Economia circular pode gerar ganho de US$ 108 bilhões para a economia global até 2050
Relatório da ONU aponta que gastos com o lixo podem cair de 640 bilhões para 270 bilhões de dólares até 2050, além de gerar um ganho de 108 bilhões de dólares para a economia global
Repórter de ESG
Publicado em 7 de março de 2024 às 07h00.
Sem medidas de proteção, o custo global para gerir resíduos sólidos nas cidades pode chegar a 640,3 bilhões de dólares até 2050, aponta o relatório “Global Waste Management Outlook” (Perspectiva Global de Gerenciamento de Recursos, em tradução livre) feito pela ONU e a International Solid Waste, organização sediada na Holanda que promove estudos e pesquisas sobre o setor de resíduos.
Os pesquisadores testaram cenários e avaliaram que, com medidas de controle na geração de lixo, o custo com os resíduos em 2050 poderia cair de 640,3 bilhões para $ 270,2 bilhões de dólares. Com a implementação da circularidade, modelo que aumenta a vida útil dos itens produzidos, a economia global poderia ter ganho de 108,1 bilhões de dólares.
A pesquisa aponta que sem medidas eficazes, a produção global de resíduos chegará a 3,78 bilhões de toneladas em 2050. Em 2020, o total de resíduos gerados foi de 2,12 bilhões de toneladas, o que representaria uma alta de 56%.
O relatório da ONU aponta que, além de gerar custos econômicos, a alta geração de lixo, seu transporte e processamento impactam as mudanças climáticas com a alta geração de gases de efeito estufa. O descarte incorreto do resíduo causa perda da biodiversidade, uma vez que a contaminação com o solo pode prejudicar a fauna e flora, podendo criar efeito até mesmo nas comunidades locais.
Com o ritmo atual da geração de lixo, os efeitos ambientais e climáticos em 2050 afetariam fortemente a qualidade de vida e saúde da população, com uma alta de 91% nas emissões de gases de efeito estufa. Considerando uma geração de resíduos controlada, a queda nas emissões seria de 69%, taxa que pode chegar a -159% com a implementação da economia circular.
Cenário na América do Sul
Em 2020, cerca de 5% da produção de lixo na América do Sul era destinada para reciclagem. Mais de 60% do resíduo era destinado para aterros. O restante entra na categoria incontrolada, quando os resíduos são incinerados. Em outras regiões, como na Europa, a destinação do lixo para a reciclagem é superior a 40%. Segundo o relatório, a reciclagem ainda não é o melhor cenário para a gestão dos resíduos. “É melhor evitar o desperdício ao prevenir sua produção em primeiro lugar”, consta na pesquisa.As usinas de Waste-To-Energy, método em que o incineramento do lixo gera energia elétrica, já é utilizado em larga escala em países europeus e asiáticos com maior industrialização: cerca de 42% do lixo gerado no norte da Europa já é transformado em energia por meio da incineração. O processo ainda não chegou na América do Sul, no entanto.
Barreiras para a solução
Segundo o relatório, a falta de reconhecimento sobre a urgência do problema na geração de lixo é um dos principais impedimentos dos líderes mundiais para agir por uma solução. “A gestão dos resíduos costuma recair sobre a gestão dos municípios, mas os governos estaduais e federais não tomam ações pela redução desse resíduo gerado todos os dias”, afirma a pesquisa.
Segundo a pesquisa, faltam dados, financiamento e conhecimento para alavancar a agenda da circularidade e da relação dos resíduos nas mudanças climáticas. “Caminhar para uma economia circular e com uma abordagem de zero-desperdício é o único caminho para um futuro sustentável, seguro e acessível”, aponta a pesquisa.
A pesquisa completa pode ser acessada, em inglês, neste link.