ESG

BlackRocks: os resultados dos programas de aceleração de empreendedores negros

A BlackRocks divulga os resultados das três edições do programa em parceria com o BTG Pactual. Empreendedores da TeamHub, Trampay, Rise Go e OnePercent compartilham suas trajetórias

Maitê Lourenço, fundadora da BlackRocks (Germano Lüders/Exame)

Maitê Lourenço, fundadora da BlackRocks (Germano Lüders/Exame)

Marina Filippe

Marina Filippe

Publicado em 22 de dezembro de 2022 às 08h01.

Quando criou a BlackRocks em 2017, a psicóloga Maitê Lourenço tinha um objetivo claro: promover a ascensão de pessoas negras na tecnologia. Desde então, ela estruturou alguns programas de aceleração, sendo o maior deles o Grow Startups. "Foi uma construção desenvolvida desde 2018. Dois anos depois, estruturamos um programa robusto e apresentamos para o BTG Pactual (do mesmo grupo controlador que a EXAME) que topou na hora ser patrocinador das três edições que realizamos em dois anos", afirma.

Nas edições, as 24 selecionadas receberam capacitações, mentorias e networking com os parceiros. "A cada necessidade do grupo de startups nós fomos adaptando o programa, gerando um processo de transformação das startups que entravam, em sua maioria, com ideia e saiam com fundadores e time conscientes das etapas que precisariam passar para alcançar o sucesso no negócio", afirma Maitê.

Agora, a BlackRocks apresenta resultados consolidados das três edições.

  • Das aceleradas, 62,5% têm mulheres na liderança;
  • 79,2% tiveram aumento de faturamento após o programa;
  • 35 mil reais é a média do faturamento em 2022;
  • Juntas, mais de 10 milhões em investimentos foram alcançados;

"O empreendedorismo é uma das causas que o BTG Pactual apoia e, fomentar startups lideradas por pessoas negras, fortalece nosso apoio a causa da Diversidade. A BlackRocks faz um trabalho extremamente importante em fazer toda curadoria e formação dessas lideranças, dando acesso a oportunidades para que os negócios cresçam. Em três edições, além do recurso financeiro, colaboradores BTG atuaram em mentorias e foi uma oportunidade gratificante ajudarmos e aprendermos junto com os empreendedores", diz Martha Leonardis, sócia e Head da área de Responsabilidade Social do BTG Pactual.

Conheça algumas das aceleradas:

TeamHub

Fundada por Tatiana Santarelli, a TeamHub é uma startup que mapeia a cultura e o ambiente das empresa. "Fundei a startup em 2018 quando pude testar o modelo com empresas nas quais eu fazia consultoria. Já no ano seguinte conseguimos destaques como o selo Top Empresas Humanizadas, o que indicou estar no caminho certo", diz Tatiana.

Já no segundo semestre de 2021, a TeamHub passou pelo processo de aceleração da BlackRocks. "Estar no programa naquele momento fez diferença. Tive acesso direto a força da Maitê Lourenço e estar num ambiente no qual a gente pode se aquilombar. Me senti muito fortalecida por estar em contato com outros empreendedores negros".

Segundo a executiva, o processo foi importante para entender desafios coletivos dos empreendedores. "Não fui investida por um parceiro da BlackRocks, mas o programa valeu muito por questões pessoais e do negócio". A TeamHub, que tem 12 funcionários entre diretos e indiretos, e está sediada em Belo Horizonte, também passou por outros processos, como o de investimentos do Nubank, chamado Semente Preta.

Para o ano que vem, a empresa está desenvolvendo a versão 2.0 da plataforma. "Hoje nos posicionamos como um software e, no próximo ano, seremos uma plataforma para conectar todos os aspectos da cultura com os resultados de negócios".

Trampay

Em 2020, Jorge Junior iniciou sua jornada de empreendedor. Com a Trampay, o objetivo era oferecer serviços e vantagens para profissionais informais. Mas, os primeiros meses foram difíceis para a estruturação do negócio. "Em outubro de 2020 tivemos, com a BlackRocks, nosso primeiro sim. Se isto não tivesse acontecido, iríamos desistir. A partir dali estruturamos mais o modelo de negócio e as perspectivas como startup".

No programa, entre as boas oportunidade, houve conversas como executivos de empresas como o BTG Pactual. "Entendemos como funciona a rotina de um banco e como um produto pode ser competitivo e observado para uma instituição financeira", diz Jorge. Com isto, hoje a startup tem um modelo de negócio que oferece crédito e conta bancária para profissionais como motoristas de aplicativo e entregadores.

Hoje a Trampay opera em 220 municípios, de 21 estados, e já movimentou quase 50 milhões de reais. "Temos por volta 7.000 correntistas, e já fizemos mais de 140 mil transações dentro do aplicativo Já na perspectiva de crédito, foram 3 milhões de reais entregues em quatro meses", afirma Jorge. Entre os investimentos, a Trampay recebeu um pré-seed de
R$200mil de investidores-anjos e fechou uma parceria com o Gaia Securitizadora.

Rise Go

Após ser funcionário do Banco do Brasil, onde teve uma ideia de projeto big data, Valdirei Matias resolveu seguir com o tema fora da companhia. "A tecnologia foi testada no banco, mas ainda mais desenvolvida na cadeia do leite, que é bastante complexa", afirma. Na prática, o com a Rise Go, fundada em 2019, Matias consegue coletar dados que melhoram a cadeia leiteira a partir de economia e produtividade.

No Grow Startups, o empreendedor teve mentoria e contato com outras empresas. "Já tínhamos quatro anos de pesquisa e dados que comprovam a efetividade do negócio. Este momento foi bom para entender como podemos captar investidores". Agora, a startup acaba de fechar um contrato com a Bosch para big data em tanques de combustíveis de caminhões e aviões.

OnePercent

Em 2017, Fausto Vanin mergulhou no mundo das criptomoedas e passou a atuar como professor da área. De uma das turmas, nasceu a OnePercent. Desde então, a companhia já desenvolveu projetos em parceria com Volkswagen, Grupo Boticário e Grendene, além de ter tido sociedade por cerca de dois anos com a Moss.

"Nos últimos anos tivemos bons resultados. A expectativa agora é focar em ativos tokenizados que geram engajamento e boa relação entre quem cria o conteúdo e quem consome. Outra questão é fortalecer o pilar do mercado financeiro e o contexto regulatório", diz Fausto.

Em relação a participação no Grow Startups, Fausto afirma que a participação foi por conta da proposta de crescimento para empreendedores negros. "Sou o único sócio negro da OnePercent e vi muito valor no programa. Ouvir os desafios dos outros afroempreendedores foi muito importante".

Para Maite Lourenço, da BlackRocks, o sucesso das edições tem relação com o encorajamento dos empreendedores. "Acredito que a importância de do programa para os negócios seja decodificar o mercado, entender suas necessidades e principalmente saber dizer não para o que é oferecido e muitas vezes não condiz com o objetivo do negócio e seu futuro. Aqui encorajamos os empreendedores a serem protagonistas nas tomadas de decisões e sabemos o quanto isso é importante para um bom líder e para o avanço de bons negócios".

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