestras e base para pesquisas (Ball/Divulgação)

Lab VADELATA Pelo Planeta: espaço será usando como ponto de coleta, palestras e base para pesquisas (Ball/Divulgação)

Fernando de Noronha, arquipélago que abriga belezas naturais de tirar o fôlego, como a Baia do Sancho, considerada uma das 25 praias mais bonitas do mundo, tem um grande desafio pela frente: zerar suas emissões de carbono até 2030.

Os primeiros passos já foram dados com medidas como um decreto-lei que prevê apenas a entrada de carros elétricos no arquipélago a partir de 2022 – e a retirada de todos os veículos movidos a gasolina, álcool e diesel até 2030.

O arquipélago também recebeu recentemente o primeiro voo no país a compensar 100% da emissão de carbono; e o título de pioneiro na proibição da entrada de plástico descartável em seu território.

Mas os desafios não param por aí. Os custos de Fernando de Noronha com a gestão e o transporte de resíduos sólidos giram em torno de 1 milhão de reis por mês. A boa notícia é que esse cenário pode começar a mudar com o lançamento do primeiro laboratório de economia circular do país.

Um ponto de reciclagem (e reflexão)

Anunciado pela Ball Corporation – líder mundial de embalagens sustentáveis de alumínio –, o Lab VADELATA Pelo Planeta terá 400 metros quadrados e será usando tanto para cursos, palestras e exposições, como para base de pesquisas.

Entre as oportunidades já identificadas estão uma turbina eólica de baixa velocidade cujas pás não colocariam em risco a fauna; e uma bateria de hidrogênio que, ao invés de lítio, um metal raro, utiliza ferro e hidrogênio em sua composição. “Será que podemos usar essas tecnologias? Essa é uma pergunta que o laboratório vai tentar responder”, diz Estevão Braga, Head de Sustentabilidade da Ball América do Sul.

O caminho da lata

Com entrega prevista para o segundo semestre do ano que vem, o laboratório também vai funcionar como ponto de coleta e pré-processamento de latas. A expectativa é reciclar 50 toneladas de alumínio no primeiro ano pós-pandemia.

Para tornar isso possível, o projeto prevê a instalação de pontos de entrega voluntária tanto para consumidores como bares, hotéis e restaurantes; agendamento de coleta por aplicativo; e o uso de ecobags retornáveis e veículos elétricos para o transporte das latas até o lab, onde elas serão limpas e prensadas.

Depois de uma parada na planta da Ball em Recife, o material segue para São Paulo, onde fica o centro de reciclagem da Novelis, co-patrocinadora do projeto ao lado da AMA, água mineral da Ambev; e da Minalba. No local, o alumínio será 100% reaproveitado e transformado em bobinas que darão origem a novas latas que estarão nas prateleiras dos supermercados em até 60 dias.

Braga explica que a Ball vai comprar o alumínio coletado do consórcio Noronha Pelo Planeta, parceiro da companhia nesse projeto, permitindo que o recurso captado seja reinvestido em ações socioambientais.

“Reduzir a quantidade de recursos gastos na gestão de resíduos sólidos é tirar da conta da administração pública esse custo e fazer não só com que a ilha use cada vez menos plástico, como possibilitar esses recursos sejam reinvestidos na própria ilha”, diz Braga. “Quanto mais alumínio as famílias, os bares e os restaurantes utilizarem, mais benefícios terão de volta."

Inauguração do início das obras do 1º Laboratório de Economia Circular do País em Fernando de Noronha (Ball)

Projetos sociais

Na mesma ocasião em que anunciou o início das obras do lab, no início de outubro, a Ball deu continuidade a projetos socioeducacionais que desenvolve em Noronha, entre eles a entrega de um parquinho infantil na creche Bem-Me-Quer, a reforma de um laboratório de ciências e a inauguração de uma biblioteca com mais de mil exemplares de livros, ambos na escola EREFEM.

A empresa também celebrou a abertura da exposição Através da Lente, fruto de um outro trabalho social que desperta o olhar dos jovens para o ambiente em seu entorno, oferecendo a eles capacitação em artes e fotografia.

Reinauguração do laboratório de ciências da escola EREFEM: projeto é uma das iniciativas da Ball no arquipélago (Ball)

VADELATA: o alumínio na COP26

O exemplo brasileiro de reciclagem de latas de alumínio para bebidas foi um dos cases apresentados no pavilhão Brasil-Glasgow, na COP26 no dia 4 de novembro. O país registra uma das maiores taxas de reciclagem de alumínio do mundo (em torno de 97,4%), gerando renda mais de 800.000 catadores. “Essa taxa está acima dos 95% desde 2004. Eu brinco que a gente cumpre a Política Nacional de Resíduo Sólido antes mesmo dela existir”, diz Braga.

O executivo destaca que a reciclagem de lata de alumínio reduz em 4% as emissões de gases do efeito estufa de todo o setor industrial de metais do Brasil. O desafio agora, é conscientizar as pessoas sobre a importância do consumo consciente.

Água em lata: expectativa da Ball é reciclar 50 toneladas de alumínio no primeiro ano pós-pandemia (Ball)

A Terra no limite

De acordo com o Earth Overshoot Day, iniciativa que marca a data em que a demanda da humanidade por recursos e serviços ecológicos em um determinado ano excede o que a Terra é capaz de regenerar, caiu para 29 de julho este ano.

“Tudo aquilo que a gente consumiu depois dessa data entrou o que a gente chama de ‘cheque especial planetário’. A gente consome mais recursos do que a capacidade do planeta e, pior, joga boa parte do que produzo fora”, alerta Braga. 

Com mais de 21.500 colaboradores pelo mundo e 15 fábricas distribuídas entre Brasil, Chile, Argentina e Paraguai, a Ball pretende mudar esse cenário. E a escolha por Noronha não foi à toa.

“Queremos colaborar com o esforço da ilha para construir um espaço de convivência sustentável e que pode funcionar como uma experiência de um modelo de vida mais amigo do meio ambiente não só para moradores, mas para turistas que frequentam e  poderão levar esse aprendizado para suas casas”, explica Fauze Villatoro, vice-presidente comercial e de sustentabilidade da Ball para a América Latina. “Ao formar uma rede de consumo consciente, podemos avançar como um planeta cada vez mais sustentável.”

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