COP28: após convite ao Brasil, Opep pressiona países a não apoiarem acordo contra energia fóssil
Carta da organização diz que restrições aprovadas na conferência colocariam em risco "a prosperidade e o futuro de nossos povos”
Publicado em 8 de dezembro de 2023 às 18h03.
Última atualização em 8 de dezembro de 2023 às 18h18.
O secretário-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo ( Opep ) instou os integrantes do cartel a rejeitar qualquer acordo na cúpula do clima da ONU, em Dubai, contrário aos combustíveis fósseis, segundo uma carta à qual a AFP teve acesso nesta sexta-feira, 8.
No texto enviado na quarta-feira, 6, Haitham Al Ghais afirma que "a pressão indevida e desproporcional contra os combustíveis fósseis pode alcançar um ponto de inflexão com consequências irreversíveis " na COP28.
"O projeto de decisão ainda contém opções para eliminar gradualmente os combustíveis fósseis", disse Al Ghais, acrescentando que escreve o texto "com senso de extrema urgência".
"Apesar de os países-membros" e seus associados "levarem a sério a mudança climática [...], seria inaceitável que campanhas com motivações políticas coloquem em perigo a prosperidade e o futuro de nossos povos", continua a carta.
Consultada pela AFP, a Opep não respondeu de imediato.
A carta está dirigida aos 13 integrantes da Opep, entre eles Iraque, Irã, Emirados Árabes Unidos, que preside a conferência climática das Nações Unidas deste ano, e Arábia Saudita, que lidera o movimento de oposição ao abandono dos combustíveis fósseis.
A correspondência também foi enviada a dez países associados, como México, Azerbaijão, Rússia e Malásia, todos presentes em Dubai.
A presidência da COP28 está nas mãos do chefe da companhia petrolífera emiradense, Sultan Al Jaber.
Brasil, o novo agregado à Opep+
A confirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que o Brasil vai participar do grupo Opep+, aceitando convite da organização, foi uma espécie de "cavalo de pau" do país durante a COP28, que se coloca como uma das principais lideranças globais pelo avanço das energias limpas.
A Opep+ funciona como um grupo expandido que agrega os 13 membros da Opep mais dez países. Os aliados (entre eles, a Rússia) contribuem com iniciativas da Opep, mas não têm direito a voto na organização.
Lula, em declaração no sábado, 2, preferiu dar sinais de que o país vai manter distância e que não vai "apitar nada" nas decisões do bloco.
O argumento do presidente brasileiro foi de que a participação do país no grupo é importante para convencer países produtores de petróleo a reduzir a exploração de combustíveis fósseis.